Diário do Alentejo

O andebol é uma paixão

13 de dezembro 2024 - 17:00
Sexta etapa do Torneio de Abertura Sub/14, em andebol, disputou-se no Pavilhão de Santa Maria, na cidade de BejaFoto| Firmino Paixão

A Associação Cultural e Recreativa Zona Azul, de Beja, o Centro de Cultura Popular de Serpa e o Sporting Clube de Cuba disputaram o sexto encontro regional do Torneio de Abertura Sub/14, promovido pela Associação de Andebol do Algarve, que tutela os clubes no sul do País.

 

Texto e Fotos | Firmino Paixão

 

Uma etapa de aprendizagens, momentos de convívio, de promoção da prática desportiva e, se quisermos, de interação entre as diferentes realidades sociodesportivas. Tudo inserido num projeto de formação dirigido aos jovens atletas com idade inferior a 14 anos, escalão em que os resultados não contam – não deviam contar –, privilegiando-se essencialmente o desígnio que é o crescimento dos meninos e das meninas enquanto seres humanos, imbuídos nesse espírito de acesso a uma atividade desportiva saudável. O resto acontecerá mais adiante. O compromisso, o vínculo, o aperfeiçoamento e uma formação mais intensiva. Foi, seguramente, uma boa manhã, tempo bem fruído pelos meninos e meninas, cerca de quatro dezenas, comprometidos, apenas, com a lealdade aos seus emblemas, às diferentes cores das suas camisolas e com os sorrisos para com todos os que com eles e com elas partilharam esta experiência.

Sorridente, irreverente, mas com uma simpatia extrema, Maria Rita, uma menina serpense, de nove anos, quis prolongar o discurso do seu formador para deixar registo da sua experiência. “Gosto muito do andebol. É um desporto que pratico desde os seis anos, e essa é a minha paixão”. E, sem se deter, nem esconder o orgulho, avançou: “Fui treinada, durante alguns dias, pela Bebiana [Sabino], adorei muito, foi tão bom…”. Afinal, quem não se orgulhará de conhecer, e de ter sido treinada, pela capitã da seleção nacional de andebol, Bebiana Sabino, docente na Escola Superior de Educação de Beja, que, quando pode, promove ações pedagógicas junto dos clubes da região, também na qualidade de promotora do projeto “Action Girls”, desenvolvido pelo Laboratório de Atividade Física do Instituto Politécnico de Beja, com a missão de “reduzir a diferença de participação desportiva entre homens e mulheres”.

Mas regressemos ao interior do Pavilhão de Santa Maria, o santuário do andebol bejense, para tomarmos o pulso ao que andam a fazer os formadores – recusamos a designação de treinadores – destes miúdos, que se divertem através da prática desportiva do andebol.

Comecemos pelo clube anfitrião, a Zona Azul, que tem como timoneiro desta equipa sub/14 o também jovem Pedro Fontainha. “O mais importante, nestas idades, é que eles evoluam em cada jogo, para que, um dia, quando forem mais velhos, tenham um conhecimento mais avançado da modalidade. Os resultados agora não contam, embora este seja um processo mais fácil de concretizar quando se ganha do que quando se perde. É mais satisfatório para eles, é mais gratificante para mim, porque é sinal de que o trabalho está a ser bem feito e está a resultar”. A mensagem é fácil e objetiva, referiu Fontainha: “Essencialmente, que tenham paciência uns com os outros, que sejam um grupo unido e que tenham disponibilidade para evoluírem todos os dias”.

O futuro da equipa é sempre incerto, passará, inevitavelmente, por os meninos e as meninas permanecerem na modalidade, admitiu. “O futuro é incerto, temos de ver se conseguiremos manter o grupo e depois iremos jogo a jogo, compromisso a compromisso. Só o tempo o dirá, mas como eles são ambiciosos e eu também, queremos sempre mais e melhor”, João Costa, o responsável pela jovem equipa do Sporting Clube de Cuba, mostrou alinhamento com os mesmos princípios. “Estamos em presença de momentos especiais de formação, em que tentamos formar homens e mulheres, mas também tentamos formar jogadores”. E sublinhou: “O essencial é que eles ganhem gosto pela modalidade, sem olharmos a vitórias nem as derrotas, mas privilegiando o respeito pelo adversário, porque esse é um elemento especial à sua construção como atletas e à valorização do seu percurso, para que, no futuro, possam ser bons jogadores e jogadoras de andebol”. João Costa lembrou, ainda: “O desporto é uma escola de valores, todos nós temos isso presente e a nossa preocupação é transmitir-lhes essa mensagem. Estes jovens já andam connosco há algum tempo, mas a grande dificuldade que temos no nosso clube é o recrutamento de atletas para enriquecimento dos recursos humanos do clube nesta área. Tem sido muito difícil fazer essa captação, quer de atletas, quer de colaboradores”.

No banco do Centro de Cultura Popular de Serpa sentou-se Miguel Simão, coordenador da equipa sub/14 do clube. Deixou a ideia: “O que importa, nestas idades, é que todos eles participem, que ganhem gosto pelo andebol, e que desenvolvam várias capacidades, não só em jogo, mas também na área comportamental, na cooperação e no espírito de equipa, saberem viver e conviver com os outros colegas de equipa e das outras equipas, e tudo isto é muito mais do que o desporto em si, é também a componente cívica e de socialização de todo este processo”. Simão admitiu, contudo: “Estes encontros são importantes para que eles adquiram rotinas nas diferentes áreas, porque isso fará parte do seu crescimento e da sua valorização, até porque esses valores acabam por se reflectir, durante a semana, na sua vida escolar e familiar. O mais importante na formação, não é formar um jogador, mas formar a pessoa, o ser humano”.

 

 

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