Diário do Alentejo

Nuno Mamede, coordenador local do Desporto Escolar, elenca os caminhos a seguir

17 de dezembro 2022 - 11:30
Um novo olhar sobre o desporto
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Corta Mato Regional do Desporto Escolar disputou-se na cidade de Beja, com uma elevada participação, no regresso de todos os escalões à competição. O Corta Mato Nacional será em março, no Norte do País.

 

Texto Firmino Paixão

 

Com cerca de 800 inscrições, disputou-se nos terrenos anexos ao Complexo Desportivo Fernando Mamede, na cidade de Beja, a edição 2022 do Corta Mato do Centro Local de Desporto Escolar do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral.

 

Nuno Mamede, o coordenador do centro, destacou a elevada participação de alunos e a prestimosa colaboração dos docentes, deixando também a ideia de que só com uma efetiva interação entre as escolas, os clubes e as associações será possível rentabilizar os propósitos do Programa Estratégico do Desporto Escolar em vigor para o quadriénio 2021/2025.

 

Sobre o Corta Mato Regional, Nuno Mamede deixou a nota de que o balanço foi “naturalmente positivo”.

 

“Desde logo, porque conseguimos regressar às nossas actividades com todos os escalões presentes. No ano passado, ainda num período pós-covid, tivemos os escalões muito limitados. Nesta edição, já estiveram aqui mais escalões, desde os infantis aos juvenis, uma participação com mais de 800 alunos inscritos. Portanto, podemos considerar que este Corta Mato, uma das bandeiras do Desporto Escolar, pela forte dinâmica que envolve, foi bem-sucedido”.

 

Cada agrupamento escolar realizou, previamente, o seu próprio corta mato, revelou Mamede, anunciando que “as escolas apuraram os três primeiros classificados de todos os escalões, e os melhores seis no escalão de iniciados”.

 

“Aqui, no Corta Mato Regional, faremos o mesmo, são apurados os três primeiros classificados de cada escalão e género, seis nos iniciados e mais uma equipa nesse escalão, que participarão no Corta Mato Nacional, que será disputado no próximo mês de março, no Norte do País”.

 

O coordenador lembrou ainda que: “Este é o maior evento regional do Desporto Escolar, é sempre aquele onde temos o maior número de participantes, é a actividade onde, habitualmente, temos mais escolas inscritas e também mais alunos a participar”, fazendo notar que “os professores é que dão andamento a isto e são, realmente, os grandes dinamizadores desta e de outras actividades, quer nas diferentes escolas, mas, também aqui no terreno, acompanhando os alunos. É uma disponibilidade, se calhar, pouco reconhecida, mas sem dúvida que sem os professores não conseguiríamos criar estas dinâmicas e esta participação tão maciça. E repare que o quadro de docentes está cada vez mais envelhecido”.

 

Num breve olhar sobre os resultados, Nuno Mamede vincou que, “normalmente, os alunos que se classificam nos primeiros lugares são também alunos que estão federados na modalidade, já têm uma prática regular do atletismo e conseguem bons desempenhos, não só aqui, como em termos nacionais”, sustentando que: “Não existe qualquer limitação à participação de alunos que estejam federados nas diversas associações de modalidade. Os alunos das nossas escolas têm todos os mesmos direitos e deveres, logo, o que fazem fora da escola não contribui para os admitir, nem para os excluir destas provas do Desporto Escolar. Os resultados relevantes a nível nacional dos atletas da nossa região são esporádicos mas, normalmente, temos um desempenho satisfatório e bem conseguido”.

 

Quanto à implantação do Programa Estratégico para o Desporto Escolar, o docente garantiu que este “tem estado em franco desenvolvimento com uma grande aposta cada vez mais na nossas estruturas e a tentar dotar as escolas de condições, cada vez melhores, para a prática desportiva”.

 

No entanto, não deixou de referir que: “Temos, obviamente, restrições e algumas limitações orçamentais que nos vão, digamos, limitando algumas actividades, mas esse é o quadro geral do nosso País e, naturalmente, não conseguimos fugir dele”.

 

E deu um exemplo: “Este ano, não teremos campeonatos nacionais no escalão de juvenis, nas várias modalidades”. Ainda assim, sublinhou que “o Desporto Escolar e o desporto em geral, no nosso País, precisa de ser olhado com outros olhos, sendo mais respeitado e mais valorizado, porque achamos que continuamos a ser um País com pouca prática desportiva, com os miúdos a terem pouca actividade. Na comparação com o nível europeu, então, os números são assustadores, e acho que se deveria olhar para isto com outros olhos”.

 

O atual Programa Estratégico para o Desporto Escolar preconiza uma forte ligação entre a comunidade escolar e o movimento associativo, algo que Nuno Mamede reconhece. “Sim, há efectivamente essa preocupação da nossa parte e pensamos que das associações também.Acho que as associações de modalidade, e os clubes, percebem facilmente onde têm os seus alvos e esse local são as escolas. Se não conseguirem aproximar-se das escolas e construir uma relação próxima com todas elas, que é o local onde estão as crianças, vão ter dificuldades de crescer e de dinamizar as suas actividades e os seus clubes, ou seja, uma proximidade grande entre as escolas, os clubes e as associações tem tudo para resultar e é a única forma de conseguirmos mudar um bocadinho esta nossa realidade”, concluiu.

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