Diário do Alentejo

Hélder Oliveira, treinador do Almodôvar, tem ambição na sua “pronúncia do Norte”

18 de outubro 2025 - 08:00
“Quero ser campeão!”
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O futebol não tem fronteiras. A sua universalidade, por vezes, surpreende-nos. Hélder Oliveira, de 29 anos, nascido em Espinho, com muitas vivências desportivas no Porto e na Amadora, rumou mais ao sul para liderar, no Clube Desportivo de Almodôvar, um projeto ambicioso.

 

Texto Firmino Paixão

 

“Trabalhei no Estrela da Amadora onde conheci o nosso diretor Carlos Casimiro, que conhece bem o trabalho que eu deixei no clube”, revelou o treinador do Almodôvar, adiantando: “Ele acreditou em mim e construiu esta ponte entre a Amadora e Almodôvar para que eu viesse treinar no distrital de Beja. Gostei do projeto que me foi apresentado e cá estou”.

 

O Almodôvar venceu dois jogos fora de casa. Os pontos que se conquistam no terreno dos adversários são determinantes para as contas finais?

Sabemos que fomos vencer a dois campos muito complicados e historicamente difíceis para a equipa do Almodôvar, mas nós, jogando em casa ou fora, temos uma multidão sempre a acompanhar-nos que também nos ajuda imenso, pois fazem sempre com que nos sintamos em casa. E lá está, o futebol jogando em casa ou fora o campo é o mesmo e a qualidade do futebol depois vê-se e reflecte-se no resultado. Para nos vencerem, terão de correr muito mais do que nós ou vão ter de ter a sorte do jogo, porque, de resto, em qualidade, ninguém é superior a nós e ninguém corre mais do que nós. Tenho um orgulho enorme nos meus rapazes porque fazem um trabalho enorme. Vamos continuar...

 

A classificação do campeonato ainda não reflecte bem a realidade das equipas porque há jogos em atraso…

Sim, mas confesso que nem pensamos muito nisso. Vamos caminhando jogo a jogo porque ainda é muito cedo para fazer contas ou olhar para a classificação, obviamente que é sempre importante estar bem posicionado, mas ainda temos muito campeonato pela frente e nós sabemos que ganhando os nossos jogos acabaremos a prova na frente e seremos campeões.

 

O próximo jogo será com o Albernoense, uma equipa que veio do segundo escalão, ainda que isso não tenha grande significado…

Todos os jogos do Almodôvar serão para ganhar, independentemente de quem seja o adversário. A mensagem é essa. Sejam equipas que subiram de escalão ou que desceram do Campeonato de Portugal, pouco importa, porque nem olhamos para o adversário, porque o nosso pensamento é que todos os jogos são para ganhar. Vamos respeitar a equipa de Albernoa, como respeitamos o Castrense, o Moura e todas as outras equipas que se perfilam como candidatas. No Almodôvar não temos outra forma de trabalhar que não seja ganhar jogos.

 

Na Taça Distrito de Beja, troféu que o Desportivo de Almodôvar conquistou na última época, os objetivos também são ambiciosos?

Claro que sim. O Almodôvar, como já referi, quer vencer todos os jogos, sejam eles de que competição forem. Competiremos sempre para ganhar e para conquistarmos as competições, taças ou campeonatos, onde estejamos inseridos. O nosso pensamento e a nossa determinação são esses e nem poderia ser de outra forma. Temos uma equipa cheia de miúdos com muita capacidade para lutarem, acreditando e lutando sempre até ao fim, não obstante as incidências que ocorrerem no jogo. O nosso principal objetivo é o campeonato, isso está assumido desde o início, mas, obviamente que a Taça Distrito de Beja também é uma meta importante, até pelo histórico que o clube tem nessa competição. Portanto, queremos ganhá-la de novo, até porque depois nos dará o apuramento para a Taça de Portugal, o que é sempre muito importante para o clube e para as pessoas de Almodôvar.

 

Nesta época o clube caiu na segunda eliminatória no terreno do Sporting de Espinho. O futebol do Norte é mais competitivo?

Muitas vezes é também uma questão das “armas” que se possuem, dos orçamentos que são claramente superiores aos praticados nos distritais de Beja. O Sporting de Espinho é um histórico. Curiosamente, sou natural daquela cidade, conheço o clube como ninguém, sabia que seria um jogo muito difícil para nós, porque eles combatem com outras “armas” e isso notou-se no jogo, embora o resultado tenha sido extremamente injusto pelo volume do marcador. Mas quando se cometem erros contra certas equipas pagamos bem caro.

 

Que conquistas lhe propôs a direção do Desportivo de Almodôvar para esta época desportiva?

Acima de tudo pediu-nos que fôssemos uma equipa competitiva, que tivéssemos sempre aquela raça almodovarense dentro do campo e é o que temos feito. Mas o meu objetivo é ser campeão. Quero ser campeão. Não trabalho de outra forma, a direção não me pediu isso, pediu-me que fôssemos competitivos em todas as provas distritais, mas, para mim, a meta é ser campeão. O Almodôvar é sempre candidato ao título e sê-lo-á até ao fim. Andaremos nessa luta até final.

 

O plantel foi escolha sua?

Noventa por cento do plantel foi constituído por mim, mantendo os que estavam no clube e são da terra, respeitando o trabalho que foi feito na época anterior, mas, acima de tudo, foi construído na base do que eram as minhas ideias e a forma como eu vejo o futebol. A direção deu-me liberdade total para tomar decisões e o resultado está à vista com uma equipa claramente competitiva e que encaixa nas ideias do treinador. Temos jogadores da terra, que são os mais importantes do nosso plantel, que ensinam aos outros o que é o futebol deste distrito e o que é jogar em Almodôvar, portanto, nunca iremos quebrar esse elo entre a equipa e os seus adeptos. Mas não só pelo que representam para a equipa e para a comunidade, também, porque eles têm qualidade.

 

Como se avalia como treinador nesta que é a sua primeira experiência na região?

Sou um treinador que gosta de ter equipas intensas, que mandem no jogo, que façam “das tripas coração”, um bocadinho ao estilo do Norte, que é de onde eu venho, equipas com capacidade para acreditar e lutar sempre pelos objetivos, olhando sempre os adversários nos olhos e que pratiquem um futebol atrativo para que os adeptos usufruam. É assim que me vejo como treinador e como pessoa, sempre atrás de objetivos maiores.

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