Diário do Alentejo

IP defende traçado ferroviário entre Sines e Elvas

19 de junho 2019 - 11:00

A escolha do traçado da futura ligação ferroviária de mercadorias do Corredor Internacional Sul Sines-Elvas (Caia), apesar da proximidade da cidade de Évora, decorreu da avaliação ambiental, afirmou, no parlamento, o presidente da Infraestruturas de Portugal (IP). Segundo António Laranjo, a empresa coordenou a elaboração de “todos os estudos que permitiram à APA [Agência Portuguesa do Ambiente] fazer a avaliação que lhe compete e decidir” sobre o melhor traçado para o subtroço Évora-Évora-Norte da futura ligação ferroviária.

 

O dirigente da IP, que falava numa audição da comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas, em Lisboa, a pedido do BE e PCP, admitiu que a escolha recaiu numa solução próxima da zona urbana, mas as preocupações estão na minimização dos impactos para “as pessoas”. Numa apresentação inicial, Carlos Fernandes, vice-presidente da empresa gestora das infraestruturas rodoferroviárias, explicou que a construção do corredor ferroviário entre o porto de Sines e a fronteira espanhola (Caia) tem de ficar concluída até 2030.

 

A nova ligação permitirá reduzir o atual transporte de mercadorias em cerca de 140 quilómetros de extensão e poupar três horas e meia gastos no trajeto, passando de 17 comboios com 400 metros para até 30 comboios com 750 metros, diariamente, retirando das estradas o equivalente a 850 camiões.

 

O deputado João Oliveira, do PCP, considerou que o novo corredor ferroviário padece das “cicatrizes do projeto de alta velocidade”, entretanto abandonado, e quis saber por que motivo foi retirada da avaliação ambiental uma alternativa de traçado que possuía “menos condicionantes”.

 

Heitor de Sousa, do Bloco de Esquerda, também salientou que está em causa “o atravessamento de uma zona urbana” e que a opção escolhida fica mais perto da cidade do que outra alternativa avaliada, embora outro traçado “muito mais favorável”, estudado pela IP, não tenha sido sujeito a avaliação ambiental. O deputado do BE questionou ainda o motivo para se estar a construir um corredor ferroviário “às pinguinhas”, apenas para mercadorias e só depois para a alta velocidade.

 

Para o social-democrata António Costa da Silva, o projeto é “uma história muito mal contada”, mas que “custa muito dinheiro” e as populações alentejanas apenas vão poder ver “os comboios de mercadorias a passar”. O deputado do PSD frisou que uma linha de mercadorias “é importante para o país”, mas que se não servir a economia regional não “serve ao Alentejo” se o futuro comboio de passageiros passar a 10 quilómetros da cidade.

 

Já o socialista Norberto Patinho destacou que “o Alentejo não pode ficar adiado”, defendeu a opção do Governo de dar instruções à empresa pública para avançar com um projeto que estava parado e afirmou que a câmara “teve oportunidade” para se pronunciar anteriormente sobre o projeto, mas não o fez.

 

O vice-presidente da IP assegurou que, no âmbito da opção escolhida pela avaliação ambiental, vão ser adotadas medidas para minimizar os impactos para as populações e as propriedades, e estudadas medidas para as empresas da região escoarem as suas mercadorias, nomeadamente no setor dos mármores. Carlos Fernandes esclareceu que um quarto traçado não foi sujeito a avaliação ambiental uma vez que inviabilizava a proximidade da futura “estação internacional de Évora-Norte”.

 

O atual corredor destina-se a mercadorias, mas o dirigente da IP admitiu que, no futuro, a ligação entre Lisboa e Madrid (capital espanhola) beneficiará deste investimento, pois por onde passam comboios de mercadorias “também passam de passageiros”. Dos três traçados propostos na avaliação ambiental foi escolhido um próximo da zona urbana, o que tem sido contestado pelas populações, que reclamam uma alternativa, temendo o barulho dos comboios sobretudo à noite.

 

O subtroço Évora-Évora Norte faz parte do Corredor Internacional Sul, com a conclusão da obra programada para o primeiro trimestre de 2022, num investimento de 509 milhões de euros, quase metade de fundos comunitários.

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