Diário do Alentejo

Uma estrelinha inspiradora

21 de junho 2025 - 08:00
Treinador Ruben Vaz tem no palmarés a conquista de duas taças distrito de Beja, duas supertaças e a promoção do Albernoense
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

O Futebol Clube Albernoense conseguiu a tão desejada promoção ao escalão principal do futebol regional, um objetivo que perseguiu nas duas épocas anteriores. Mas, à terceira foi de vez. Rúben Vaz, jovem treinador natural de Castro Verde, subiu o IP2 para lhes dar essa ajuda.

 

Texto e Foto | Firmino Paixão

O campeonato teve dois momentos distintos: uma primeira fase, em que o Albernoense não sofreu derrotas, terminando como vencedor da sua série; um segundo momento, o decisivo, aquele em que se lutava pela promoção e pelo título, em que a formação de Albernoa sofreu as duas derrotas que limitaram a ambição de ser campeão, sem, contudo, impedir a promoção à primeira divisão. A atenuante é que o clube andou a época com “a casa às costas” e só na última jornada voltou ao seu reduto, curiosamente, para fazer a festa da subida de divisão. Ruben Vaz falou de todo esse percurso.

 

Esta foi uma época bem-sucedida com o clube a concretizar a tão desejada subida de divisão?Sim! O que nos foi exigido pela direção do clube foi a subida de divisão. Mas não vou negar que, no seio do grupo de trabalho, existia a ambição de sermos campeões, mas, a verdade é que o Odemirense fez um campeonato muito bem conseguido e devo felicitá-los pelo que conseguiram. Houve uma certa altura em que nós sentimos algumas dificuldades, nomeadamente, com lesões, que nos colocaram longe da corrida e quando perdemos com eles, em casa, o Odemirense ficou praticamente com o título assegurado. Na segunda volta da fase final estivemos melhor, recuperámos alguns jogadores e fizemos os pontos que não conseguimos na primeira volta e acabámos por atingir o objetivo.

 

Na segunda fase sofreram duas derrotas, uma com o Boavista dos Pinheiros, outra com o Odemirense… Foi um período difícil. Um período em que ficámos sem Bruno Amaro, um central muito importante na manobra defensiva da equipa, pela experiência que tem e pelos valores que partilha com os colegas. Não temos nada a apontar à derrota com o Boavista, por 3-0. Venceram com justiça. Os dois jogos com o Odemirense foram muito disputados. Infelizmente, nós só fizemos um ponto nos confrontos com eles. Têm uma boa equipa, bem trabalhada. Foram uns justos campeões.

 

Houve algum momento na época em que duvidou da possibilidade de atingir o objetivo de promoção?Desde o início que acreditei que seria possível concretizar o objetivo. Foi muito difícil, isso é verdade, até porque o plantel que recebemos tinha nove jogadores e chegou muita gente de novo. Mas permita-me que dedique esta subida de divisão a Tiago Tavares, jogador que só fez 60 minutos connosco e que teria sido uma peça muito importante na forma como projetámos a época desportiva. É um avançado muito eficaz, tem um bom trajeto no futebol distrital e teve a infelicidade de romper o tendão de Aquiles ao minuto 60, no jogo contra o Panoias, logo na primeira jornada. Voltou no final da época, mas teria sido uma peça fundamental no nosso percurso, porque sabíamos que para lutarmos pelo título precisaríamos de ter todos os jogadores connosco. Ainda houve outros ajustes, saíram e entraram jogadores, mas o presidente Pedro Jonas fez sempre um trabalho excecional. Com muita luta e com muito crer conseguiu ir atenuando essas dificuldades. Mas, sim, acreditámos sempre.

 

A chave do sucesso foi a união e o compromisso dos jogadores?Sem dúvida! Um compromisso inigualável. Até porque só na última jornada do campeonato soubemos verdadeiramente o que era jogar em casa, de resto, andámos sempre a jogar em campos emprestados, e isso ainda tornou esta subida mais especial. Se calhar, direi que este foi o meu melhor trabalho desde que sou treinador. Não é ganhar um título, foi a conquista de uma subida de divisão. Uma subida inédita, ou um título em clubes que nunca os tinham conseguido, são trabalhos que têm de ser diferenciados. Trata-se de um clube atingir um patamar de mais qualidade, diferente do que tem sido a sua história desde que foi fundado. Sobretudo, pela época que fizemos, mesmo sem campo, treinando dois dias no Penedo Gordo e à quinta-feira nunca sabíamos onde iríamos. Passámos desde Baleizão até Aldeia dos Fernandes, com muito esforço da direção e de um grupo de homens com elevada assiduidade aos treinos. Um compromisso tão elevado na segunda divisão é algo fantástico,

 

Ruben Vaz treinou o Castrense, falhou o título e o nacional por um golo e um ponto, mas conquistou duas taça distrito e duas supertaças. Esta época colocou o Albernoense na 1.ª Divisão. Qual é a estrelinha que o acompanha?A estrelinha é gostar muito do que faço. Trabalhar muito, dedicar-me cada vez mais e saber reunir-me com as pessoas certas. É muito importante termos equipas técnicas de qualidade, estarmos sempre bem aconselhados. Perguntou-me se não tive momentos de dúvida. É claro que temos, mas estamos bem acompanhados e as pessoas não nos deixam cair. A equipa técnica é muito importante, e o apoio sempre presente da família atenua esses momentos mais angustiantes e retempera-nos a moral.

 

Numa equipa que ganha não se mexe. Continuará como líder do Albernoense?Vamos conversar. Há vontade de ambas as partes em prosseguirmos este caminho. A semana que passou foi para desfrutarmos um bocadinho das alegrias, acalmar as emoções, e brevemente conversaremos. A equipa técnica e a direção do clube discutirão com que equipa e com que objetivo daremos seguimento a este projeto. O Albernoense chega agora à primeira divisão, temos de dar um passo maior daquele a que estávamos habituados, temos de planificar bem a época, planificar com segurança, com qualidade e andar sempre acima dos lugares da despromoção. Agora que temos um piso relvado no nosso campo, o recrutamento de jogadores será muito mais fácil, sem dúvida.

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