O Piense Sporting Clube, o líder invicto da série A do Campeonato Distrital da 2.ª Divisão da Associação de Futebol de Beja, cometeu a proeza de eliminar o Praia de Milfontes da Taça Distrito de Beja, mas a equipa, orientada pelo experiente Ricardo Cravo, promete mais e melhor.
Texto Firmino Paixão
“A nossa missão, de facto, é a subida à divisão principal”, admitiu Ricardo Cravo, de 61 anos, técnico que nesta época voltou ao Alentejo para treinar o Piense. Porém, adiantou: “Antes disso teremos de pensar em ser apurados para a segunda fase, aquela em que o título e a promoção serão discutidos”. O técnico também sabe que “o campeonato tem seis ou sete equipas muito interessantes, equipas que, seguramente, lutarão pelos dois primeiros lugares, e nós não podemos distrair-nos, temos de ter os pés bem assentes na terra. No próximo domingo, teremos já aqui um adversário difícil, o Bairro da Conceição, num jogo em que teremos de lutar muito pelos três pontos”. No último domingo, o Piense afastou o Milfontes da Taça Distrito de Beja, com uma vitória merecida, por 4-2.
Quando se marcam quatro golos a um adversário do escalão superior, num jogo a eliminar, o mérito e a justiça do triunfo são inquestionáveis?
Sim. Antes de mais quero dar os parabéns aos meus jogadores, porque eles foram extraordinários, foram fabulosos. Interpretaram bem aquilo que foi pedido, impuseram-se no jogo de uma forma magnífica, não esquecendo que defrontámos um excelente adversário, com um treinador experiente, num jogo em que nós fomos claramente superiores. Foi um dia bom para nós, porque os jogadores trabalharam muito e mereceram esta vitória. Depois, termos um público a apoiar-nos desta forma intensa e magnífica também é fundamental para estas vitórias.
Qual é a ambição do Piense nesta Taça Distrito de Beja?
A nossa ambição nesta prova é irmos pensando jogo a jogo. Nós temos uma missão que é sermos apurados para a segunda fase do nosso campeonato. Na Taça Distrito, iremos jogo a jogo, disputando cada um deles como se fosse uma final, aliás, no nosso campeonato já pensamos também desta maneira, porque temos de trabalhar muito durante a semana. Agora vamos esperar pelo próximo adversário, mas a realidade é que merecemos inteiramente passar à próxima eliminatória. Mas deixe-me dizer, de novo, que estes jogadores e todo este público afecto à nossa equipa estão de parabéns pela entrega e pelo entusiasmo com que viveram esta partida.
A equipa já marcou 19 golos em quatro jogos, um índice de realização que, certamente, terá o seu significado?
Sim, é um índice muito interessante. A nossa forma de jogar é muito ofensiva, criamos muitas oportunidades de golo, temo-las concretizado e é nesse caminho que teremos que continuar a trabalhar, porque, de facto, esta direção e os associados do clube merecem que nós trabalhamos muito. E os jogadores têm sido extraordinários na forma exemplar como se entregam ao trabalho no dia a dia. São ambiciosos e sabem bem o que querem.
O modelo de jogo e a forma como os jogadores o interpretam influi no rendimento?
Sim, temos um modelo de jogo que nós implantámos e em que estamos a trabalhar, em que o objetivo é fazer golos e não os sofrer. Tem resultado, temos um rigor tático e um equilíbrio muito grande. Os jogadores têm interpretado bem aquilo que tem sido pedido e isso é fundamental pois, no dia em que os jogadores não o fizerem, as coisas pioram. Mas este grupo tem sido rigoroso e por isso é que está de parabéns.
Quer acrescentar ao seu palmarés um título no futebol de Beja, pois já os conquistou nos distritos de Évora, Lisboa, Setúbal e nos Açores…
Falta-me um em Beja e um dos propósitos de eu ter vindo para cá foi tentar ser campeão e subir de divisão. Tenho várias subidas de divisão, nos seniores e na formação, mas o meu pensamento é, de facto, nesta época, conseguir subir este clube. Quero trabalhar aqui. Fui muito bem recebido por estas pessoas, é aqui que eu quero permanecer e pensar no sucesso deste clube. Já conheço o Piense há muitos anos, tenho conhecimento dos campeonatos pelo país inteiro. Este era um namoro antigo e neste ano acabou em casamento. Por mim, mesmo sabendo que o futebol não se compadece com estas coisas, se pudesse, estaria aqui mais cinco ou seis anos. Mas temos de pensar semana a semana, trabalhando para dignificar este emblema.
Esta é a sua quarta experiência no futebol alentejano. A anterior passagem por aqui tinha sido no União Serpense, um projeto inacabado?
Sim, foi com o União Serpense, um projeto do qual prefiro não falar. Prefiro falar no presente e no clube que represento, com um grande sentimento de gratidão por estar aqui.
A sua experiência é enorme. Quer deixar aqui a sua marca?
Claro. Já passei pela segunda liga profissional, pela antiga terceira divisão, pelo Campeonato de Portugal, pelos campeonatos distritais, já estive lá fora, no Brasil e na Irlanda. Sou um treinador que tanto treina nos distritais como no Campeonato de Portugal, portanto, para mim não há divisões, treino onde me desejam, onde me querem e onde gostam de mim, independentemente da divisão. Vim para cá ajudar com a minha experiência, mas sem jogadores com carácter nada se consegue. Mas estes atletas trabalham bem e estou muito feliz por estar aqui.
O plantel que encontrou oferece-lhe garantias de sucesso?
Sim. Era o plantel que estava no clube, ao qual juntámos três reforços. É um plantel que a direção escolheu, mas que nos dá garantias. Fiz um estudo profundo sobre estes jogadores e troquei impressões com várias pessoas e, neste momento, estou muitíssimo satisfeito. Conto com todos, infelizmente não podem jogar todos ao mesmo tempo, mas é com todos eles que conto. É um grupo unido. Costumo dizer que dentro do amadorismo somos grandes profissionais e é com esse pensamento que trabalhamos. A equipa técnica sente isso, os jogadores também, pois quem joga no campo destes, com um relvado natural espetacular, com um público como o do Piense, só pode estar feliz. Este clube é muito grande e estamos a trabalhar para dignificar esta camisola.