O 37.º Grande Prémio Cidade de Beja em Pesca Desportiva continua a ser a grande organização do Clube Bejense dos Amadores de Pesca Desportiva, coletividade fundada em 1959, ainda hoje um dos clubes de referência nesta região e um dos mais antigos do País na modalidade.
Texto Firmino Paixão
A concessão de pesca desportiva da barragem da Boavista (Santa Clara do Louredo) recebeu, no último fim de semana, a 37.ª edição do Grande Prémio Cidade de Beja em Pesca Desportiva, prova que, pelo quarto ano consecutivo, também se estendeu à variante de pesca aos predadores (achigã e lúcio-perca), neste caso, com um concurso realizado em simultâneo, mas na barragem do Pisão, em Beringel.
Jaime Rocha, atleta do Sporting Clube Abelense, venceu a prova dos predadores, e o individual Carlos Marques triunfou na prova de ciprinídeos. Longe das duas e três centenas de concorrentes que o grande prémio chegou a atrair, ainda assim, com 70 pescadores, manteve a tradição, garantiu António Geraldo, presidente do clube: “Além de sermos um dos clubes mais antigos que existe em Portugal, sempre mantivemos uma grande tradição na organização deste Grande Prémio Cidade de Beja, na disciplina de pesca à boia. Nos últimos quatro anos acrescentámos, também, um concurso de pesca aos predadores, neste caso ao achigã e lúcio-perca”. Uma organização para o futuro, garantiu. “Manteremos estas iniciativas uma vez que, ultimamente, o município de Beja nos tem patrocinado este grande prémio, e, então, organizamos este evento com todo o gosto e cada vez com mais afinco e maior disponibilidade e entusiamo. No passado, a Câmara de Beja já tinha apoiado a prova, mas isto é como tudo, haverá alturas em que os municípios nem sempre poderão ajudar toda a gente, mas agora estamos outra vez no bom caminho e assim esperamos continuar, com o apoio da autarquia, para mantermos a tradição da pesca desportiva”.
Desportivamente, o clube mantém atletas em diferentes campeonatos regionais e nacionais e, sublinhou, o dirigente: “Na vertente do achigã embarcado temos uma dupla de pescadores que representará a seleção nacional no Campeonato do Mundo de Pesca ao Achigã, que se realizará na África do Sul, a partir do dia 30 de agosto. São os nossos atletas João Sacadura e Jaime Sacadura, uma equipa que, há vários anos, pesca pelo nosso clube. Também já foram campeões nacionais e, neste momento, integram a seleção nacional”.
Com um número crescente de senhoras em competição, as dificuldades maiores prendem-se com a falta de jovens atletas, assumiu António Geraldo: “Neste ano até recebemos mais duas atletas que estão com um excelente desempenho. Esperemos que elas consigam atingir o pódio do campeonato, o que seria uma grande honra para nós. Mas temos uma pequena lacuna, que é a inexistência de jovens. Precisávamos de ter connosco três ou quatro crianças a praticar pesca desportiva. Mas, hoje em dia, não é muito fácil, porque os pais estão mais direcionados para levar os miúdos para praticar futebol e, nessa área, se não contarmos com a vontade e com a presença dos pais, será muito complicado”.
A sustentabilidade desportiva depende destas variáveis, mas, financeiramente o clube está de boa saúde, reconheceu o presidente. “Felizmente, nos últimos anos, desde que esta direção está em exercício, temos criado as melhores condições para o clube. O nosso mandato terminará no final deste ano, vamos ser se aparece alguém que queira assumir o leme, caso contrário, ainda farei mais um mandato, mas já estamos cá há 12 anos e seria tempo de surgir uma alternativa. Porém, com tanto sacrifício que tenho feito, a nível pessoal e familiar, também sentirei alguma tristeza se abandonar o clube sem uma garantia de futuro e sem garantia de estabilidade, porque isto não é nada fácil. Estamos com boa estabilidade financeira, com muita dificuldade temos conseguido equilibrar as coisas, mercê de alguns apoios de patrocinadores e do apoio do município através do mecanismo de apoio ao movimento associativo. Não é muito, mas sempre nos ajuda. Temos um orçamento anual na ordem dos sete a oito mil euros e contamos com cerca de 70 ou 80 sócios”.
A preservação do meio ambiente é outro dos valores que o clube defende, garantiu António Geraldo: “Temos uma grande preocupação em preservar as espécies e os espaços. Qualquer atleta que não cumpra esses pressupostos será automaticamente desclassificado. A preservação do meio ambiente é fundamental, agora, também é verdade que quando chegamos aos espelhos de água o que encontramos mais é lixo, eventualmente, por falta de fiscalização de quem de direito. Quando o peixe não quer colaborar, muitas vezes, o que fazemos é limpar lixo”.
O responsável confessou que gostaria de remodelar as instalações da sede social do clube e lembrou que já foram adquiridas duas viaturas para transporte de atletas, sublinhando o importante apoio do município nas maiores deslocações para provas nacionais.
No último ano participaram, a convite do município, no projeto “Férias Desportivas”, e António Geraldo deu a conhecer que neste ano já foram, de novo, contactados no sentido de repetirem “essa ação de incentivo à pesca desportiva”. “Ficamos muito felizes por participarmos numa iniciativa de divulgação da nossa modalidade e ficamos satisfeitos com as famílias que queiram colaborar, trazendo os miúdos para se juntarem a nós nesta semana promocional da modalidade que nos é tão querida”, concluiu.