Diário do Alentejo

“É cada vez é mais difícil cativar jovens para o desporto”

19 de abril 2021 - 15:50

O Campeonato Nacional da III Divisão de Andebol, em seniores masculinos, será retomado no dia 9 de maio. O Centro de Cultura Popular de Serpa, líder do seu grupo, regressará aos treinos a 19 de abril.

 

Texto Firmino Paixão

 

Se o plano de retoma da atividade desportiva se mantiver, o Centro de Cultura Popular de Serpa receberá, no dia 9 de maio, a formação do Costa d’Oiro, de Lagos, no Pavilhão Carlos Pinhão, na cidade de Serpa. Até lá, a equipa comandada por Manuel Ramos iniciará uma segundo período de preparação técnico/tática e de apuro físico, como referiu o treinador do conjunto serpense, atual líder do Zona 7: “Isso é certo, o período de paragem foi longo e, no regresso, convém recuperar os níveis de condição física que nos permita enfrentar da melhor forma o que resta da temporada”.

 

Certamente que os níveis de ansiedade também estão bastante elevados?

 

Têm-se mantido elevados, porque existia alguma incerteza, primeiro na forma como se iria processar o regresso à competição, depois como seriam definidas as jornadas que faltam ainda disputar.

 

Durante o período de suspensão do campeonato os atletas mantiveram alguma atividade a nível individual, no sentido de manterem a forma física?

 

Quanto a isso, os atletas foram aconselhados a manterem alguma atividade a nível individual, mas, como é óbvio, são situações que dependem da vontade de cada um.

 

Foi-lhes facultado algum modelo de treino específico, para fazerem à distância?

 

Não, até porque no momento em que iniciámos a paragem ainda não tínhamos uma data prevista de regresso, nem sabíamos se alguma vez iríamos continuar a competição.

 

O grupo é o mesmo que iniciou a época ou registou algum abandono?

 

Do grupo que iniciou a época já tínhamos tido o abandono do João Brito, que, por motivos pessoais, decidiu não continuar a prática desportiva. Agora, mais recentemente, tivemos também a saída do Cristiano Dias, um dos nossos guarda-redes, que foi trabalhar para a Suíça.

 

A ausência de formação é uma contrariedade enorme para uma equipa que se reforça, principalmente, nos seus escalões mais jovens?

 

A ausência de formação é um problema para nós. Neste momento sofremos as consequências da falta de prática desportiva dos jovens. É um problema que é comum a todos os clubes, porque cada vez é mais difícil cativar as faixas etárias mais baixas para a prática desportiva.

 

O CCP Serpa ganhou os três jogos que disputou (em Redondo, em casa com o Torriense e em Beja). O próximo jogo será em Serpa, com o Costa d’Oiro (Lagos). Quais são as expectativas, mesmo a esta distância?

 

As expectativas são boas, e queremos terminar a primeira volta da melhor forma, em primeiro lugar e só com vitórias.

 

Que significado tem esse primeiro lugar que, atualmente, a equipa ocupa na Zona 7?

 

De momento, representa somente a liderança na Zona 7. Nada está garantido, temos que continuar a trabalhar e ter consciência que esta paragem não foi benéfica para ninguém. Quem se apresentar melhor, depois desta fase, pode tirar proveito e alterar por completo o rumo do campeonato.

 

Também não existem certezas quanto à conclusão do campeonato?

 

As certezas, nesta altura, não são muitas, até ao recomeço pode haver alterações. O calendário foi planeado para terminar esta 1.ª fase até dia 12 de junho, vamos esperar que assim seja.

 

Se vencer o Grupo 7, qual será a próxima etapa competitiva?

 

Se correr tudo normalmente será a passagem à segunda fase do campeonato, sendo que, no nosso grupo, passam duas equipas.

 

O objetivo é o regresso à II Divisão Nacional?

 

O objetivo é a passagem à segunda fase, que nos permitirá lutar depois pela subida. O regresso à II Divisão Nacional é algo de que não abdicamos de lutar, mas é preciso cautela e tomar consciência da dificuldade competitiva que um campeonato dessa dimensão acarreta. Por vezes, é preciso colocar o dedo na ferida, nem todos os jogadores estão comprometidos com esses sacrifícios, viagens mais longas, por vezes jornadas duplas, épocas festivas preenchidas com jogos…

 

Com o público ausente do pavilhão a motivação não é a mesma?

 

A motivação tem que ser sempre a mesma, pois o gosto pela modalidade tem que estar sempre presente mas, claro, sem o público os jogos perdem alguma emoção e nós sempre gostámos de ter o nosso público presente no pavilhão.

 

Uma modalidade como o andebol, classificada como de risco médio de contágio, pode sair muito penalizada desta pandemia, fazendo crescer a taxa de abandono?

 

Esperemos que assim não seja, que o gosto pela modalidade prevaleça e que possam aparecer mais jovens para a prática desta atividade desportiva.

 

Em sinal contrário está o apuramento da seleção nacional para os Jogos Olímpicos, que pode ser um fator de motivação?

 

A seleção nacional foi um orgulho para todos nós, e o melhor elogio é podermos dizer que, ao contrário do que acontecia há alguns anos, agora podemos ombrear com qualquer adversário mundial. Tem sido incrível observar a evolução dos jogadores e a imagem positiva que têm feito passar da modalidade. Motiva-nos e faz-nos acreditar que com esforço e dedicação é possível sempre fazer melhor.

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