Apresentam-se, a seguir, alguns dos subtítulos pertencentes a um e a outro capítulo.
Símbolos nacionais
Data de 1911, em plena Primeira República, o decreto que regulamenta a legislação portuguesa no que concerne às insígnias nacionais, o qual faz referência a ramos de loureiro: “Nos sellos, moedas e mais emblemas officiaes, a esfera armilar será sempre rodeada pelas duas vergônteas de louro, com as hastes ligadas por um laço (…) ”. Já o cravo, um símbolo de casamento nos Países Baixos, durante o Renascimento, de Cristo e amor maternal, na arte cristã, ficará para sempre ligado à Revolução de Abril, também conhecida pela Revolução dos Cravos. Mais recentemente, em 2011, a Assembleia da República deliberou “instituir o sobreiro como árvore nacional de Portugal”, pelo seu valor simbólico, histórico, ecológico e económico.
Simbologia religiosa
Na arte sacra, a representação simbólica de plantas pode ser facilmente encontrada em igrejas e museus portugueses. No entanto, a simbologia de uma mesma planta deve ser interpretada à luz de diferentes códigos, podendo a sua presença adquirir diferentes significados: “Veja-se, por exemplo, a maçã, que simboliza o Pecado, se estiver nas mãos de Adão ou de Eva; ou a Redenção, se for oferecida a Jesus e por Ele aceite”. Outro exemplo desta simbologia religiosa é a data do calendário litúrgico conhecida como Quinta-Feira da Ascensão, que ocorre 40 dias após a Páscoa e celebra a ascensão de Jesus ao Céu. Neste dia, também conhecido como Dia da Espiga, em que 30 municípios portugueses comemoram anualmente o seu feriado municipal, tal como Beja, Alvito e Vidigueira, vai-se ao campo, no auge da primavera, colher a “espiga”. Um ramo constituído “por espigas de trigo, ramos de oliveira, alecrim, papoilas, malmequeres brancos e amarelos que simbolizam, respetivamente, o pão, a paz, o azeite, a saúde, o amor, a prata e o ouro, que se guardará até ao ano seguinte, na cozinha, na sala, atrás de uma porta ou junto ao oratório”. O autor refere ainda que o Dia da Espiga ainda é considerado, em algumas regiões de Portugal, como o mais “santo do ano”, aquele a partir do qual as plantas têm mais virtudes, ou seja, maior poder.
Festas e romarias
No início do mês de maio comemora-se a Festa das Maias em várias localidades do País. “No Alentejo, as maias são jovens vestidas de branco, com rosa vestidas às vestes, coroadas com grinaldas de flores que sentadas em tronos públicos, esperam uma dádiva dos transeuntes”. Uma tradição milenar comemorativa da primavera e que em Beja foi revitalizada, desde 1985, pela Associação para a Defesa do Património Cultural da Região de Beja.
Lendas
“As lendas, fecundíssimo património da memória coletiva dos portugueses, têm nas plantas um elemento importante das suas narrativas”, escreve Luís Mendonça de Carvalho, referindo como um dos exemplos a lenda das Amendoeiras, que conta a história de uma princesa que, do norte da Europa, veio para Silves, à data capital do Algarve, para se casar com um rei Mouro: “(…) Mas a jovem foi tomada pela melancolia e saudade da sua antiga pátria, coberta de neve. Então o monarca ordenou que, em todo o reino do Algarve, se fizessem plantações de amendoeiras para que, no princípio da primavera, os campos se cobrissem de branco, evocando a terra natal da jovem rainha, que, ao vê-los, se encheu de alegria”.
Cante
O cante alentejano é um dos exemplos, no livro apresentados, de formas de expressão musical portuguesas que “aludem frequentemente à natureza, ao mundo rural e às plantas”, como nestes versos de uma moda tradicional: “Fui colher uma romã/Estava madura no ramo/Fui encontrar no jardim/Aquela mulher que eu amo”.
Bordados de castanho
Embora o cultivo de castanheiros, em Marvão, Portalegre, seja secular, a origem dos bordados de castanho remonta ao início do seculo XX. O bordado inicia-se transferindo para o tecido de linho o desenho pretendido. As cascas das castanhas são humedecidas e posteriormente cortadas com a forma de pétalas e folhas. Depois, são cozidas ao linho, procurando fazer-se um contraste entre a parte exterior e interior da casca, com diferentes tons de castanho.
Artefactos de cortiça No Alentejo, os mais representativos objetos tradicionais de cortiça são o tarro, recipiente que servia para conservar a temperatura das refeições que se consumiam no campo, e o cocharro, colher com a qual se bebia água, a das fontes e também a dos cântaros transportados pelos aguadeiros que serviam os trabalhadores rurais durante as várias atividades agrícolas.