Diário do Alentejo

"Queremos dar mais ao clube"

26 de novembro 2022 - 12:00
O professor Diogo Brantuas é o coordenador técnico do Clube de Patinagem de Beja
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

Recolocar as equipas jovens do Clube de Patinagem de Beja nos campeonatos nacionais, recuperando a mística do passado, é a motivação com que Diogo Brantuas, antigo jogador do Futebol Clube Oliveira do Hospital, aceitou o cargo de coordenador técnico do emblema bejense.

 

Texto Firmino Paixão

 

"O que eu quero, essencialmente é recuperar o passado deste clube. O Clube de Patinagem de Beja (CPBeja) já tem um grande historial”, assegurou Diogo Brantuas, justificando: “Costumo dizer que o clube tem muito potencial e tem jogadores incríveis que eu, se calhar, nunca treinarei noutras zonas do País e isso reflecte que aqui existe muito potencial”.

 

Porém, fez notar: “Esse potencial tem que ser desenvolvido. Durante a pandemia e no período subsequente, acho que as coisas estagnaram um pouquinho, mas nós temos que voltar a ser aquilo que já fomos”, afirmou.

 

O convite do Clube de Patinagem de Beja para coordenador técnico surpreendeu-o?

Sim, fiquei surpreendido, porque cheguei aqui em agosto de 2021, momento em que enviei o meu currículo para o clube. Houve aqui alguns... não direi entraves, mas foi um processo um pouco lento. Pensava que, com o currículo que tinha e com a formação académica que possuo, seria mais fácil entrar numa colectividade como o Clube de Patinagem de Beja. Contudo, neste segundo ano aqui por Beja e já com um novo presidente no comando da direcção, fui convidado para este desafio e fiquei muito grato por isso ter acontecido.

 

Foi um pouco o reconhecimento, ou uma avaliação positiva, daquilo que tem sido o seu percurso na modalidade?

Sim, é legítimo. Quando cheguei a Beja ninguém me conhecia, era uma pessoa completamente nova na cidade. Já percebi que as pessoas daqui primeiro querem conhecer a pessoa e só depois é que lhe manifestam a sua confiança, digamos assim. Mas isso em nada afectou a minha postura no clube, percebo isso perfeitamente e, volto a referir, estou muito grato ao clube, porque, após um ano, toda a gente conhece o meu trabalho. Acho que não crio anticorpos, muito pelo contrário, estou satisfeitíssimo por estar aqui em Beja.

 

De que forma tem contribuído para o crescimento e para a valorização deste clube?

Não está a ser tão fácil como eu projectei. Sou docente e estou a trabalhar em Silves, o que requer algum esforço da minha parte, porque me desloco diariamente para aquela cidade. No final do dia regresso a Beja e, sempre que posso, venho até à casa da patinagem bejense, que é este Pavilhão João Serra Magalhães, onde dou os meus treinos à equipa Sub/17. Mas a envolvência com os outros escalões e com a iniciação à patinagem não está a ser aquela de que eu gostava. Tento sempre falar com os técnicos que lideram as outras equipas mas, efectivamente, o Clube de Patinagem de Beja precisava de uma pessoa mais presente e eu não tenho correspondido àquilo que queria fazer. Mas estamos a trabalhar, todos, no mesmo sentido, temos objectivos definidos e estamos a fazer o melhor possível. Quero dar mais a este clube, tenho mais para dar e isso não tem sido possível.

 

Está mais preocupado em repor o palmarés do passado ou em projetar um novo futuro para o Clube de Patinagem de Beja?

Estou preocupado com ambos os processos. Acho que é preciso projectar o futuro, porque nós temos que recrutar atletas para a iniciação à patinagem e, posteriormente, para o hóquei em patins. Essa é a base de todo o projecto e é o que, neste momento, nos está a faltar. Mas também temos que dar continuidade aos escalões que já existem em Beja. Esses escalões já têm o seu treino de base, que foi bem executado, e agora é retomar as qualidades físicas e técnicas desses atletas, para que possamos ser uma referência nacional, como Beja já foi. O CPBeja era um clube que frequentemente ia aos campeonatos nacionais e temos, rapidamente, que regressar a essa realidade. 

 

Os novos órgãos sociais estão em início de mandado, mas nota-se uma grande dinâmica em torno do clube…

Sinto-me muito apoiado. Não tenho nada a dizer desta nem da anterior direcção. Pelo contrário, em ambos os casos deram-me tudo, apoiaram-me e apoiam-me incondicionalmente, com muita vontade e muito entusiamo para que as coisas aconteçam. São direcções próximas uma da outra, nenhuma delas concorreu contra a outra, as pessoas são praticamente as mesmas, só houve necessidade de mudar algumas coisas porque, como sabemos, o associativismo, no meu ponto de vista, está em vias de extinção e, sem as pessoas nada se faz, não será por estar cá um, dois ou três técnicos mais conceituados, que conseguirão, sozinhos, projectar o clube para outro patamar. O importante são as pessoas e os atletas e, se não conseguirmos cativar pessoas para trabalhar em prol de uma causa e com uma missão, nada fará sentido.

 

O clube competiu, já este ano, em diferentes torneios pelo País e na vizinha Espanha. São momentos que projetam o CPBeja?

Claro que sim, estamos numa posição geográfica que nos coloca um bocadinho longe de outros clubes, mas a minha ideia para este clube é fazê-lo mexer. Nós temos que nos mexer, temos que ir praticar hóquei patins a outros locais, temos que trazer novas ideias para aqui e, nesse aspecto, tem sido fantástico. A direcção tem apoiado. Fomos a um torneio em Sevilha, fomos a Oliveira do Hospital, ao Troféu Joaquim Caçapo. Estamos vivos.

 

O ser humano, às vezes, oferece muita resistência à mudança. Sendo novo na cidade e no clube, não tem sentido isso à sua volta?

Não! Nunca senti nada disso. Cheguei a uma cidade nova, vim eu, a minha esposa já cá estava, e veio a minha filha. E foi este clube que me abraçou. Foi este clube que abriu os braços e me apoiou. Não temos por cá mais ninguém, temos as nossas actividades profissionais, somos nós os três e o Clube de Patinagem de Beja e eu estou extremamente grato a estas pessoas que, sem me conhecerem de lado nenhum, me deram tudo aquilo que tinham.

 

As metas desportivas passarão, certamente, por colocar o maior número de equipas da formação em competições nacionais?

Sim! Mas, como é que eu posso dizer isto? Deixe-me falar agora um bocadinho enquanto técnico principal do escalão Sub/17. O nosso principal objectivo será que esta equipa obtenha o melhor resultado possível. Transmitimo-lo a todos os encarregados de educação no início da época. Achamos que é a equipa que tem potencial para disputar o campeonato nacional. Não sabemos se o vamos conseguir. Trabalhamos, todos os dias, para que isso aconteça. Não somos os principais favoritos, mas vamos à luta.

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