Diário do Alentejo

Federação Portuguesa de Futebol promoveu o walking football em Castro Verde e Serpa

01 de dezembro 2024 - 08:00
Um mundo de oportunidades
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Numa iniciativa conjunta da Associação de Futebol de Beja (AFBeja) e da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), com o apoio dos municípios de Castro Verde e de Serpa, realizaram-se demonstrações de walking football.

 

Texto Firmino Paixão

 

O Estádio Municipal 25 de Abril, em Castro Verde, e o Complexo Desportivo Municipal de Serpa receberam duas ações de demonstração de walking football (futebol a andar) abertas às comunidades locais, momentos que contaram com a presença dos dirigentes Arménio Pinho (FPF) Pedro Xavier (AFBeja) e dos técnicos André Coelho (treinador nacional) e Rute Silva (gestora do projeto). Duas ações inseridas no plano estratégico da Federação Portuguesa de Futebol (Futebol 2030) que visam o crescimento e o desenvolvimento da modalidade nas variantes de competição, prática informal ou recreação e lazer, ou sejam, “futebol para todos”.

Mas afinal, o que o walking football? Segundo a FPF, “é uma variante do futebol, que tem como objetivo incentivar a prática desportiva das pessoas com idades superiores a 50 anos, promovendo a integração e o convívio, em prol de uma vida mais ativa. Esta variante do futebol pretende combater o isolamento, o sedentarismo, a depressão, melhorar os índices de saúde e aumentar a interação social dos praticantes”. Futebol a andar: sem corridas, sem saltos, nem rasteiras, sem carrinhos e cortes, o walking football surge como uma oferta adaptada de futebol, independentemente da idade e da condição física, visando proteger quem o pratica. 

Arménio Pinho, dirigente federativo responsável pela implementação do plano estratégico da FPF, em entrevista exclusiva ao “Diário do Alentejo”, fez notar que: “Nós somos o quarto país mais envelhecido no mundo e somos o segundo país mais envelhecido entre os 27 estados-membros da Comunidade Europeia, por isso, temos rapidamente que dar a volta à situação. A Federação Portuguesa de Futebol tem 15 programas de transformação no seu plano estratégico até 2030. Temos alguns em curso, um deles tem a ver também com a infância e crescimento, que é uma intervenção nas atividades de enriquecimento curricular para o primeiro ciclo, portanto, em idades entre os seis e os 10 anos, através das atividades extracurriculares”. Por outro lado, assinalou: “Queremos que as crianças que hoje estão a nascer, que, em princípio, atingirão idades próximas dos 100 anos, cheguem lá, porventura, com mais facilidade do que hoje, e que essas crianças, quando chegarem à idade das pessoas que aqui vieram a esta demonstração, estejam em melhor estado físico e mental”. Arménio Pinho, revelou também: “Vamos a todos os distritos fazer demonstrações, juntamente com os técnicos que estão nos locais, para fazermos uma coisa, se calhar, parecida ou mesmo diferente, mas de acordo com a prática que o professor André Coelho tem no dia a dia, de incentivar e de mostrar a toda a gente, com mais ou menos debilidades, que é possível praticar atividade física, porque é algo imprescindível a toda a gente”. E insistiu na tónica de que “este projeto faz-se de pessoas para pessoas e as pessoas fazem a diferença, o que nós queremos é promover, e estamos a fazer isto em todos os distritos. Já fizemos em Miranda do Douro, Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, e, hoje, em Castro Verde e em Serpa”.

Por outro lado, o dirigente comentou: “A Organização Mundial de Saúde diz que devemos fazer isto em três sessões de 60 minutos por semana, mas, se isso não for possível, que se consiga fazer todas as semanas, pelo menos uma vez ou duas”. O dirigente nacional referiu-se à especificidade das regras, normas que privilegiam a intervenção de todos os participantes, razão porque a atividade não tem guarda-redes, evitando que um dos elementos do grupo tenha atividade mais reduzida.

Questionado sobre os apoios materiais para a formação das equipas, Arménio Pinho recordou: “Os nossos apoios passam pelo material, bolas, cones, coletes. A associação suporta os custos com os seguros e até com os exames médicos que também são necessários”. E deixou claro: “Os braços armados da federação são as associações. Claro que cada associação terá a sua estratégia e saberá até onde pode chegar. Nós continuaremos a fazer estas demonstrações, porque o que queremos é que existam muitas equipas, para que as pessoas possam fazer isto de forma regular, organizando encontros entre bairros, entre freguesias ou entre municípios, entre associações de classe, entre politécnicos e, ou, universidades, isto é um mundo de oportunidades”.

No final do ano passado a modalidade contava com cerca de 1500 praticantes, ainda assim, referiu o dirigente: “Sabemos que os clubes ainda não sentiram o click para esta actividade. Os clubes ainda pensam um bocadinho só na formação, e nos seniores esquecem-se que mais de 50 por cento das pessoas da sua comunidade não estão nesta franja e que podiam constituir mais uma valência do clube”. No clube, ou noutra qualquer entidade porque, concluiu Arménio Pinho: “Nos projetos-piloto que fizemos englobámos IPSS [instituições particulares de solidariedade social], santas casas da misericórdia, juntas de freguesia, casas do povo, clubes. Fizeram-se equipas de várias gerações e de várias instituições e percebemos que funciona com todos. Qualquer entidade poderá inscrever-se e ter equipas, a ideia é existirem várias equipas, vários grupos”.

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