O Campeonato Nacional de Corridas de Galgos decorreu, no último fim de semana, na pista municipal de Cuba, com a participação de 56 exemplares e organização a cargo da Federação Nacional de Galgueiros.
Texto Firmino Paixão
O campeonato nacional realizado, no fim de semana passado, na vila de Cuba, reuniu os 56 animais (cachorros, galgos nacionais e galgos importados) mais pontuados nas diferentes competições regionais organizadas pelas associações tuteladas pela Federação Nacional de Galgueiros: Associação Galgueira e Lebreira do Norte (Vila do Conde), Associação Galgueira do Centro (Pêro Moniz/Cadaval) e Associação Galgueira de Cuba que, neste momento, tutela a modalidade na região Sul do País, após a suspensão, no início de 2020, da atividade da Associação Galgueira do Sul, que tinha sede em Castro Verde.
Vasco Freire, vice-presidente da Federação Nacional de Galgueiros, organismo com sede em Vila do Conde, revelou ao “Diário do Alentejo”: “O local de realização desta final nacional é de rotatividade entre as diferentes associações, num ano fazemos no sul, território da associação de Cuba, noutro ano na região centro e noutro no norte, descentralizamos esta competição pelas três associações existentes”.
Em competição estiveram 24 cachorros, que são os animais com idades entre os 14 e os 24 meses, e 32 adultos, 16 nascidos no País, outros 16 importados. A competição, explicou o porta-voz da federação, é, afinal, “um convívio onde se veem famílias inteiras, pois esta é uma modalidade pequena e muito amadora”. E continuou: “Não existem aqui interesses financeiros, nem prémios monetários, não há apostas, nem nada disso. Cada família tem um, dois ou três exemplares, competem nas suas associações regionais e se tiverem a sorte de possuir um galgo que seja competitivo estarão presentes num dia como este. Um dia em que o País inteiro está aqui representado na vila de Cuba”.
A dinâmica e um maior crescimento da modalidade têm estado condicionados, lamentou o dirigente. “Nos últimos anos, devido a uma atividade anti qualquer coisa que envolva animais, e muito por desinformação, não tem existido crescimento, mas tem-se mantido estável”. “Hoje em dia”, acrescentou Vasco Freire, “já nos tem sido permitido informar um pouco mais e dar a conhecer a modalidade para desfazermos alguns mitos que têm sido emitidos por pessoas que nunca viram um cão destes a correr ou nunca estiveram com um cão destes”. Portanto, vaticinou: “Esperamos que daqui para a frente seja possível continuar a crescer de uma forma sustentada, com gente de bem e gente que queira bem aos cães e bem à nossa modalidade”.
Confrontado com a suspensão da Associação Galgueira do Sul, o vice-presidente federativo revelou: “A criação da Associação Galgueira de Cuba, cuja fundação é mais recente do que a do sul, acabou por retirar sócios e atividade à Associação do Sul, que tentou sobreviver ainda durante algum tempo mas as duas em simultaneidade não se revelou possível e a do sul acabou por suspender a atividade e os associados passaram para a associação de Cuba”. Contudo, fez notar que hoje em dia é a Associação do Norte que tem mais supremacia, quer em termos de associados, quer em número de galgos em competição.
O período em que a modalidade foi ameaçada pela sucessiva apresentação na Assembleia da República, por diferentes grupos parlamentares, de projetos-lei a proibir as corridas de galgos, já lá vai. “Os projetos de lei têm sido consecutivamente chumbados no Parlamento. Temos conseguido, legalmente e a nível político, a oportunidade de nos explicarmos, de viva voz, e de falarmos em factos, em estatísticas e em realidades das corridas dos galgos”, adiantou. Por outro lado, disse: “Vamos tendo algum palco junto da opinião pública, esperamos que seja possível, gradualmente, informar mais e melhor, e que o grande público perceba o que é isto, porque continuam a existir algumas entidades que estão interessadas apenas em destruir, em denegrir, em difamar e em inventar argumentos. Felizmente, nos sítios onde importa, temos conseguido fazer-nos ouvir, que é legalmente e a nível político, por isso é que continuamos em atividade”.
A verdade, como contrapusemos, é que a modalidade se tem fechado um pouco sobre si própria, dando menor visibilidade aos eventos sem os publicitar. Vasco Freire argumentou: “Estamos num período de transição. As corridas de galgos têm muitas décadas. Em Portugal existe muita tradição. Já existem várias gerações de galgueiros em atividade e durante muito tempo ninguém colocou em causa a nossa atividade. De repente começaram a aparecer publicamente pessoas com alguma força e palco, que não têm qualquer conhecimento disto, e nós, como não somos profissionais, temos a nossa vida, somos pessoas perfeitamente normais que, por acaso, têm cães, não foi possível organizarmo-nos imediatamente de maneira a combatermos isso”. Mas, concluiu: “Nesta altura, felizmente, já existem alguns projetos em mente, não só de informação, como de mostrar a vida dos cães, antes, durante e após as competições. Qualquer pessoa que aqui venha ver uma prova perceberá o que é isto. É uma atividade como o mushing, o canicross, o agility, é exatamente o mesmo, e os animais, antes das provas, são submetidos a uma inspeção veterinária e, se por algum motivo, não reunir condições, o cão não será inscrito”.
Sagrou-se campeão nacional de cachorros o galgo “Jagunço”, de Sérgio Silva (Famalicão), e o título de campeão nacional absoluto foi entregue ao galgo nacional “Rocky”, de Edmundo Martins (Bombarral).