O Torneio de Xadrez de Vidigueira mantém a sua tendência de crescimento. A oitava edição contou com mais xadrezistas, mais equipas e, uma vez mais, com a participação do “mestre” Vítor Morais, do Clube EDP-Lisboa, várias vezes campeão nacional na categoria de veteranos.
Texto e Foto | Firmino Paixão
O Torneio de Xadrez de Vidigueira é uma organização do município local, com a colaboração do Clube de Xadrez de Vidigueira e da Associação de Xadrez de Beja, tradicionalmente inserido nas comemorações do 25 de Abril. O certame voltou a realizar-se na Biblioteca Municipal Doutor Palma Caetano. Carlos Cristo, diretor do torneio, revelou ao “Diário do Alentejo”: “Nesta oitava edição tivemos mais jogadores e também uma mais-valia que foi o facto de termos mais equipas participantes, o que, de certa forma, mostra que o torneio está a valorizar-se”. Comentou ainda: “Os clubes que já tinham vindo cá, em edições anteriores, voltaram a estar presentes, continuam a enviar novos jogadores nas diferentes equipas, também reconhecemos pessoas que participaram em edições anteriores, o que mostra que o torneio tem cativado os clubes e cativado os xadrezistas”.
O torneio, mais uma vez, disputou-se no sistema aberto em semi-rápidas, tendo o seu diretor adiantado: “Tem duas versões de competição, um torneio oficial, para os jogadores federados, e um torneio popular, que fomenta mais o convívio entre as pessoas, porque é uma prova mais amigável, que acaba por proporcionar essa dualidade entre a socialização e a prática desportiva do xadrez, num dia dedicado especialmente a esta modalidade. Depois, a vertente competitiva mantém sempre o patamar mais elevado, com a disputa entre jogadores com um perfil já mais competitivo, mostrando aqui a pureza daquilo que é a prática do xadrez”.
A tradição e a qualidade do torneio têm trazido à Vidigueira mestres de elevada qualidade, como o consagrado António Fernandes que, há anos, aqui fez “uma simultânea”, mas também nomes como Carlos Carneiro, Júlio Santos e Vítor Morais, xadrezista que, neste ano, voltou ao Alentejo para vencer a oitava edição da prova. Carlos Cristo, admitiu: “Tivemos cá não só os xadrezistas de mesa de café, mas também praticantes de renome nacional têm aqui marcado a sua presença todos os anos, e isso acaba por ser um marco numa modalidade desportiva praticada no interior do Alentejo, onde será pouco provável que o xadrez vingue com maior relevância mas, cá está, continua marcar pontos na Vidigueira, conseguindo unir, na nossa terra, desportistas que vieram, por exemplo, de Beja, de Ferreira do Alentejo, de Évora, mas também de Setúbal, de Lisboa e do próprio Algarve”.
Outro facto foi a presença na prova de alguns praticantes estrangeiros, ainda que representem clubes nacionais, mas deixa antever que o torneio poderá, em breve, dar um passo na direção da internacionalização. Carlos Cristo deixou a nota: “Além dos xadrezistas que têm um palmarés mais elevado no xadrez nacional tivemos, também, alguns estrangeiros. Ao olharmos para as listas de participantes já nos surpreendemos por vermos alguns nomes russos, sabendo que são praticantes como uma forte presença na modalidade. Mas nós estamos cá para jogar, para conviver, para valorizar o xadrez sempre que possível e, simultaneamente, para estabelecer laços de amizade entre todos”.
Quanto à atividade do Clube de Xadrez de Vidigueira, entre torneios, o dirigente assumiu: “Não é tanta como gostaríamos, mas o ponto verdadeiramente positivo é que este encontro anual, este torneio que organizamos, inserindo-o nas comemorações do 25 de Abril, consegue fazer aquilo que diariamente não conseguimos, que é termos um local onde os xadrezistas pratiquem a modalidade e promovam o clube”.
A parte social, a mostra do território, foi outro ponto da agenda, e, neste ano, sob o lema de Vasco da Gama, um símbolo indissociável da Vidigueira. “Quando se fala em Vidigueira, aquilo que nos vem logo à mente são o vinho ou o Vasco da Gama, e mesmo quando se fala em vinho, também se fala no Vasco da Gama, porque ele tem a imagem do navegador associada. Neste ano quisemos integrar uma componente mais educativa com uma vertente também turística e de conhecimento do património, o próprio xadrez é uma modalidade que envolve uma componente de raciocínio, de pensamento, estratégia e uma determinada cultura, também, porque para desenvolver o raciocínio, no próprio xadrez, convém que exista leitura, leituras de velhos xadrezistas, de práticas de ‘saídas’, portanto, acaba tudo por estar associado, e essa vertente cultural permite ao visitante, principalmente, quem vem até nós praticar a modalidade, ter um momento de descontração após o almoço, conhecendo a localidade.
No ano passado visitámos o museu municipal, neste ano, como o tema é o Vasco da Gama, demos destaque à Torre do Relógio, com o símbolo mandado fundir pelo navegador em 1520, passámos pela sua escultura que se encontra na praça Vasco da Gama, em frente à escola do mesmo nome e que é atualmente o museu, isto para que as pessoas saiam daqui enriquecidas pelo conhecimento da nossa gastronomia, da nossa diversidade cultural e, claro, pela prática da sua modalidade de eleição”.