Diário do Alentejo

"A Aldeia Nova de Ourique", um livro de José M. Dionísio

13 de dezembro 2020 - 11:40

O caminho da maioria das crianças da sua geração, de ascendência pobre, não era, depois de terminarem a instrução primária (4ª.classe), a continuação dos estudos, mas sim entrar na liça do trabalho do campo: com José M. Dionísio, foi o que aconteceu.

 

Aos 16 anos decidiu rumar a Lisboa onde ingressou como voluntário na Marinha de Guerra Portuguesa. Durante seis anos cumpriu o serviço militar. No regresso à vida civil, trabalhou em várias empresas, tendo permanecido 35 anos na Sorefame-Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas, até à idade da reforma.

 

 

 

Publica agora "A Aldeia Nova de Ourique", com prefácio de Vítor Encarnação e patrocinado pelo Município de Ourique. É uma obra sobre a localidade homónima que ficou submersa, no início da década de Setenta, do século passado, aquando da construção da Barragem do Monte da Rocha.

 

Como nos apresenta este seu livro?

Este livro de memórias coletivas do povo da ex-Aldeia Nova de Ourique pretende, essencialmente, relembrar a todos que existiu esta aldeia e dar a conhecer aos descendentes dos seus habitantes, que não a conheceram, como era a vida dos seus antepassados: como viviam no seu dia-a-dia, a nível profissional, social e o modo como se relacionavam. A minha intenção ao escrever este livro foi também avivar memórias aos meus conterrâneos, para que não se esqueçam daquele bocadinho onde um dia nasceram e foram felizes.

 

De que forma a submersão desta povoação determinou a vida dos seus habitantes?

Este acontecimento foi deveras determinante para estes cidadãos, alterando as suas vidas por completo, levando-os em debandada na procura de outros refúgios. Sabe Deus com que sacrifícios e tristeza o fizeram – sem haver complacência dos governantes desse tempo. Alguns destes habitantes, não suportaram esse desígnio trágico. O desgosto extremo, acabou por lhes roubar a vida!

 

Qual o sentimento e o episódio que mais o marcou, no decurso da construção desta obra?

O meu sentimento foi de angústia e de algum desespero, por não haver ninguém, oficialmente, que divulgasse que, em determinado local, tinha existido uma aldeia. Daí meti, por carolice, mãos à obra…contatei com familiares e amigos, antigos habitantes da aldeia, tentando encontrar alguns vestígios do passado: e por fim, consegui. Algumas fotografias e dicas importantes, juntamente com memórias minhas, do meu tempo de criança e de adolescente.

 

O que gostaria que este livro trouxesse aos seus leitores?

Esta é uma obra simples mas espero que seja do agrado de antigos habitantes da Aldeia Nova de Ourique, dos seus descendentes e de todos os leitores em geral. É esse o meu principal objetivo!

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