Sobre as alterações climáticas, consideram que elas são percecionadas pelos apicultores na forma da imprevisibilidade de produções, devido à incerteza que existe no clima. Se antes era fácil produzir mel e manter os efetivos, agora é necessário mais conhecimento da biologia da abelha, da sua nutrição, e uma avaliação cuidada do potencial alimento que existe na vegetação naturalmente presente. Os apicultores têm seguido a via da profissionalização, também devido a este condicionalismo, que obriga a estudar, fazer formações e a estar na linha da frente do conhecimento. Atualmente, muitos apicultores optam por diversificar as produções para o pólen e o própolis e, contrariando os antigos manuais, colocam as colmeias à sombra, para que consigam conforto climático durante os períodos mais quentes do ano.
Paulo Silva e Cristina Caro garantem que a falta de apoios agrícolas à apicultura “é uma realidade”, o que torna o setor apícola menos competitivo e com maior desigualdade, comparativamente com outros sectores pecuários, sendo “o único que não tem ajudas à produção”. Ainda sobre apoios, é dos poucos setores que não tem ajudas ao modo de produção biológico. A única medida que foi desenhada para a apicultura nacional, no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR2020), foi a Medida Agroambiental para a Apicultura, que consideram “estar mal desenhada desde o início, tendo uma taxa de adesão por parte dos apicultores de sensivelmente cinco por cento, durante este período comunitário de apoio”. O setor, através das suas associações, tem feito sugestões que são ignoradas pelos governos. O que é defendido são apoios à colmeia, como existem em Espanha ou França, e ao modo de produção biológico, bem como o reconhecimento pela tutela do papel da apicultura na manutenção das populações de abelhas e na biodiversidade.
Doenças, seca e pesticidas
Os apicultores organizam-se em torno de associações que os representam e tentam defender os seus interesses. No Baixo Alentejo existem duas associações, a Associação de Agricultores do Parque Natural do Vale do Guadiana (Apiguadiana), com sede em Mértola, e a Associação dos Apicultores do Vale do Guadiana (Apivale), em Moura. Estas associações lutam por uma apicultura mais sustentável e são pontos-chave na formação dos apicultores, ao nível da produção, das regras de higiene e da segurança alimentar que envolvem todos os produtos apícolas.