Diário do Alentejo

Uma bola de neve

01 de junho 2024 - 12:00
Messejanense junta-se ao Mineiro Aljustrelense no mesmo patamar competitivoFoto | Firmino Paixão

O Grupo Desportivo Messeja-nense concluiu o Campeonato Distrital da 2.ª Divisão no segundo lugar e regressou à divisão principal da Associação de Futebol de Beja, após uma ausência de duas décadas nesse patamar.

 

Texto e Foto Firmino Paixão

 

Foi com uma derrota caseira, ante o Grupo Desportivo de Santa Luzia, que o Messejanense fechou esta época competitiva. Um resultado negativo, o sexto na temporada, que não retirou brilho, nem mérito, ao percurso que a equipa trilhou, sob o comando de Marco Hortense, rumo à 1.ª Divisão Distrital da Associação de Futebol de Beja. O técnico, que já assumiu a sua continuidade no emblema do concelho de Aljustrel, recordou: “A subida de divisão não foi um objetivo assumido no início do campeonato. Foi algo em que fomos acreditando aos poucos. Tínhamos uma equipa com muitos jogadores novos, mas fomos progressivamente acreditando que teríamos tudo o que precisávamos para podermos subir de divisão. Fomos consolidando esse desejo e conseguimo-lo. O segundo lugar em que terminámos a prova foi digno e merecido, bem como a nossa promoção ao escalão principal”.

 

Os bons resultados fizeram com que o grupo de trabalho se motivasse e acreditasse que seria possível. Era uma bola de neve…Sim. Tínhamos sempre presentes as metas que o clube nos propôs, mas nós também temos objetivos pessoais. Claro que qualquer treinador, ou jogador, estará sempre focado em conseguir o melhor possível, tem sempre a maior ambição e foi um pouco isso que sucedeu. O grupo motivou-se, foi, aos poucos, construindo esse percurso, porque acreditamos sempre, e a direção, vendo a nossa produção, também começou a acreditar. Quando todos remam no mesmo sentido, as coisas tornam-se mais fáceis.

 

O Ferreirense revelou uma grande supremacia. Depois, houve ali uma luta pelo segundo lugar, entre o Messejanense e o Albernoense…O Ferreirense, além de ter uma excelente equipa, sempre bem orientada por Miguel Silva, fez um campeonato muito regular e manteve os parâmetros sempre a um nível elevado. Raramente perderam pontos. Foram uns justos campeões da segunda divisão. Nós, de facto, envolvemo-nos numa luta, inicialmente com o Barrancos e o Albernoense, e, mais adiante, apenas com a equipa de Albernoa, terreno onde conseguimos vencer na penúltima jornada, ganhando uma vantagem que nos garantiu desde logo a subida de divisão.

 

Conseguiu reunir um conjunto de jogadores com muita qualidade?Sim, temos aqui jogadores com grande qualidade, que já estão a ser assediados para outro tipo de palcos. Tem sido gratificante para nós, clube e treinador, ver que temos atletas a jogar na segunda divisão distrital que estão a ser cobiçados até por equipas do Campeonato de Portugal. Isso deixa-nos orgulhosos pelo trabalho que fizemos e naturalmente, também, pelo mérito deles.

 

O Marco é um treinador jovem, está a valorizar a sua carreira com a frequência do curso UEFA B. Que significado tem este sucesso para si?Tem um grande significado. Foi ótimo para mim. Nós procuramos sempre atualizar-nos em termos de informação e quando vamos obtendo os créditos dessa valorização, é natural que nos sintamos orgulhosos e com a sensação de que estamos a percorrer o caminho certo. Procuro sempre evoluir, iniciei, recentemente, esta nova aventura, depois de uma longa carreira de jogador, e estou sempre disponível para aprender, para evoluir, para ser melhor homem e melhor treinador.

 

A estrutura do Messejanense está preparada para assumir o escalão principal do futebol regional?Obviamente que, em termos de plantel, terão de existir algumas contratações, porque, certamente, sairão alguns atletas. Como disse, alguns destes jogadores estão a ser cobiçados para voos mais largos. A primeira divisão tem exigências diferentes ao nível do treino e da competição, nomeadamente, a compatibilização com horários de trabalho, e perderemos alguns valores. Teremos que contratar atletas com a mesma qualidade. Não será fácil, estou certo disso, mas tentaremos fazê-lo.

 

Na próxima época o Messejanense terá um relvado sintético, porém, nesta época, andou com a casa às costas…A estreia desse novo piso coincidirá, curiosamente, com o regresso do clube à primeira divisão distrital, 20 anos depois da última passagem por esse patamar. Esperamos entrar com o pé direito. A última época foi extremamente complicada, não obstante tudo ter sido feito para minimizar a deslocação para Aljustrel, para treinar e jogar. Tudo foi feito e agradecemos esse facto, no sentido de nos sentirmos em casa, mas é sempre diferente, porque implicava deslocações para treinos após o final do treino da equipa local, o que nos fazia terminar o trabalho muito tardiamente. Os jogadores foram, e são, uns autênticos guerreiros, pelo total compromisso que tiveram, treinando tarde e, às vezes, com condições climatéricas difíceis.

 

Na próxima época teremos então esses dérbis entre o Mineiro e o Messejanense…Serão dérbis que iremos reviver. Há bastante tempo que não acontecem. Serão dérbis, com tudo o que isso sempre envolve, mas serão, estou certo, momentos para fortalecer a amizade que sempre tem existido entre os dois clubes.

 

Pela forma como tem comentado o futuro, percebe-se que está já comprometido com o Messejanense para a próxima época?Sim. Já conversámos e acho que faz todo o sentido. Depois de termos abraçado este projeto e termos conseguido subir de divisão, acho que seria injusto, tanto para um lado, como para o outro, não darmos seguimento a este percurso. Costuma dizer-se que “em equipa que ganha não se mexe”. Levámos isso à letra e vamos continuar a trabalhar no sentido de fazermos uma época novamente digna para o Messejanense.

 

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