Voltando ao percurso do jornal neste período acidentado: em 19 de outubro de 1981 é publicado outro número, igualmente para garantir o título. José Moedas explica em editorial que aos esforços e ao entusiasmo para fazer ressurgir o “Diário do Alentejo” opunham-se entraves burocráticos e técnicos. E confirmava que as câmaras do distrito, constituídas em associação para o efeito, trabalhavam afincadamente para retomar a publicação desta “voz democrática da imprensa alentejana”.
A 27 de fevereiro de 1982 sai mais um número, em que se anuncia para breve o reinício da publicação do “Diário do Alentejo” mas “como bissemanário”. José Moedas defende a edição diária e anuncia o seu afastamento da direção do jornal, assegurando que ficaria à margem do processo – “nunca, porém, na outra margem”. Continuou a escrever no jornal até inícios dos anos Noventa.
O número 1 da II Série do “Diário do Alentejo” sai, finalmente, a 25 de abril de 1982, como semanário, dirigido pelo médico Jorge Guedes Campos, de 35 anos, nascido em Moçambique e que trabalhava no hospital de Beja. No seu primeiro editorial, definiu os propósitos do projeto: “Queremos um jornal que defenda o desenvolvimento e progresso da nossa região, servindo de um modo objectivo e sério os interesses económico-sociais do povo alentejano”.
A nova vida do “Diário do Alentejo”, como jornal público, propriedade dos municípios baixo-alentejanos, com uma edição semanal, regularíssima, prolongou-se até hoje, com 1936 números publicados em 37 anos. Com diferentes diretores: Jorge Guedes Campos (25 de abril de 1982-21 de junho de 1985); João Paulo Velez (28 de junho de 1985-29 de setembro de 1989); António Alexandre Raposo (6 de outubro de 1989-18 de julho de 1997); Carlos Lopes Pereira (25 de julho de 1997-20 de setembro de 2002); António José Brito (27 de setembro de 2002-16 de dezembro de 2005); Francisco do Ó Pacheco (23 de dezembro de 2005-4 de janeiro de 2008); João Matias (11 de janeiro de 2008-31 de janeiro de 2010; Paulo Barriga (7 de janeiro de 2011-25 de janeiro de 2019), e Luís Godinho, desde 1 de fevereiro de 2019. Todos eles contribuíram com o seu saber, a sua experiência, o seu trabalho, para modernizar e valorizar o “Diário do Alentejo”, alargando e consolidando o seu prestígio.
Em 25 de janeiro de 2008, o jornal, com mais páginas e cor, deixou de fazer-se na sua tipografia e passou a ser impresso numa gráfica externa. A velha tipografia do “Diário do Alentejo”, modernizada pela AMDB no início da década de 80 do século passado, fechou pouco tempo depois. Nesta etapa como jornal propriedade dos municípios, com momentos e condições diferenciados, contando para a sua modernização com o apoio de autarcas da região, dos leitores e dos anunciantes, foram os trabalhadores – jornalistas, fotógrafos, gráficos, paginadores, tipógrafos, informáticos, administrativos – os grandes construtores da história do “Diário do Alentejo”.
Este seu longo passado não obscurece, antes ilumina e valoriza, o insubstituível papel do “Diário do Alentejo”, hoje e no futuro, como meio público de informação, uma voz democrática em defesa do desenvolvimento regional e do progresso social da região e do País.
Sobre a fundação do DA ler o artigo "Os primeiros anos de um jornal anti-situacionista"