Diário do Alentejo

Jerónimo de Sousa alerta para “situação dramática” em Sines

22 de maio 2020 - 08:45

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, alertou para “a situação dramática” em que vivem muitos trabalhadores do complexo industrial de Sines, no distrito de Setúbal, que devido aos vínculos precários perderam o emprego.

 

O líder dos comunistas falava aos jornalistas à margem de uma manifestação pelo emprego e contra a precariedade, que se realizou em Sines, onde demonstrou a sua “solidariedade para com os trabalhadores”, em particular, os prestadores de serviços, no setor da manutenção, na refinaria de Sines da Petrogal.

 

“Deixar trabalhadores sem empregos, sem salários e sem direitos numa empresa como a Petrogal, que vai continuar a necessitar de reparação, de revisão e de material, e recorrendo a empresa de trabalho temporário, fazer uma limpeza geral com todas as consequências sociais e laborais que tem uma medida desta natureza”, criticou.

 

Jerónimo de Sousa pediu a intervenção da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), “para verificar não só da legalidade, mas da moralidade de uma empresa desta envergadura que usa estes subterfúgios, através de uma empresa de trabalho temporário, para afastar muitos trabalhadores”.

 

“É inaceitável, é da dignidade do trabalho e da vida de quem trabalha que estamos a tratar e por isso merecem a nossa profunda solidariedade”.

 

A Marcha pelo Emprego, que reuniu cerca de 300 pessoas, foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE-Sul), que exige “a readmissão de todos os trabalhadores despedidos, o fim da precariedade e a passagem dos trabalhadores a efetivos nas várias empresas".

 

O SITE-Sul defende ainda que "a cada posto de trabalho permanente, deve corresponder um posto de trabalho efetivo" garantindo estabilidade no emprego e que "deve ser dada preferência aos trabalhadores locais" no momento da admissão. A atribuição do subsídio de desemprego para todos os trabalhadores sem qualquer exceção e o a atualização do valor hora pago a cada trabalhador para 21 euros, são outras das reivindicações do sindicato.

 

Também presente no protesto, a secretária-geral da CGTP disse que “as opções que têm sido tomadas pelo Governo não garantem o emprego e os direitos dos trabalhadores”, alertando para o perigo dos vínculos precários em plena crise de covid-19. “Nesta altura em que o desemprego, a quebra de retribuições dos trabalhadores, o 'lay-off' é tão intenso e tão forte, e as opções que têm sido tomadas pelo Governo não garantem o emprego, os salários, a saúde e os direitos dos trabalhadores, é importante que haja ação e luta”.

 

Para Isabel Camarinha, “há o vírus da covid e há o vírus do ataque aos direitos aos trabalhadores, da exploração que está a aumentar ainda mais nesta situação”. De acordo com a líder da CGTP, “o desemprego já afeta quase 400 mil trabalhadores”, e “só neste período do surto epidémico já foram inscritos mais de 100 mil trabalhadores” nos centros de emprego, sendo que “mais de metade destes tinham vínculos precários”.

 

“Exigimos desde sempre que fossem proibidos todos os despedimentos, fossem trabalhadores efetivos ou com vínculos precários e era assim que garantíamos que não íamos ao fundo, que não entravamos nesta crise económica e social em que já estamos mergulhados e não haveria tantas empresas a encerrar”, frisou.

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