Diário do Alentejo

“Inspiro-me na vida e na intransigente defesa da liberdade”

10 de janeiro 2021 - 00:00

José Nogueira Pardal acaba de publicar “(E)Terno Desvario”. Nasceu em Aljustrel em 1938 e ali viveu até finais da década de 50. Muito novo, já fazia teatro amador e declamava versos simples para os amigos.

 

Texto Carlos Lopes Pereira

 

Em 1958, a estudar em Lisboa, fundou com três amigos aljustrelenses os Jograis do Alentejo, “o primeiro agrupamento português a dizer poesia”. Começa a trabalhar em 1960, primeiro nos CTT e depois em instituições bancárias. Reforma-se em 2003. Em 1984, por razões profissionais, aporta a Almada e integra a Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada (Scala). Nessa época, “foi incentivado a deixar de escrever para a gaveta”. Vive em Verdizela, na freguesia de Corroios (Seixal).

 

Que livro é este “(E)Terno Desvario”?

É um livro escrito por um homem do povo, que ama a poesia, escreve de forma simples e direta, não pertence a escolas, somente a da vida, pratica essa coisa hoje fora de moda de rimar e que tem a certeza de que quem o lê não precisa de ter por perto um dicionário ou saber filosofia. Inspiro-me na vida, no amor, na justiça, na intransigente defesa da liberdade, procuro ser uma voz dos que lutam por um mundo melhor, sobretudo pelo futuro das crianças. Este livro foi publicado com o apoio da Câmara Municipal de Aljustrel, em edição de autor, e impresso na Tipografia Vitória, em Aljustrel.

 

Como tem sido a sua atividade como poeta e contista, ao longo de várias décadas?

Embora por influência de um professor tenha começado a escrever por volta dos 14 anos, com publicações esporádicas onde me aceitavam, só a partir dos 65 anos, idade da reforma, é que me dediquei à escrita, digamos, a sério.

 

Tem na gaveta outras obras, em poesia ou prosa, para editar?

Tenho, possivelmente nunca serão editados, dois romances, Uma Semana em Setembro e O Perica. O primeiro de âmbito geral e o segundo centrado na vida de Aljustrel da minha infância e juventude. Tenho material poético que possibilitaria a feitura de, pelo menos, mais um livro, mas duvido que volte a enfrentar as contrariedades que tem que vencer quem não alinha em grupos ou pertence aos “meios” que sempre recusei.

 

É assinante do “Diário do Alentejo”. Como avalia o papel que o jornal tem desempenhado, antes e depois do 25 de Abril?

Assino, de facto, o “Diário do Alentejo”. Brinco com os amigos ao dizer-lhes que é um jornal único no mundo porque é o único diário que se publica semanalmente... Já o lia em Aljustrel e passei a leitor assíduo quando em 1951 frequentei o antigo 3.º ano do liceu, no Liceu de Beja, onde fui colega de turma e amigo do saudoso jornalista José Moedas. Tenho enorme respeito por todas as publicações, faladas ou escritas, regionais, e, naturalmente, um carinho especial pelo nosso jornal, pelo imprescindível papel que desempenha na defesa e elevação da região e, por isso, da melhoria do país.

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