“Não demos ao mister Mauro Santos tudo o que ele gostava, nem o que o Serpa merecia. Proporcionámos-lhe tudo aquilo que esteve ao nosso alcance e cujos compromissos podemos cumprir”, garantiu Francisco Picareta, presidente do Futebol Clube de Serpa.
Texto Firmino Paixão
O dirigente elencou um conjunto de prioridades, à cabeça das quais a estabilidade financeira do clube, a permanência no Campeonato de Portugal, a oferta de prática desportiva aos jovens da terra e a manutenção dos escalões de formação com atletas do concelho, um compromisso sempre em sintonia com os sócios e entidades que apoiam e patrocinam o clube. Para já, “garantir a manutenção tão cedo quanto possível”, revelou.
Quais são as expectativas dos órgãos sociais para a época em curso?
As nossas expectativas para esta época passam por alcançarmos a manutenção mas conseguindo-a de uma forma mais descansada, não guardando para o último minuto do último jogo. É esse o nosso objetivo: primeiro que tudo, assegurarmos a manutenção, mas o mais depressa possível.
Contrariando aquilo que aconteceu nas duas épocas anteriores?
Sim, realmente nas duas épocas anteriores foi isso que aconteceu. Conseguimos a manutenção nos últimos momentos dos últimos jogos, mas esta época queremos retificar. Trabalhámos durante o defeso no sentido de termos a equipa o mais organizada possível, com maior estabilidade, para conseguirmos, tão cedo quanto possível os pontos que serão necessários para a manutenção numa prova muito difícil como é o Campeonato de Portugal.
Numa série composta por clubes com outro poder económico…
Direi que esta série é até mais difícil do que a da época passada. Defrontaremos equipas com capacidade para fazerem grandes investimentos e o Futebol Clube de Serpa é um clube que é dos seus associados e está a competir num campeonato em que provavelmente mais de metade dos clubes são sociedades anónimas desportivas [SAD], com investimentos de empresários muito superiores aos do Serpa, com organizações muito profissionais quando nós somos amadores a tentarmos trabalhar de forma o mais profissional possível.
O clube cumpre a quarta época consecutiva no Campeonato de Portugal. É este o caminho?
É o caminho da estabilidade a este nível. É isso que pretendemos. Temos vindo a trabalhar em conjunto com o município, com a união de freguesias e com os nossos patrocinadores para estabilizarmos o clube a nível financeiro e depois a nível desportivo. O caminho será este, é por aqui que vamos, em conjunto com as entidades púbicas e privadas, com os sócios e com as gentes da nossa terra, porque a opinião é unânime de que esta nossa presença na competição trouxe muita dinâmica, muita alegria e muito ânimo à cidade de Serpa. Todos valorizamos muito esse facto.
Eventualmente, a equipa técnica e os jogadores terão a ambição de atingir outros patamares, porém, crescer sem o edifício estar bem alicerçado…
O Futebol Clube de Serpa neste momento não tem o objetivo de subir à Liga 3, aliás, as infraestruturas que tem nem sequer o permitem. É obrigatório um campo de relva natural, nós o que temos homologado é sintético, temos um relvado natural mas ainda não tem as condições necessárias. Estamos bem assim, com os pés assentes no chão, queremos garantir a manutenção no Campeonato de Portugal e quando isso acontecer… “o sonho comanda a vida”.
Ainda assim, construíram um plantel mais forte e equilibrado que o da época anterior?
O melhor e o pior, veremos no final do campeonato. Mas acreditamos que é uma equipa mais experiente, uma equipa em que nestes anos que estamos neste patamar pudemos dar continuidade ao plantel de uma época para a outra e acima de tudo em posições chave. Reforçámos o plantel com outros jogadores que eram fundamentais, já estamos aqui pela quarta época, já conhecemos bem este campeonato, conhecemos bem o modo de jogar e o pragmatismo que tem que existir e o respeito por todas as equipas, por que o ponto aqui sai muito caro.
Com um orçamento necessariamente superior ao das últimas épocas?
Não. Os custos que temos com a estrutura técnica e com os jogadores são muito idênticos aos que existiam. O Serpa tem cumprido rigorosamente com todas as pessoas que passam por aqui, e isso dá-nos um conforto muito grande quando vamos falar com os atletas, porque sabem que aquilo que combinam é o que recebem. Sabem as condições que lhes proporcionamos e o respeito que temos por eles. Tudo isso pesa na sua decisão. Costumo dizer que os nossos melhores embaixadores são os jogadores e os treinadores que passam por cá. Junto deles recolham as informações que precisarem.
Os sócios estão identificados com o processo? Caminham ao vosso lado?
Os nossos associados dão o retorno que podem dar. Financeiramente ajudam com as suas quotas, sabendo nós o esforço que fazem para o cumprir. Mais importante do que isso é o carinho que sentimos na rua, o conforto pelas coisas estarem a ser bem feitas e por andarmos neste patamar onde o Serpa já não andava há muito tempo. Arrisco-me a dizer que, excetuando as décadas de 50 e 60, será a primeira vez que o clube está quatro anos consecutivos em provas nacionais. Sentimos esse reconhecimento de todas as pessoas, sócios ou não, entidades, e isso dá-nos um conforto muito grande, um estímulo enorme para quem trabalha aqui dia a dia.
O clube mantém uma equipa b na segunda divisão distrital. É uma retaguarda de apoio?
A equipa b tem um contexto especial muito próprio. Não a vemos como uma reserva para alimentar a equipa principal. É, antes, um espaço para os jovens da terra jogarem futebol. Não tem possibilidade de treinar várias vezes por dia, são jovens maioritariamente desta cidade, esse é o espaço deles. É um trabalho de responsabilidade social que temos perante os jovens da nossa cidade, tal como manteremos o trabalho na formação, aliás, temos orçamentos separados para cada uma das áreas. Teremos, pelo segundo ano consecutivo, todos os escalões de formação. Fazemos formação com os jovens da cidade e do concelho, não fazemos seleções para conquistarmos títulos. Queremos fazer crescer o número de jovens a praticar desporto.