Na passada semana a Direção Regional de Beja (Dorbe) do PCP, em comunicado, manifestou-se contra o plano dos autarcas socialistas que “visa o abandono da gestão e distribuição da água em baixa”.José Maria Pós-de-Mina, membro da Dorbe e do Comité Central do PCP, em declarações ao “Diário do Alentejo”, diz que esta decisão cria as bases para uma posterior privatização do setor e vai levar a uma “privatização indireta” do serviço prestado aos cidadãos, estranhando o momento em que é tomada, “em claro contraciclo com a descentralização de competências” desejada pelo Governo de António Costa. O dirigente comunista, e ex-presidente da Câmara Municipal de Moura, afirma que este propósito, “a ser concretizado, vem dar seguimento àquilo que o governo do PSD/CDS esteve quase a conseguir” na legislatura anterior e que tinha como objetivo “a privatização” de um setor “que movimenta muito dinheiro”.
Trata-se de um plano que “vai contribuir para reforçar a capacidade financeira do grupo AdP – vai engordar o porco para o vender”, e que entregará a privados, em regime de outsourcing, os serviços necessários para prestar o serviço, “tal como já hoje acontece nos sistemas em alta com a operação das ETAR”, aumentando a necessidade de produzir lucros, o que levará, a prazo, ao aumento do preço da água a ser suportado pelos consumidores.
Pós-de-Mina diz que, do pouco que se sabe dos documentos que já foram apresentados em dois concelhos, o plano de negócios prevê uma remuneração de capital de seis por cento na primeira década, subindo, depois, para nove por cento, além de uma percentagem de dois por cento das vendas para o grupo AdP. O dirigente do PCP lembra ainda que, em fevereiro de 2018, as assembleias municipais de Beja, por unanimidade, e de Castro Verde, por maioria, com a abstenção do PS, aprovaram uma moção apresentada pela CDU que recomendava a manutenção da gestão da água em baixa na responsabilidade de cada uma das autarquias.
No comunicado, a Dorbe do PCP defende que “não existe qualquer razão para os municípios alienarem uma responsabilidade tão importante e com isso perderem a possibilidade de decidirem sobre a sua gestão, para passarem a ser minoritários das empresas do Grupo das Águas de Portugal”, concluindo não haver “qualquer vantagem deste processo para o interesse público que, entre outros aspetos, implicará a extinção da EMAS, em Beja, e a perturbação na situação laboral dos trabalhadores do setor”.