A Federação Portuguesa de Ténis de Mesa decidiu, neste ano, descentralizar pelas capitais de distrito as comemorações do Dia Mundial do Ténis de Mesa, data que, em Portugal, se assinala há uma década.
Texto e Foto | Firmino Paixão
A Associação de Ténis de Mesa de Évora, por delegação da sua tutela, desenvolveu ações promocionais da modalidade no Pavilhão Desportivo do Centro de Cultura Desporto do Bairro da Conceição, em Beja, e na Arena de Évora. A associação tutela sete clubes, três no distrito de Beja, quatro no distrito de Évora. Fernando Raposo, vice-presidente da associação, também praticante no clube de ténis de mesa do Externato António Sérgio, em Beringel (Beja), revelou ao “Diário do Alentejo”: “O propósito da Associação de Ténis de Mesa de Évora é cativar mais praticantes para a modalidade. Estas ações (realizadas no passado dia 26 de abril, embora o dia mundial se comemorasse a 23) estão inseridas numa estratégia que está a ser desenvolvida pela Federação Portuguesa de Ténis de Mesa, que, neste ano, decidiu descentralizar as comemorações pelas diferentes regiões do País”.
A ideia, completou o dirigente, “é tornar a modalidade cada vez mais universal e mais inclusiva, por isso, em boa hora se decidiu esta descentralização de comemorações, que a associação regional acolheu com particular interesse”. O que se pretende, especificou Fernando Raposo, “é adquirir novas clientelas, novos praticantes para uma modalidade que estava um pouco adormecida em Beja, com poucos praticantes e, esses poucos, na maioria em faixas etárias já a rondar a veterania. Queremos rejuvenescer a modalidade”.
A atual realidade do ténis de mesa no Alentejo passa pela existência de sete clubes, dois em Serpa, outro em Beringel, e os restantes no distrito de Évora, nomeadamente, em Arraiolos, Viana do Alentejo e Montemor-o-Novo. O dirigente lamentou: “A cidade de Beja, propriamente dita, não tem sequer um clube, mas vamos tentar sensibilizar os dirigentes do Centro de Cultura e Desporto do Bairro da Conceição para, sendo possível, criarem uma secção de ténis de mesa, porque o estatuto da cidade de Beja, enquanto capital de um distrito com tamanha dimensão geográfica, justifica a existência de, pelo menos, um clube a disputar os campeonatos federados”.
Fernando Raposo recorreu ao exemplo da vizinha cidade de Serpa, dizendo: “Uma cidade que tem sido o grande baluarte do ténis de mesa no Baixo Alentejo, com duas equipas a disputar o Campeonato Nacional da 2.ª Divisão de Honra e uma que concorre no Campeonato Nacional da 2.ª Divisão, para além da equipa que disputa o campeonato regional de Évora, e todas em lugar de destaque”.
Depois, lembrou que o Clube de Ténis de Mesa do Externato António Sérgio, ao qual pertence, já tentou atrair mais praticantes, nomeadamente, jovens: “Temos conseguido cativar quatro ou cinco novos atletas, um exemplo que está a ser seguido pelos restantes clubes, e que, caso os jovens mantenham o seu entusiamo e o compromisso com os clubes, poderá, a médio prazo, resultar na renovação das equipas e na sua continuidade”.
Outro dos focos da associação, fez notar, é tentar recuperar clubes que já têm algum histórico na modalidade, nomeadamente, em Aljustrel e em Odemira, mas, assumiu, “neste momento, isso não passa de um processo de intenção”, salientando que recolheram algum entusiasmo das pessoas, mas o processo ainda não passou muito disso, acreditando, porém, que, no próximo ano, possam ter algum sucesso com esta intenção.
O ténis de mesa é uma modalidade que é transversal a muitas gerações, mas não é caso para dizer que se pratica dos oito aos 80 anos, porque o exemplo que daremos ultrapassa essas fronteiras. Ilídio Mira Coroa foi um dos entusiastas da modalidade que fez questão de comparecer no Bairro da Conceição. Com visíveis dificuldades de mobilidade, foi com naturalidade que lhe perguntámos a idade, sabendo que estávamos em presença de um dos pioneiros do ténis de mesa neste distrito “Tenho 97 e meio, vou a caminho dos 98 anos”, respondeu com a clareza e a lucidez de quem ainda pega numa raquete, o que até não demorou muito tempo a fazer. Antes, fez saber: “Vim aqui a convite da minha filha. Sou amante do ténis de mesa e não resisti a esse apelo”. Mira Coroa recordou: “Há muitos anos que me iniciei nesta prática, foi em Beringel, embora eu natural de Santa Vitória [Beja], e ainda hoje o faço”. Contou depois: “Mandei fazer uma mesa a um carpinteiro de carros de tração animal, não me lembro já quanto paguei por ela, mas nunca mais deixei de jogar, porque levei-a para a minha casa”.
Revelou também: “A Sociedade Recreativa de Beringel também tinha uma mesa e era lá que jogávamos, depois fui ensinando outras pessoas e a tradição mantém-se naquela terra”. Nessa altura, Carlos Gomes, jogador do Externato, fê-lo lembrar que, nesse tempo, iam numa carrinha de caixa aberta para disputar torneios em Moura e em Aljustrel, outras vezes a caminho do Algarve. Antes de se colocar em jogo, fazendo dupla com Rui Ferro, para defrontarem Carlos Gomes e António Bentes (na foto), ainda quase nos convenceu a aderir a essa prática.
“O ténis de mesa faz bem à saúde. Gostos não se discutem mas, sabe, eu gosto imenso disto, fazemos exercício físico e convivemos. É um desporto que não dá problemas como dá o futebol, que anda tudo ao pontapé a agredirem-se. Aqui a bola bate ou não bate na mesa”.