Diário do Alentejo

VII Clássico do Achigã – Cidade de Moura contou com a participação de 47 embarcações

07 de julho 2024 - 08:00
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Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

A embarcação tripulada por Ramon Vaz de Menezes e Filipe Espanhol venceu o VII Clássico do Achigã – Cidade de Moura, disputado na barragem de Alqueva. A equipa capturou 10 exemplares com o peso de 11,790 quilogramas e o maior exemplar do segundo dia de prova, com 2,090 quilogramas.

 

Texto Firmino Paixão

 

A sétima edição do Clássico do Achigã – Cidade de Moura, competição de pesca ao achigã organizada pelo Moura Desportos Clube, reuniu 47 embarcações, para um desafio de dois dias de navegação pelos cantos e recantos do maior plano de água da Europa, procurando o maior e mais volumoso número de capturas.

Os dois dias de competição proporcionaram às 45 equipas (duas delas ficaram em branco), um total de 295 exemplares, com um peso global de 249,455 quilogramas (143,79 no primeiro dia, 105,665 no segundo). O maior exemplar foi capturado no primeiro dia de prova, pela equipa número 28, de Joaquim Lavado/ /Hélder Pegacho, e pesava 2,695 quilogramas. O segundo maior exemplar (2,090 quilogramas) foi pescado, no segundo dia, pelos vencedores da competição, Ramon Menezes/Filipe Espanhol.

O veterano e muito experiente Ramon Menezes (que já vencera a segunda edição, em 2019) disse ao “Diário do Alentejo: “Apanhámos, realmente, muito peixe, apesar de ter sido uma competição muito cansativa, porque o peixe não estava disponível em todos os locais. Estava muito localizado em determinados sítios e foi preciso descobri-lo”.

O pescador, natural de Gabela (Angola), de 71 anos, lembrou: “Temos várias formas de pescar, mas aquela que funcionou melhor, e que nos deu os peixes maiores, foi a pesca de superfície, porque o peixe está a sair da desova, esteve um mês parado a descansar no fundo da barragem, agora está a subir e a regressar, aos pouco, aos seus habitats”. Ramon Menezes mostrou conhecer bem o plano de água. “Conheço bem a barragem. Alqueva é uma barragem de sonho, é a minha preferida. Tenho uma habitação em São Marcos do Campo [concelho de Reguengos de Monsaraz, distrito de Évora] e conheço muito bem esta barragem. Sou o pescador mais antigo do País e a minha vida foi sempre neste tipo de pesca. Já ganhei muita coisa, mas não olho para isso, não venho para ganhar, venho para fazer o melhor e aqui, mais uma vez, correu bem”.

O Clássico do Achigã 2024 foi o primeiro grande evento realizado após a recente inauguração do Centro Náutico de Moura, um facto assinalado por Manuel Ramos, responsável pela organização, referindo: “É sempre importante que consigamos ter as condições mínimas necessárias à realização deste tipo de eventos. Temos condições únicas ao nível de Portugal e da Europa, quer em termos de massa de água, quer no acesso das embarcações ao plano de água e do espaço envolvente. Agora, com uma praia fluvial, com o espaço do Centro Náutico, são infraestruturas que há algum tempo eram necessárias, e que, uma vez construídas, acrescentaram mais qualidade a esta organização”. No entanto, lamentou: “O espaço está um pouco limitado para o estacionamento dos reboques das embarcações, porque os visitantes da nova praia fluvial e os visitantes dos operadores turísticos tornam o espaço um pouco exíguo para uma organização desta envergadura. Mas são pormenores que terão de ser melhorados e que, no futuro, poderão fazer a diferença”.

A elevada cota de armazenamento de água não prejudicou o desempenho das equipas, explicou Manuel Ramos, justificando: “É sempre bom, porque cria mais habitats que antes estavam fora de água e agora ficaram submersos e que o achigã, como predador que é, passou a dispor para se emboscar e para procurar fazer a sua alimentação”. Nesse aspeto, insistiu: “Foi bom, porque a água ficou mais oxigenada e os peixes beneficiam com isso, ganham mais força. O achigã é um peixe muito combativo, desportivamente. Uma espécie que motiva o interesse dos pescadores, o que se confirma com esta realização que atrai tantas pessoas, tornando-se, igualmente, uma mais-valia económica para o concelho de Moura”.

Preservar as espécies – pescar e libertar –, uma preocupação visível com a devolução ao seu habitat após a pesagem das capturas. Manuel Ramos lembrou: “A nossa intenção é darmos a conhecer o peixe e também a necessidade, direi, até, obrigatoriedade, de o preservar, porque as pessoas terão de perceber que se tivermos aqui peixe trazemos gente, se não o tivermos, as pessoas não virão”. E recordou, também: “Todas as embarcações estão apetrechadas com um reservatório oxigenado, cada equipa pode apresentar cinco capturas, sendo que a sexta é sempre trocada pelo exemplar mais pequeno que tiver, no sentido de acumular o maior peso possível nos cinco peixes que serão entregues vivos na pesagem, com uma medida sempre superior a 27 centímetros, para preservar os jovens. Tudo isso leva a que o pescador cuide dos peixes como um jogador de futebol cuida da bola. O peixe é a nossa bola! Sem bola não conseguimos fazer o nosso jogo, sempre numa perspetiva de preservar o peixe para que as gerações futuras possam continuar este desporto e uma atividade saudável que os impeça de enveredar por outros caminhos”.

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