Diário do Alentejo

Jorge Aniceto regressou à direção técnica do atletismo bejense

04 de dezembro 2022 - 09:00
Criar novas dinâmicas
Foto | Firmino PaixãoFoto | Firmino Paixão

A Associação de Atletismo de beja já realizou a sua tradicional Gala dos Campeões, premiando os atletas que ao longo da última temporada mais se distinguiram nas diferentes disciplinas, em estrada, corta mato e pista.

 

Texto Firmino Paixão

 

“Foi o último momento da época que findou, foi também um evento que se realizou no início de uma nova temporada”, anuiu Jorge Aniceto recentemente regressado à direção técnica Regional da Associação de Atletismo de Beja. Contudo, o técnico assegurou que já estão “a pensar no futuro. A Gala de 2023 já está planeada e já foi atribuída, acontecerá em Castro Verde. O município já disse que sim, mas será num registo um bocadinho diferente e esperemos que para melhor. E vamos começar já a trabalhar para que, chegada a altura, esteja tudo programado, será esta antecipação que marcará todos os nossos eventos futuros”, garantiu.

 

Por outro lado, com o regresso de Aniceto chegam, também, novos desafios. “Queremos acompanhar a evolução dos tempos, queremos ter mais jovens atletas, queremos gente nova mas, ao mesmo tempo, queremos continuar a ter connosco as pessoas que fazem parte da história do atletismo no distrito de Beja”, completou.

 

Vai partilhar essa responsabilidade com o juiz da modalidade, João Batista, outra figura muito dedicada ao atletismo…

Essa foi uma condição que coloquei para regressar a estas funções, pelo facto de nem sempre poder estar presente nas provas. Quis ter alguém comigo que conheço bem, o João Batista, pessoa que é muito trabalhadora e que tem muitos conhecimentos da modalidade. Estamos a criar uma boa equipa preparando-o, eventualmente, para ele, no futuro, assumir a direcção sozinho. Mas eu não teria disponibilidade para desempenhar esse papel sozinho, porque não estamos a falar apenas da cidade de Beja, temos responsabilidades no distrito todo, para nos reunirmos, para desenvolvermos programas e outras actividades. Durante a semana eu estarei disponível, no fim-de-semana teremos o João nas pistas a pôr em prática esses programas.

 

Quais são as grandes ideias para dinamizar a modalidade nos próximos tempos?

Quando regressei fiquei muito desiludido com os números tão reduzidos de atletas que possuímos. Vamos tentar dinamizar, de novo, a faixa infanto-juvenil, para voltarmos a ter mais miúdos a praticar, termos mais competições com mais participantes, sobretudo nestes escalões jovens, até à idade de juvenis. Felizmente, nós temos muitos atletas veteranos, em ambos os géneros, mas se formos ver, os benjamins, infantis e iniciados são cada vez menos. Temos que voltar a ter uma pirâmide competitiva correctamente construída, com um elevado número de atletas nos escalões de formação. Depois, queremos reforçar as parcerias com os municípios de todo o distrito. Um processo que está a correr bem, para desenvolvermos actividades nos diferentes concelhos. Já temos várias provas agendadas, alguns regressos, também ideias para desenvolvermos mais um ‘meeting’ e provas de trail. Em Beja foi feito um investimento na pista do complexo desportivo e o município quer desenvolver o espaço e nós estamos completamente de acordo com isso. Tentaremos conversar com a Federação de Atletismo de Portugal, no sentido de realizarmos aqui mais provas. Estamos a analisar várias propostas para que isso seja uma realidade.

 

Nos últimos anos foi evidente um certo retrocesso, quer em número de provas, quer de participação de atletas…

Sim, mas temos que ter em atenção a conjuntura. Foram quase dois anos de pandemia, em que os concelhos mais pequenos cancelaram tudo quanto eram actividades desse tipo. Compreendemos o receio que se instalou, que obrigou a fechar instalações e suspender a realização dos eventos, mas a verdade é que os miúdos habituaram-se a ficar em casa. Agora temos que arranjar estratégias para os tirar de casa. Mas tenho informação que os organizadores estão de novo interessados em repor muitas das provas que existiam e a nossa estratégia, na Associação, é dar todo o apoio e criar dinâmicas de acordo com a tipificação de cada prova, porque nem todas podem acontecer com o intuito absolutamente competitivo, temos que promover também provas populares, para que exista um maior equilíbrio.

 

Marcaram-se provas fora do calendário competitivo, processo que não foi bem-sucedido. Algumas foram adiadas e outras tiveram uma participação reduzida...

São coisas que nem sempre têm a ver com a associação regional. Mas não quero comentar nada para trás, porque não estava na Associação. Quero é falar no futuro. Dou-lhe o exemplo do Crosse dos Cavaleiros, a última prova que foi adiada, em que a organização é a menos culpada do adiamento. O que aconteceu foi que a FAP alterou os calendários e fixou o nacional de corta mato em cima do Crosse dos Cavaleiros, e fê-lo já depois da prova de Vale de Santiago estar marcada. Conversámos sobre isso a o Núcleo de Odemira decidiu alterar a data da prova para o próximo ano, em simultâneo com o campeonato distrital. Mas ficou logo decidido que o nosso campeonato distrital da época 2023/2024 será no início de novembro e também em simultâneo com o Crosse dos Cavaleiros.

 

Faz algum sentido sobrepor os campeonatos distritais com as diferentes competições de outros organizadores? Isso não reduz o número de provas por época?

O problema é que, neste momento, o calendário é muito extenso e depois, a nível de custos, a Associação não tem capacidade financeira. Vive de duodécimos, tem que pagar aos juízes, uma despesa elevada, mas necessária, tem despesas com pessoal, tem custos com a logística, enfim, então, juntamos as provas dos nossos campeonatos a outras provas que tenham alguma dimensão e qualidade e daí resulta uma boa parceria, além de que temos os campeonatos mais participados e as provas também ganham mais expressão. Uma simbiose de que todos saem a ganhar, por exemplo, esta época, surgiram algumas dificuldades com as associações de Évora e de Portalegre e, então, voltaremos nós a organizar os Campeonatos do Alentejo de Corta Mato. A solução que encontrámos passou por nos juntarmos ao Corta Mato de Baronia. A organização ficou satisfeita e sairemos todos a ganhar porque a Baronia em vez de ter 100 ou 120 atletas, terá mais de 300. Poupamos recursos, damos melhores condições aos atletas e promovemos as localidades onde as provas decorrem, que terão um retorno mais substancial.

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