Significa isso que existe uma crise vocacional?
Podemos dizer que a crise vocacional, que não é só desta região e deste país, está muito presente no mundo ocidental. No panorama global da Igreja, percebemos, claramente, que em certas zonas de África, da Ásia e da América Latina, o número de vocações é muito superior, em termos absolutos e relativos, ao que existe na Europa. Nós, aqui, não temos uma situação muito diferente do contexto que se vive no resto do mundo ocidental.
Essa crise vocacional ocidental, de que fala, tem-se colmatado com a vinda de párocos de outras nacionalidades, que não a portuguesa, para a região?
Isso está a acontecer um pouco por todo o lado, também aqui na nossa diocese. Do século XVI ao XIX enviámos missionários para outros países e continentes, aos quais chamávamos “terras de missão”. Hoje está a passar-se o fenómeno, de alguma forma, inverso. Neste momento, temos na nossa diocese vários sacerdotes brasileiros e africanos, que, vindos de contextos muito diferentes, e, naturalmente, fazendo um esforço de adaptação a uma realidade distinta da existente nos seus países de origem, estão aqui a trabalhar e a fazer, muito bem, a sua missão. É uma riqueza, pois a Igreja também vive desta diversidade, desta pluralidade.
Relativamente ao aspeto comunicacional, que referiu, de que forma o pretende valorizar?
Nós não podemos continuar a comunicar da mesma maneira que comunicávamos há 20 ou 30 anos, pois há novas realidades, novas dinâmicas. Julgamos importante, por isso, apostar nos meios digitais, na comunicação interna dos vários setores da Igreja – paróquias, diocese, movimentos e instituições –, mas, também, na nossa comunicação para o exterior. Tudo isto merece a nossa atenção, e, neste âmbito, queremos investir o melhor que conseguirmos.
Pelo tempo que lhes é dedicado, teme que as redes sociais possam, de alguma forma, vir a ocupar, nestes “tempos modernos”, o espaço da religiosidade?
As redes sociais e todo este espaço da Internet é um espaço de anúncio, com imenso potencial, a trabalhar. Representam oportunidades novas que temos de agarrar, para podermos chegar a muito mais gente. O que se vai vendo por esse mundo fora – já o Papa Francisco o dizia – é a existência de uma grande abertura, até de um incentivo, no sentido de aproveitar estes meios para comunicar. Por isso eu encaro, de uma forma muito positiva, estas possibilidades que se abrem.
Referiu, também, a necessidade de “rentabilizar” os recursos económicos da diocese. Nesse âmbito, como olha para a possibilidade de incremento do turismo religioso em Beja?
Da nossa parte, estamos dispostos a que isso possa acontecer, porque acreditamos que será benéfico para todos. E estão a ser dados passos – tenho estado em conversas com a Câmara Municipal de Beja – no sentido de se conseguirem parcerias, para que haja a abertura, a quem as queiram visitar, de algumas igrejas, aqui na cidade, nomeadamente, a dos Prazeres (onde recentemente celebrei missa e onde irei continuar a fazê-lo) e a de Nossa Senhora do Pé da Cruz. Estamos, também, a tentar candidatar-nos a fundos, no sentido de proceder a alguma recuperação patrimonial. Claro que a dimensão espiritual é a que mais nos interessa, mas há todo um outro conjunto de dimensões, nomeadamente, cultural, patrimonial e turística que, estando as igrejas abertas, trará vantagens para a cidade do ponto de vista da hotelaria, do comércio… Trará gente, porque esta cidade tem um património religioso belíssimo.
