Henrique Silvestre Ferreira, o empresário agrícola que Rui Rio tirou da “cartola” para liderar a lista por Beja, mostra-se “otimista” com os “sinais da campanha” que marca a sua estreia na política partidária: “Quando falei com o presidente do partido já estava decidido a aceitar este desafio, devido à existência de um certo sentimento de abandono por esta região”.
Foi em Beja, a 25 de setembro, que Rui Rio teve o primeiro contacto com a população durante a campanha eleitoral, num passeio de 20 minutos que incluiu um café no Luiz da Rocha e a entrada numa casa da sorte onde o presidente social-democrata explicou porque prefere arriscar no Totoloto em vez do Euromilhões: “A probabilidade de sair é maior e para que é que eu quero 190 milhões? Se me saírem três milhões já chega e sobra”. Na campanha pelo Alentejo, Rui Rio deu um passeio de barco pelo empreendimento de Alqueva, para depois garantir que está nesta “luta” mais por convicções do que por votos. “Temos de pôr à frente as nossas convicções e o que é justo, e não o que dá mais votos. Temos de explicar que estamos a querer ser justos, e não eleitoralistas. Quando eu acredito que tem de ser, eu faço. Posso cair, mas quando caio, caio de pé, não dobro”, referiu.
BLOCO LUTA PELO TERCEIRO LUGAR O resultado obtido nas últimas eleições europeias – em que o Bloco de Esquerda, com 8,86 por centos dos votos, se tornou na terceira força política no distrito de Beja – galvanizaram a candidatura de Mariana Aiveca. O objetivo, assumido pela estrutura do partido, é reafirmar esse resultados nas legislativas, relegar o PSD para a quarta posição e – quem sabe? – concorrer para a eleição de um deputado por Beja. Não sendo fácil uma vez que o BE teria de, pelo menos, duplicar a votação obtidas nas Legislativas de 2015, nem por isso deixa de ser uma meta: “[Nestas eleições] estando garantido o deputado do PCP, a escolha que está em cima da mesa é entre eleger, pela primeira vez, uma deputada do Bloco de Esquerda ou um segundo deputado do PS. O Bloco quer entrar declaradamente nesta disputa”, disse ao “Diário do Alentejo” o responsável pela coordenação distrital do BE, Alberto Matos.
Apontando a resposta às alterações climáticas como primeira prioridade – “só é possível combater as alterações climáticas com uma nova dinâmica económica, com novas propostas para a economia” –, Mariana Aiveca defende que a população do Baixo Alentejo deve ser indemnizada pelo facto do troço da A26 entre Figueira de Cavaleiros e o nó da A2, em Grândola, estar concluído e permanecer encerrado ao trânsito: “Esta situação, que se arrasta há quatro anos, é absurda e uma ofensa para quem vive na região. Entendemos que a A26 deveria ser aberta ao tráfego e sem portagens, como forma de indemnizar as populações”.
A coordenadora do BE, Catarina Martins, passou por Beja na pré-campanha eleitoral, tendo realizado um comício onde participaram, entre outros, o arqueólogo Cláudio Torres e o historiador Fernando Rosas. O discurso centrou-se na falta de investimento no Baixo Alentejo: “Aqui em Beja lutou-se tanto e ainda falta a resposta. Falta a resposta na rodovia, falta a resposta do comboio. É preciso investimento em todo o País, pois é isso que torna a economia mais forte”.
CDS APOSTA NA AGRICULTURA Há todo um “universo” a separar os 5462 votos obtidos pelo CDS no distrito de Beja em 2011 (último ano em que foi a votos, sozinho, em eleições legislativas) dos 1444 votos registados nas Europeias do passado dia 26 de maio. Afinal, quanto vale eleitoralmente o CDS no distrito de Beja? Quando no próximo domingo forem abertas as urnas e contados os votos, saber-se-á o peso eleitoral do partido liderado por Assunção Cristas que, desta vez, se apresenta a eleições sem coligação com o PSD e tendo Inês Palma Teixeira como primeiro nome da lista. Serão eleições em que os centristas se apresentam “pressionados” por outros partidos, como a Iniciativa Liberal. Ora, falar de Iniciativa Liberal, em Beja, é também falar da advogada Leonor Dargent, cabeça de lista, cujo pai, Luís Dargent, é um dos dirigentes “históricos” do CDS no distrito.