Nas margens do rio Mira, e quase à beirinha da costa atlântica, com as “mais belas praias de Portugal”, não faltarão recursos para que a secção de natação do Núcleo Desportivo e Cultural de Odemira forme campeões.
Texto Firmino Paixão
O Complexo Desportivo Municipal Dr. Justino dos Santos, na vila de Odemira, integra uma piscina coberta com 25 metros devidamente homologada para a realização de provas nacionais. É ali que o Núcleo Desportivo e Cultural de Odemira (NDCO) desenvolve a sua atividade regular e, a exemplo do que sucede noutros concelhos da região, “em partilha com a escola municipal de atividades aquáticas, onde os miúdos fazem a sua adaptação ao meio aquático e aprendizagem da modalidade, antes de optarem, ou não, pelas turmas de pré-competição do núcleo”, assegurou Bernardo Matos, presidente do NDCO e coordenador técnico da modalidade.
A natação do núcleo está, portanto, numa boa onda?
Sim, estamos numa fase de transição para um novo momento de atividade já em distância olímpica, os 50 metros. Estamos com 16 nadadores, entre infantis e masters. Por norma, não temos hipóteses de treinar nesta distância. A piscina que temos, para uso diário, é de 25 metros, então, aproveitaremos ao máximo todas as hipóteses que tivermos de competir em piscinas de 50 metros e prepararmo-nos o melhor possível para as competições e os desafios que temos pela frente.
Qual é o limite da vossa ambição?
A ambição mantém-se e passa por conseguir motivar esta criançada o melhor possível, para que diariamente, semanalmente, mensalmente e época a época, melhore e se supere, que encontre na natação também uma forma de darem valor à sua personalidade e darem aso aos seus intentos desportivos.
Utilizam uma piscina de 25 metros que é das poucas, neste distrito, homologadas para ali receber competições…
Sim, neste ano Odemira recebeu dois eventos com a chancela da Associação de Natação do Alentejo. Ficámos felizes por esse facto e, obviamente, que estaremos sempre disponíveis para, em qualquer momento, podermos receber outras provas organizadas por esta associação territorial. Nós, da nossa parte, estamos inteiramente disponíveis e, certamente, também o município de Odemira tentará igualmente contribuir, na medida do que for possível, na ajuda que se dá à Associação de Natação do Alentejo, disponibilizando aquele equipamento municipal e os meios necessários para que as provas corram dentro da maior normalidade e com a melhor qualidade possível.
O núcleo não faz o processo de adaptação ao meio aquático nem os primeiros níveis de aprendizagem?
Antes de passarem para o clube, os miúdos terão, primeiro, que passar por uma aula específica da escola municipal de atividades aquáticas. O núcleo tem um protocolo com o município de Odemira, que é quem dinamiza as aulas da referida escola. Ainda assim, podemos receber atletas diretamente na equipa de competição, mas terão de mostrar valências que o justifiquem. Nesta época voltámos com os cadetes e com a turma da pré-competição e estamos com esses oito atletas, esperando que aqueles que ainda estão em infantis bês consigam subir, para engrossarem o número de atletas desta equipa.
A proximidade do litoral e de praias com muita qualidade potencia o aparecimento de nadadores ou nem por isso?
Não necessariamente. A natação é um desporto algo sui generis e de alguma forma custoso a nível temporal. O concelho de Odemira tem as suas particularidades ao nível de dimensões. Os quilómetros que, às vezes, se fazem entre as diferentes localidades podem não ser muitos, mas o compromisso com as escolas, o tempo gasto em transportes, os horários e as dificuldades para integrar todos esses fatores de forma definida e concreta, acaba por nos retirar alguns atletas com potencial para abraçarem esta modalidade como o seu desporto preferencial. Por outro lado, temos também muitos outros clubes que dinamizam outro tipo de desportos, sejam eles individuais ou coletivos e, obviamente que, perante as dimensões do concelho, também a nível populacional, não dá para todos os clubes terem, por exemplo, 40 ou 50 atletas, especialmente, ao nível do desporto individual. Portanto, isso é mesmo moldarmos o barro que temos na mão e tentarmos fazê-lo da forma mais profissional e concreta possível.
Que peso tem a natação na atividade global do núcleo?
Na realidade, estamos aqui só a falar de natação mas, de facto, o núcleo não é só natação. O núcleo mobiliza um grande número de pessoas também no atletismo e, neste ano, nas duas modalidades em conjunto, apresentamos cerca de 60 atletas federados nas diferentes associações. Temos uma grande fatia de atletas ligados não só ao atletismo de pista e de estrada, mas agora também um elevado número de atletas que correm trail, essa vertente que está agora muito em voga, e estas são as nossas duas grandes atividades que temos. Temos lidado, ao longo das várias épocas, com estes dois desportos individuais.
Que impulso pode ser dado para que a natação odemirense ganhe uma projeção maior?
É difícil responder, porque podemos cair no erro de não nomear quem, às vezes, merece ser nomeado, ou de estar a induzir em erro por algum tipo de aceção que pode não ser a mais correta possível e, às vezes, estar aqui a castigar com palavras quem não deve. Concretamente, acho que, ao nível na natação ou do atletismo, a única solução que temos é continuarmos a fazer um trabalho que seja profissional e estrutural e acreditar que, ao fazê-lo assim, as pessoas, alunos e atletas vão aparecer.
Mais modalidades, mais atletas, mais necessidade de apoios. O clube lá terá as suas receitas próprias, mas sempre insuficientes?
O clube usufrui do apoio municipal estipulado, anualmente, ao nível do Plano Municipal de Apoio ao Desporto do município de Odemira. Essa é a nossa grande fonte de apoio, e de aporte, para conseguirmos suportar todas as despesas com a logística necessária à manutenção da nossa actividade. Mas temos equilíbrio orçamental. Temos contabilidade organizada e, com o devido cuidado, temos levado sempre as épocas a bom porto, com aquilo que se quer de uma entidade sem fins lucrativos. E esperamos que mais atletas adiram aos desportos que dinamizamos, porque temos a crença de que tudo aquilo que fazemos é bem feito.