Acontece que como a ideia é preservar o anonimato é, por isso, importante que este projeto receba a parceria de outras associações de pais e de outros agrupamentos de outros concelhos, de modo a criar-se uma rede de colaboração em que os alunos necessitados de um agrupamento serão ajudados por turmas de outros agrupamentos de outros concelhos. “O objetivo do funcionamento em rede tem mesmo a ver com a garantia de anonimato dos alunos que beneficiarão das ajudas, ultrapassando algum estigma que possa, eventualmente, haver. Paralelamente, os alunos das turmas que ajudarão fá-lo-ão somente pelo sentido de solidariedade e não para autopromoção”, defende Ana Braga. Que acrescenta: “Atrevo-me a dizer que se destina a todas as comunidades escolares”.
Atualmente este projeto, desenvolvido pelo Gabinete de Apoio ao Aluno e à Família (GAAF), que se enquadra na componente curricular de Cidadania e Desenvolvimento, já está implementado em Vidigueira e, inclusive, recebeu o apoio da câmara municipal local. “A nível intermunicipal não temos conhecimento de que tenha sido feito, nem no Alentejo nem no País, algo do género”, afirma a representante da associação de pais, organização que se propõe agora a fazê-lo.
“Vê-se uma crescente tendência do funcionamento de estruturas intermunicipais. As escolas têm também vindo, ao longo dos anos, a ser associadas em grupos/agrupamentos. As problemáticas existentes nos agrupamentos são transversais. Faz, para nós, todo o sentido que, tal como acontece noutras questões relacionadas com o desenvolvimento regional, também na educação se estabeleça uma rede de discussão de estratégias, como o prova a Rede Intermunicipal de Educação da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (Cimbal)”, considera Ana Braga.
E “Fazer bem sem saber a quem” já foi, recentemente, apresentado, precisamente, na última reunião da Rede Intermunicipal de Educação do Baixo Alentejo. “Esta estrutura é o elo de ligação entre os diversos agrupamentos e os municípios da Cimbal, e, em nosso entender, será a peça chave para a implementação desta rede de associações de pais e encarregados de educação e agrupamento que se pretende estabelecer”, defende esta promotora do projeto. Até porque, em sua opinião, “o primeiro passo será sempre a participação dos pais e encarregados de educação na vida escolar dos seus educandos, porque esta participação e a ligação às associações dos agrupamentos conferem uma maior capacidade de identificação dos problemas”. E depois porque, segundo argumenta, este tema também se “assume como um espaço curricular privilegiado para o desenvolvimento de aprendizagens com impacto tridimensional, nomeadamente, na atitude cívica individual, no relacionamento interpessoal e no relacionamento social e intercultural”.
No fundo, “promove também a consciencialização da noção que todos nós somos sociedade e todos nós temos a capacidade de efetuar uma mudança positiva. Comecemos pela comunidade educativa e pelos que serão adultos no futuro”, conclui Ana Braga.