Diário do Alentejo

Futebol Clube de Serpa compete pela quinta época consecutiva no Campeonato de Portugal

03 de agosto 2025 - 08:00
Confiança no plantel...
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Compromisso, ambição, estabilidade e confiança no futuro, palavras que definem bem os momentos de transição por que passou o Futebol Clube de Serpa neste último defeso desportivo, em que soube reorganizar-se para enfrentar a quinta época consecutiva do Campeonato de Portugal.

 

Texto Firmino Paixão

 

O anterior presidente, Fran-cisco Picareta, passou o testemunho a Luís Castilho, seu ex-vice presidente, agora líder de uma comissão administrativa de 24 elementos. Mauro Santos, o treinador das últimas duas épocas, deixou vago o lugar onde já se sentou Ricardo Barão.

“Já estávamos cá dentro desde o início, envolvidos neste projeto juntamente com o anterior presidente e decidimos dar-lhe continuidade porque achámos que a estrutura estava bem montada e tinha futuro”, garantiu Luís Castilho, justificando a sua eleição, lembrando, contudo: “O clube tem estabilidade financeira e acreditamos que será possível manter essa estabilidade. Não paramos de trabalhar em prol do clube, de verão e de inverno, estamos nas feiras ou organizamos eventos que nos permitam angariar receitas para fazermos face aos compromissos que temos”. O líder do clube quis, também, manifestar o seu apoio às entidades institucionais e ao comércio local: “Sem esse apoio seria de todo impossível mantermo-nos neste patamar, não obstante esta comissão administrativa trabalhar com tanto amor ao clube. Mas os nossos associados e adeptos também merecem uma palavra especial, temos sempre a casa cheia, fora de casa, por vezes, temos mais gente nossa do que dos adversários, e só com esta simbiose tem sido possível manter o Serpa neste patamar”.

No plano desportivo a aposta passa por: “Consolidar o clube no Campeonato de Portugal. Os nossos adeptos, associados, a comunidade local, identificam-se com esses propósitos”, garantiu Roberto Rita, dirigente com o pelouro do futebol sénior. Sobre a alteração na estrutura técnica, o dirigente assumiu: “Acreditamos muito no Ricardo Barão e na equipa técnica que está com ele”. Questionado sobre o que foi pedido ao novo treinador, Roberto Rita foi perentório: “O mesmo que temos pedido a todos os treinadores que têm passado por aqui neste percurso no Campeonato de Portugal, que é dar estabilidade ao clube, sermos, cada vez mais, um clube do campeonato nacional, mas com os pés bem assentes na terra e sem darmos passos maiores do que a perna”. Porém, garantiu também: “Continuaremos a apostar em jovens, continuaremos a apostar em jogadores que ainda não conseguiram ‘dar o salto’. Felizmente, as coisas têm corrido bem e a prova disso é que, neste ano, saíram cinco jogadores para a Liga 3, alguns deles vindos diretamente dos distritais”.

Com a garantia de que nada mudará em relação ao que tem sido feito nos últimos cinco anos, o diretor desportivo do Serpa assegurou: “O nosso primeiro objetivo é a manutenção”. E quanto à constituição do plantel, revelou: “Os jogadores vieram de comum acordo entre o mister e a direção do clube. Achámos que estes são os atletas que nos podem ajudar. Naturalmente que gostaríamos de ter jogadores que viessem de divisões superiores, mas a nossa realidade é esta e, dentro das nossas possibilidades, estamos contentes com o plantel que temos”. Mostrou-se, também, confiante de que “chegará para o nosso objetivo que, primeiramente, será a manutenção, portanto, estamos, nós e a equipa técnica, satisfeitos com a equipa que está construída, acreditando que nos dará muitas alegrias”.

Quanto à potencial inclusão de jogadores locais, o dirigente recordou: “Como todos os clubes da região, nós sofremos com o problema do despovoamento. Os jovens vão estudar ou trabalhar para fora, depois, a equipa treina de manhã e é difícil conciliar as duas coisas”. Ainda assim lembrou: “Nos últimos anos conseguimos que jogadores de Serpa ou da região se estreassem na equipa principal e alguns até saíram para outros clubes. Vários miúdos da formação tiveram acesso à equipa sénior. Gostaríamos de ter cada vez mais, mas estamos num campeonato competitivo e nem sempre é fácil consegui-lo. Temos feito uma aposta forte em jogadores, não só da cidade, como do distrito, mas nem sempre é possível”. Pelo que atrás ficou expresso a formação terá um papel determinante e o Serpa não abdicará de nela manter a sua aposta. Uma garantia dada pela dirigente que tem a seu cargo esse pelouro das equipas mais jovens. “A formação tem sido o pilar, a base essencial para que o clube tivesse chegado ao patamar onde estamos”, reforçou Ângela Soares. “O Serpa defende valores que estão associados às camadas jovens e que vão muito para além da competitividade. A formação é formar e educar, acima de tudo. Para além de formarmos bons jogadores queremos formar bons cidadãos. Neste clube não existe discriminação de atletas, todos os meninos e meninas estão em pé de igualdade, todos têm oportunidade de treinar e de jogar, nenhum atleta será posto de parte por ter menos habilidade do que outro”, vincou a assistente social que dirige a secção juvenil do clube.

Com cerca de 220 jovens atletas, e uma aposta também no sexo feminino, a dirigente deixou claro: “Queremos que saiam daqui com competência para jogarem a outros níveis mas, sobretudo, que este percurso seja um tempo de igualdade de oportunidades e de aprendizagem de valores, nomeadamente, sobre a violência física ou verbal, dentro ou fora do campo, o respeito da igualdade de género, valores que queremos incutir nos nossos jovens”.

Sem abdicar da convicção de que todos os miúdos do Serpa devem ter a mesma oportunidade de aprender e de se formar como atleta e como ser humano, Ângela Soares assegurou: “Encaramos o Futebol Clube de Serpa como uma escola. Nunca pomos crianças de parte por não se mostrarem mais ou menos capazes, por não serem mais ou menos talentosos”. Uma ideia que ilustrou com um exemplo vivido no clube: “Tivemos aqui um atleta que vinha para os treinos com uma familiar, que insistia em que ele desistisse, dizendo que o menino, a treinar, parecia uma bailarina. O treinador colocou-o na posição de guarda-redes e, neste momento, no seu escalão, é o melhor no distrito de Beja. As crianças, às vezes, não permanecem no futebol, ou noutro desporto, porque não lhes dão oportunidades”.

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