Diário do Alentejo

“A nossa principal motivação é voltarmos a competir”

04 de maio 2021 - 15:00

O Campeonato Nacional de Andebol da III Divisão, seniores masculinos, será retomado no próximo dia 8 de maio, dia em que a Associação Cultural e Recreativa Zona Azul se deslocará ao pavilhão do Torrense.

 

Texto Firmino Paixão

 

Motivada e com a ambição de dar o seu melhor, será esta a postura da equipa de seniores masculinos da Zona Azul, na retoma do Campeonato Nacional da III Divisão. Sem pressão competitiva, mas focados no companheirismo, na promoção da modalidade e na visibilidade do clube. É este o sentimento expresso pelo treinador Hugo Estanque, à vista de uma deslocação difícil ao pavilhão Pedro Lobato, em Amora, onde jogarão com o Torrense.

 

Como tem sentido a moral e a força anímica da equipa da Zona Azul?

 

Tivemos uma paragem muito prolongada e, inevitavelmente, o pessoal desligou-se um bocadinho. Senti algum receio, primeiro por não saber se haveria ou não retoma, depois porque a partir do momento em que soubemos que existiria, não sabia qual iria ser a resposta do grupo, relativamente a essa retoma. Competimos dois meses, parámos três e agora regressamos novamente à competição para, de uma forma um bocadinho mais acelerada, acabarmos o campeonato. Eu estava com algumas dúvidas. Mas a própria Federação de Andebol de Portugal não obrigou a que os clubes tivessem que terminar as provas.

 

Qual foi a orientação federativa?

 

Quem estava na III Divisão e sentisse que não tinha condições para concluir a prova não sofreria qualquer penalização e o campeonato concluía-se com as equipas que aceitassem continuar. Transmitimos essa mensagem aos atletas e eu próprio coloquei-me do lado deles, concordando com a decisão que viessem a tomar. O clube também deixou essa porta aberta e os jogadores optaram, maioritariamente, pela continuidade em prova. Mais do que a parte competitiva, importa estarmos de novo uns com os outros, mantermos a modalidade ativa, deixando para segundo plano a questão dos resultados. Vamos, portanto, retomar.

 

Ao confinamento e ao sedentarismo sucedeu um período de três semanas para recuperação dos índices físicos…

 

Nada será igual, por isso não se poderá exigir muito em termos competitivos, quando viemos de uma paragem de três meses. Por muito que se estimulem os atletas, esse processo partirá um bocadinho de cada um deles, da sua disponibilidade e do seu compromisso, se assim não for será fácil cairmos um bocadinho no relaxamento. Como estávamos impedidos de reunir o grupo, mesmo fora do pavilhão, devidos às restrições sanitárias, passámos para os atletas a responsabilidade de se manterem minimamente ativos. Planeámos alguns treinos ao ar livre e depois regressaremos ao pavilhão para prepararmos o primeiro jogo. Teremos o apoio de alguns juvenis para compormos o plantel e fazermos com que eles também retomem a sua atividade. Tentaremos falar com o CCP Serpa para sabermos da sua disponibilidade para fazermos algum treino, para ganharmos alguns estímulos que façam crescer a motivação e que permitam minimizar as dificuldades com a falta de ritmo.

 

A questão competitiva, como referiu, estará em segundo plano, mas ninguém entra em campo sem a ambição de ganhar?

 

Não entraremos em campo para perder, mas também não vamos entrar com a obrigação de ter que alcançar determinado resultado. Já começámos assim a época, tentando fazer o melhor, e fazer o melhor é vencer. Mas a nossa principal motivação e a principal satisfação será voltarmos aos treinos e voltarmos a competir. Quanto mais motivados estivermos melhor será o nosso rendimento, tendo em conta todas as restrições. Temos o primeiro jogo com o Torrense, sabemos que a derrota com o Serpa nos atrasou um bocadinho mas passam duas equipas à próxima fase e o Torrense, porque perdeu com o Serpa, acaba por ser o nosso adversário direto. Empatámos com o Redondo, perdemos pontos com equipas que à partida não ganharão ao Torrense, nem ao Serpa, mas não vamos estar focados nisso. Se conseguirmos o acesso à próxima fase será mais um prémio e a possibilidade de termos mais cinco jogos, porque essa fase será a uma só volta. Mas não vamos estar com a pressão de termos que ganhar ou termos que subir. O principal é estarmos motivados.

 

O próprio campeonato, tendo apenas cinco equipas, é muito limitado em matéria de competitividade…

 

Sim, limita imenso, e a margem de erro também diminui muito. Faz com que a pressão aumente para quem tiver objetivos de subir de divisão. Com todas estas paragens, pode até tornar-se um bocadinho frustrante. Por exemplo, no início de janeiro, quando jogámos com o Serpa, podíamos estar num bom momento, como estava o Serpa, e agora, com esta paragem, podemos ter atletas indisponíveis e, de repente, as condições alteram-se. E a perspetiva que o clube tem num determinante momento pode mudar completamente no espaço de três meses.

 

Uma suspensão tão prolongada dos escalões de formação também limita o próximo futuro do clube?

 

Claramente. Repare que a decisão de abdicarmos da II Divisão resultou, também um bocadinho, dessa dificuldade que vinha a ser sentida na captação de atletas. Estávamos a ficar cada vez com a formação “mais curta”. Desta geração de 2001/2002, que terminou o ano passado, muitos deles saíram e o que veio de trás são estes miúdos que temos nos juvenis, mas que, sendo poucos, já tiveram que fazer o salto de infantis para juvenis porque os escalões foram alterados. E agora estiveram quase dois anos sem competir. Isso, aliado ao facto de o número ser reduzido, torna ainda mais complicada a projeção, a curto prazo, da própria equipa de seniores… já nem falo a médio prazo. Para o ano, não sabemos com é que será, daí o clube ter invertido também um pouco o rumo e apostado na sua reorganização, focando-se mais na formação, quer no masculino, quer no feminino, algo que lhe dará maior visibilidade. O regresso dos seniores até será importante porque permitirá que se volta a falar de andebol e que não exista esta ausência de quase um ano numa modalidade que estava a ser exemplo para a formação. Queremos mostrar que estamos cá, que o andebol e o clube estão vivos e que são uma referência para quem chega e quer praticar a modalidade.

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