O ermidense Flávio Pacheco, campeão nacional em paraciclismo na categoria H4, símbolo que orgulhosamente ostenta, venceu as primeiras provas da Taça de Portugal, nas disciplinas de estrada e contrarrelógio.
Texto e Foto Firmino Paixão
Os próximos compromissos desportivos do paraciclista Flávio Pacheco serão a terceira e quarta etapas da Taça de Portugal, que se disputarão nos dias 8 de junho, em Albergaria-a-Velha, e 5 de julho, em Almeirim, e, entretanto, também o Campeonato Nacional de Paraciclismo, agendado para os dias 20 a 22 de junho, em local ainda não determinado. Mas o grande sonho é outro: uma boa prestação nas provas da Taça do Mundo e a presença nos Jogos Olímpicos de Verão em Los Angeles/28. Porém, até lá, o atleta alentejano ainda tem um longo percurso de preparação, como referiu ao “Diário do Alentejo”. “Estamos no início de época, tenho feito uma boa preparação para a Taça do Mundo, até porque, nesta época, não teremos muitas provas, e eu acabei também por fazer uma preparação diferente, já que, no ano passado, sofri um grande desgaste com a disputa de muitas provas, e, depois, na fase mais importante da época, fui-me um bocadinho abaixo na forma. Neste ano defini objetivos diferentes, fiz um planeamento mais focado nas provas da Taça do Mundo. Será um percurso mais fácil, pois já sei que o objetivo é aquele e não tenho de andar a gastar energia e recursos onde não devo”.
Com um calendário menos exigente do que na época passada, o paraciclista não descura o seu compromisso com as provas nacionais. “As provas da Taça de Portugal, e já disputei as duas que se realizaram no Troféu José Poeira, acabaram por ser competições importantes na preparação para os momentos mais exigentes da época, principalmente, a primeira prova, que foi um contrarrelógio individual, em Zambujeira do Mar. A prova em estrada, disputada em Boavista dos Pinheiros, teve um contexto diferente, foi um circuito curto, rápido e muito explosivo, algo que também é muito bom para os objetivos que persigo esta época”. Foram duas etapas de preparação, mas foram momentos de subida ao pódio para envergar as camisolas de vencedor da Taça de Portugal, jerseys que acumula com o símbolo verde-rubro de campeão nacional. “Claramente. Para ser sincero, já lhes perdi a conta, o que é gratificante e muito bom sinal. Mas nunca deixo de sentir motivação para tentar sempre mais e melhor”.
Mas o foco está, definitivamente, nas provas internacionais e, na Taça do Mundo, admitiu: “O objetivo principal é ficar entre os oito primeiros, algo que é sempre um dos maiores desafios de quem lá vai competir, um caminho aberto para a plena integração como atleta”. Depois, os Jogos Olímpicos de Los Angeles/28 também estão no seu horizonte. “Os Jogos Olímpicos estão sempre no meu horizonte, tem sido assim de quatro em quatro anos, como estarão, obviamente, no pensamento de qualquer atleta. Talvez eu tenha uma palavra a dizer em Los Angeles. Veremos o que a sorte me reservará, contudo, até lá ainda falta bastante tempo, haverá ainda uma longa preparação, muito trabalho, muita dedicação e muita sorte também, acima de tudo”.
O dia a dia de um atleta como Flávio Pacheco, empregado numa área de serviço de combustíveis, é todo ele feito de muita preparação física, psicológica, e, sobretudo, de muitos momentos de sacrifício e superação: “Creio que a preparação física deriva de todo um cuidado no planeamento dos treinos, a preparação psicológica já depende muito do estado emocional em que nos sentimos, sem quebras, nem altos e baixos e, sobretudo, do apoio que temos ao nosso lado. Tudo isso é importante para mantermos o nosso estado psicológico lá em cima. Se não existir toda essa sintonia, muita coisa pode cair por terra. E falo, principalmente, do apoio da família, porque o estímulo familiar é determinante para que tenhamos sucesso”.
Flávio Pacheco representou o Sporting Clube de Portugal mas, atualmente, está a competir como individual e explicou a razão: “Optei por fazê-lo desde 2018, depois de ter saído do Sporting, na altura em que aconteceu a mudança nos órgãos sociais do clube e o atual presidente, Frederico Varandas, decidiu suspender a secção desta modalidade, e eu decidi manter-me como individual, embora tenham surgido já alguns convites para representar outros clubes, mas a questão não passa por aí, eu é que sinto que, neste momento, estou melhor assim, existe menos pressão”. Menos pressão, mas maior exigência financeira, admitiu o atleta: “O paraciclismo é um desporto muito caro, exige muito investimento e não é fácil fazê-lo, ainda mais se tivermos dificuldade em conseguir apoios. É tudo muito dispendioso mas, felizmente, consigo fazer uma grande maioria das provas sozinho, há muitos colegas que não o conseguem fazer, nomeadamente, os paraplégicos, que têm uma grande logística atrás deles e isso é cada vez mais difícil de conseguir, principalmente, porque as empresas também não têm estado de boa saúde e os apoios escasseiam. Os meus patrões têm sido excecionais, compreendem, dão-me todo o apoio e isso também tem sido muito importante para mim. Felizmente, tenho sentido o reconhecimento das entidades institucionais, nomeadamente, da Junta de Freguesia de Ermidas e do município de Santiago do Cacém, eventualmente, por viver num meio que não é muito grande, somos poucos e a minha atividade sobressai, dado que os resultados também têm ajudado e, efetivamente, eu tenho sentido esse carinho”.