Diário do Alentejo

Patrícia Serafim, antiga atleta do Beja Atlético Clube, conquistou a 11.ª vitória na Ultra Maratona Atlântica

02 de agosto 2025 - 08:00
A rainha das areias
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Patrícia Serafim, atleta do Clube Desportivo de Espite, continua a reinar nas areias douradas da costa atlântica do concelho de Grândola. Onze vitórias nas últimas 12 edições e o recorde da distância (3h18’16s) conseguido na 16.ª edição da prova, disputada no dia 25 de julho de 2021. A atleta está convocada para representar Portugal no Campeonato do Mundo de Trail em Montanha, que terá lugar nos Pirenéus, em Espanha.

 

Texto Firmino Paixão

 

O fundista Rui Teixeira, da Escola de Atletismo de Coimbra, estreou-se a vencer o setor masculino, numa corrida que celebrou as 20 edições da Ultra Maratona Atlântica e que contou com 260 participantes. A organização decidiu, neste ano, alterar os percursos: Troia/Melides, em vez do habitual Melides/Troia. Simultaneamente, decorreu a 11.ª Corrida Atlântica, neste ano com partida e chegada à praia de Melides, em vez do percurso entre a Comporta e Troia, como nas anteriores 10 edições.

Paulo Martins, do vizinho Grupo Desportivo de São Francisco da Serra, e a cientista bielorussa Kcénia Bougrova (Run Tejo), venceram os 10 quilómetros desenhados na espuma das ondas do areal de Melides, onde, a meio da manhã, ocorreu um protesto do movimento “Reabrir a Galé”, sob o lema “Pelo direito ao litoral, à costa, ao território”.

Ainda no plano desportivo, um sublinhado para a excelente prestação de Ana Ângelo (Linces de Noudar) na prova de 45 quilómetros, com um oitavo lugar na geral feminina, terceira posição no seu escalão, também para o segundo lugar da odemirense Ana Lourenço (NDC Odemira), segunda na geral feminina da Corrida Atlântica e vencedora do seu escalão, e ainda do maratonista João Santos (Irmãos Luzias), décimo quarto na geral e vencedor do escalão na Corrida Atlântica.

Entre os 703 atletas inscritos nas duas provas estiveram 77 atletas de 15 países. Duas décadas de Ultra Maratona Atlântica são um marco no historial desta competição, como admitiu António Figueira Mendes, presidente do município de Grândola. “Tem, para nós, um certo significado, este vigésimo aniversário da prova e, por isso, neste ano, quisemos inverter os locais de partida e de chegada. O simbolismo continua a ser exactamente o mesmo, mas, de facto, há aqui também um elemento novo, é que importa testar se isto resulta melhor assim ou não. Mas as coisas correram muito bem, continuamos a aumentar os índices de participação de atletas, atingimos 15 diferentes nacionalidades, portanto, temos já uma prova internacional, e estamos felizes por as pessoas continuarem a aderir, independentemente da dureza da prova. Uma competição que é também um teste à capacidade de superação das pessoas e continua a ter pernas para andar, como sempre aconteceu ao longo das 20 edições já concretizadas. Uma prova que está perfeitamente consolidada”.

O concelho possui uma frente atlântica que também oferece condições de excepção à realização deste desafio de aventura, admitiu o autarca. “Não será muito fácil encontrar na Europa uma faixa com 45 quilómetros, neste caso no concelho de Grândola, mas, se acrescentarmos o concelho de Sines, são mais de 60 quilómetros de praia interrupta e muito bem preservada, ao contrário do que alguns possam dizer. Areias douradas, praias com diferentes comportamentos do mar, numas mais calmo, noutras mais agitado, mas, de facto, é um privilégio para os portugueses terem este espaço, estas praias e a beleza deste território”.

A inversão de percursos é, simultaneamente, um ato de celebração das duas décadas e um teste à operacionalidade do evento, porém, nos últimos tempos, têm circulado notícias de presumíveis dificuldades no acesso às praias. “Não tem nada a ver com isso”, garantiu António Figueira Mendes, “Já nem me apetece muito falar nisso, porque, por muito que expliquemos as pessoas não querem perceber. A realidade é que não existem praias privadas e não haverá. Teremos, no futuro, cerca de 22 praias. Aquilo que já conseguimos com as nossas relações com o Ministério do Ambiente e com a Agência Portuguesa do Ambiente é que teremos mais duas novas praias. Ainda ontem abrimos um parque de estacionamento, na Comporta, com mais 100 lugares gratuitos, portanto, continuamos a trabalhar nisso e as pessoas podem continuar a vir às praias de Grândola, que ninguém as impedirá”.

Sobre o protesto do movimento “Reabrir a Galé”, o presidente da Câmara de Grândola comentou: “Fala-se na questão da praia da Galé, mas a praia do campismo da Galé sempre foi assim desde a sua inauguração, nunca foi diferente, por isso, por muitas manifestações que as pessoas queiram fazer, a verdade é outra, e nós estamos tranquilos. Não sei o que essas pessoas querem. Parece que querem que se abra o Parque da Galé, mas o parque foi vendido, foi um negócio entre privados, em que o município não se pode intrometer. O campismo continua a funcionar, não com a ocupação que tinha no passado, porque, antes, no parque existia, de facto, campismo, mas também havia construções fixas, algo que não é a função de um parque de campismo. Nós vamos construir um parque de estacionamento com um passadiço de acesso à praia com 320 lugares. Temos outro para abrir na praia da Aberta Nova, com mais 220 lugares, portanto, continuará a existir espaço para as pessoas e gratuito. O nosso trabalho é esse”.

 

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