No âmbito da divulgação do projeto, são realizadas anualmente pelo menos duas ações de disseminação por área piloto, que contemplam campanhas de sensibilização ambiental dirigidas à comunidade escolar e aos múltiplos atores relevantes da região (proprietários, instituições, etc.), sempre no contexto dos riscos e vulnerabilidades do montado. Segundo a equipa do LIFE Montado-Adapt, encontrando-se o projeto neste momento em fase de implementação, não decorreu tempo suficiente para determinar de forma clara e inequívoca os resultados e benefícios obtidos, apesar de ser expectável “o aumento do sucesso das ações de reflorestação, bem como o aumento no conteúdo de matéria orgânica no solo e maior capacidade de retenção de água e incremento da biodiversidade”. O objetivo final é melhorar a sustentabilidade do ponto de vista ecológico, económico e social.
Em dezembro do ano findo, durante a 25.ª Cimeira das Nações Unidas sobre o Clima, em Madrid, o projeto coordenado pela ADPM foi um dos 10, entre centenas do Programa LIFE, apontado como merecedor de ser conhecido e acompanhado. “O reconhecimento recebido por parte do Programa LIFE (instrumento financeiro da União Europeia que apoia projetos de conservação ambiental e da natureza), durante a Cimeira de Madrid (COP-25), tem um significado muito especial por dois motivos: primeiro, foi o único projeto LIFE dinamizado por uma entidade portuguesa a ser escolhido como um dos que merece ser acompanhado; segundo, no meio de centenas de projetos LIFE, ver o LIFE Montado-Adapt ser referenciado não só representa uma valorização do trabalho que a ADPM e os seus parceiros têm realizado, como também significa uma valorização do montado como ecossistema de características singulares, que merece ser preservado e destacado”, considera Filipe Silva.
Uma vez que um dos objetivos principais do projeto é o aumento da diversidade de fontes de receita nas áreas piloto, de momento não está prevista uma nova candidatura ao programa LIFE. Mas, reconhecem os responsáveis do projeto, “sem dúvida que apoios económicos para agricultores que queiram implementar as ações promovidas pelo projeto iriam acelerar a recuperação do montado, bem como aumentar a sua capacidade de resiliência, reduzindo assim os impactes económicos, ambientais e sociais das alterações climáticas nestes territórios”.
Com projetos como este é possível travar o declínio do montado, no Alentejo e no País, adaptando-o às alterações climáticas? Os responsáveis do LIFE Montado-Adapt são cautelosos: “As mudanças, para serem efetivas, devem operar-se em todas as dimensões do problema. Ou seja, para além de questões puramente técnicas e ambientais, deve existir um ajuste das políticas agrícolas e florestais nacionais e europeias, adequando-as à nova realidade climática, passando obrigatoriamente pela determinação e promoção de boas práticas de implementação e gestão, sem nunca descurar o envolvimento da população local e de outros atores relevantes (proprietários, agrupamentos de produtores, associações, etc.)”.
Aliás, precisa Filipe Silva, “no nosso projeto tem sido feito um esforço no sentido de incluir muitos destes atores, bem como de consciencializar a população (em particular os mais jovens) sobre a importância do montado. É nossa convicção de que o caminho que temos pela frente é sinuoso e representa um grande desafio, que só poderá ser ultrapassado com a cooperação entre todos os sectores da sociedade”.