Um desfile de talentos que nem a onda de calor conseguiu contrariar. Uma participação recorde, com mais de seis centenas de atletas de centena e meia de clubes. Quatro recordes nacionais, outras marcas de relevo nacional e, no final, venceu o Sporting Clube de Portugal, quer em masculinos, quer em femininos. A organização esteve “cinco estrelas”.
Texto e Fotos | Firmino Paixão
“O futuro do atletismo está garantido”. Esta foi a garantia deixada, na cidade de Beja, pelo vice-presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, Paulo Guerra, no final dos 76.ºs Campeonatos Nacionais de sub/18, competição que, durante o último fim de semana, decorreu no Complexo Desportivo Fernando Mamede. O dirigente federativo revelou: “O que ouvi da parte dos responsáveis dos clubes e dos presidentes das diferentes associações foi que a organização esteve ‘cinco estrelas’, nomeadamente, ponderando também o grande calor que se fez sentir. Correu tudo muito bem”.
Já na vertente desportiva, o antigo atleta alentejano, comentou: “Tivemos recordes nacionais e tivemos boas marcas, resultados de relevo. Sabemos que no meio-fundo e fundo, mas, essencialmente, no meio-fundo, face ao calor que se fez sentir, as marcas já não foram tão expressivas, mas o que importa é que o Alentejo sai também vitorioso”.
Olhando para os bons resultados conseguidos pelos atletas, Paulo Guerra fez notar: “Isso é também o reflexo de que o atletismo está no bom caminho. Batendo o número de inscrições em grandes competições nacionais, teremos mais atletas filiados, mais clubes representados e é esse o caminho que queremos continuar a percorrer. O desenvolvimento deve-se ao trabalho que os clubes fazem na formação e são os dirigentes desses clubes os responsáveis por podermos ter medalhas nas grandes competições internacionais”.
Cinco atletas, de quatro clubes do distrito, participaram nestes campeonatos, a saber: Nuno Mesquita e Rafael Santos (ambos do FIT Salvador), Tomás Fernandes (Casa do Benfica de Almodôvar), Constança Ribeiro (Juventude Desportiva das Neves) e Margarida Gonçalves (Núcleo Desportivo e Cultural de Odemira).
Jorge Aniceto, coordenador técnico regional, comentou a sua participação, afirmando: “Tiveram uma prestação dentro das expectativas que existiam tendo até em conta que estamos num período da época com temperaturas bastante elevadas, em que os atletas não treinam com tanta intensidade”. Na presença regional nesta competição sobressaiu o sétimo lugar conseguido por Nuno Mesquita na prova de 800 metros planos. Sobre a organização, Aniceto admitiu: “Apesar de todas as condicionantes, devido ao calor, e das preocupações de algumas pessoas, que até compreendemos, a associação, juntamente com a federação, fez todos os esforços para minimizar os efeitos do calor, desde a aquisição de águas, gelo, chuveiros que montámos no complexo, contando, naturalmente, com um excelente apoio logístico do município de Beja”. E justificou: “A federação deu-nos toda a autonomia para prevenirmos essa contrariedade das temperaturas elevadas, assim fizemos, e concluíram-se aqui com elevado sucesso os campeonatos nacionais de sub/18, com um extraordinário número de 675 inscrições, um recorde, embora costume haver uma quebra de cerca de oito por cento no número de presenças, portanto, tivemos acima de 600 atletas, mais de uma centena do que na última edição deste campeonato”.
Jorge Aniceto comentou, ainda: “As pessoas dos clubes mais a norte compreenderam que o calor é normal para a época e que os campeonatos estiveram excelentes”. E acrescentou: “O coordenador técnico nacional ficou bastante contente com os registos que os atletas alcançaram, sobretudo, nas provas de velocidade, com marcas fantásticas nas provas de 100 metros planos. Os 100 metros barreiras também foram bem conseguidos e os lançamentos correram dentro do que era expectável, portanto, creio que cumprimos a nossa missão, embora não seja eu a melhor pessoa para fazer essa avaliação, devido ao meu envolvimento na organização”.
Uma grande percentagem de voluntários que apoiou a organização eram atletas locais, a quem este envolvimento terá, certamente, estimulado a empenharem-se nas suas carreiras desportivas, admitiu Jorge Aniceto. “Ficaram todos imensamente felizes por poderem estar aqui, uma presença que certamente os estimulará a que um dia possam ser eles, em vez de voluntários, a estarem efetivamente na pista a competir e a lutar por resultados”.
Por outro lado, acrescentou: “Na vertente desportiva, os ganhos que estes miúdos tiveram com a realização dos campeonatos foram relevantes, porque são os atletas do futuro. São os nossos atletas e ficaram com uma crescente motivação para o treino e para o seu crescimento desportivo. Na parte económica, a presença de mais de 1500 pessoas num fim de semana, certamente, que teve um impacto elevado, animou esta cidade, e nós precisamos disso”.