Pedro do Carmo (PS), Bernardino Soares (PCP) e Alberto Matos (BE) são os nomes já anunciados para encabeçar as listas às eleições legislativas antecipadas pelo círculo de Beja, que se realizarão no próximo dia 18 de maio. Gonçalo Valente (PSD) deverá recandidatar-se. Chega está à espera das escolhas de Ventura.
Texto Aníbal Fernandes
Sem surpresa, Pedro do Carmo foi o nome escolhido pela Federação do Baixo Alentejo do Partido Socialista (PS), na passada segunda-feira, para encabeçar a lista de candidatos à Assembleia da República e que será apresentado à direção nacional do partido. Telma Guerreiro e Juvenália Salgado são, respetivamente, o segundo e terceiro nomes da lista.
Recorde-se que o ex-presidente da Câmara Municipal de Ourique era o segundo nome da lista que se candidatou às eleições de 2024, mas não logrou ser eleito. Com o anúncio da corrida de Nelson Brito à presidência da Câmara Municipal de Aljustrel – e em caso de vitória – seria Pedro do Carmo a ocupar o lugar em São Bento, se, entretanto, não tivessem sido convocadas Legislativas na sequência da dissolução do Parlamento.
Pedro do Carmo tem 53 anos, é licenciado em Direito e foi deputado à Assembleia da República da XIII à XV legislatura, tendo desempenhado funções como presidente da Comissão de Agricultura e Pescas e como membro da Comissão de Orçamento e Finanças. Antes disso, foi presidente da Câmara Municipal de Ourique entre 2005 e 2015.
Em outubro de 2013, na sequência da demissão de António Costa de secretário-geral do partido, foi eleito presidente da Comissão Organizadora do Congresso, por 85 por cento dos membros da Comissão Nacional do PS. Devido às funções que exercia, durante a campanha eleitoral interna que opôs o atual secretário-geral, Pedro Nuno Santos, a José Luís Carneiro, manteve equidistância em relação aos candidatos, não revelando o apoio a qualquer um dos dois.
Regresso às origens
O Partido Comunista Português (PCP) aposta forte para tentar recuperar o lugar que perdeu nas eleições legislativas de 2024. Bernardino Soares é um nome conhecido a nível nacional que, juntamente com João Oliveira e João Ferreira, protagoniza a geração de dirigentes comunistas pós-clandestinidade com impacto mediático.
Tem 53 anos, é licenciado em Direito e foi deputado à Assembleia da República durante cinco legislaturas, tendo liderado o Grupo Parlamentar do PCP entre 2001 e 2013, ano em que abandonou São Bento para se candidatar à Câmara Municipal de Loures, que presidiu entre 2013 e 2021.
Nesse ano, após uma derrota inesperada em Loures, Bernardino Soares assumiu a responsabilidade, a nível partidário, pela pasta da Saúde, uma área já sua conhecida e que coincidiu com a pandemia de covid-19, sendo o representante do PCP nas famosas reuniões que juntavam peritos e políticos no Infarmed.
No Parlamento pertenceu às comissões de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, Saúde e Assuntos Europeus. Nos últimos anos tem sido comentador da atualidade política na “TVI” e “CNN”. Nasceu em Lisboa, mas a família tem raízes em Vila Nova de São Bento (Serpa), sendo, portanto, a sua candidatura, um regresso às origens.
Da presidência ao Parlamento
Em 1996, ainda antes da fundação do Bloco de Esquerda (BE), Alberto Matos protagonizou uma candidatura à presidência da República apoiado pela União Democrática Popular (UDP). Na altura não levou a candidatura até ao fim, tendo desistido – tal como Jerónimo de Sousa (PCP) – a favor de Jorge Sampaio, que ganharia a eleição a Cavaco Silva e ocuparia o Palácio de Belém nos 10 anos seguintes.
Tem 72 anos, é professor aposentado e vai ser cabeça de lista do Bloco de Esquerda (BE) pelo círculo eleitoral de Beja nas eleições legislativas de maio. Na semana em que os nomes de Francisco Louçã, Luís Fazenda e Fernando Rosas – dirigentes históricos do BE – foram também anunciados como candidatos, Alberto Matos, em declarações à “Lusa”, disse que a sua candidatura surge como “uma prova de confiança” e “um forte impulso” por parte do partido, numa altura em que “é importante estarem todas as gerações” juntas. “Numa altura em que há uma ascensão do neofascismo a nível nacional e mundial, com a subida da extrema-direita, nós que demos a cara e o corpo às balas no tempo do fascismo não podemos ficar em casa”, afirmou.
O candidato é membro da Coordenadora Distrital de Beja do BE desde 1999 – ano da fundação do partido – e dirigente da Solidariedade Imigrante (Solim) desde 2002. A nível local foi deputado nas assembleias municipais de Beja (1980-1982), Almada (1994-1997) e Lisboa (1998-2001). Relativamente às Legislativas, encabeçou as listas do BE pelo distrito de Beja em 1999 e 2002, enquanto nas eleições autárquicas foi candidato às câmaras de Beja (2005), Odemira (2009) e Serpa (2017).
Valente repete?
Há duas semanas, aquando da dissolução da Assembleia da República, Gonçalo Valente, deputado eleito pela Aliança Democrática (AD, coligação entre PSD e CDS), disse ao “Diário do Alentejo” ser “prematuro” falar sobre qual o nome que iria protagonizar a lista da AD nas próximas eleições. “Não sei qual vai ser a ideia do partido, quer a nível regional, quer nacional, mas estou disponível para o servir”, disse na ocasião.
Entretanto, o nome de Gonçalo Valente, de 44 anos, licenciado em Agronomia e empresário agrícola, foi indicado pela Distrital de Beja do Partido Social Democrata para liderar a lista da AD por este círculo eleitoral, mas a confirmação estava dependente da reunião do Conselho Nacional, que decorreu em Lisboa, na quarta-feira, já depois do fecho desta edição.
Gonçalo Valente é ex-presidente da distrital de Beja do PSD e foi eleito deputado pela primeira vez em 2024, tendo integrado a Comissão Parlamentar de Agricultura e Pescas e o grupo de trabalho para o setor vinícola. É, também, vereador sem pelouro do executivo da Câmara Municipal de Ourique.
Mudança no Chega?
Diva Ribeiro foi a deputada eleita pelo Chega em 2024 e, há duas semanas, disse ao “Diário do Alentejo” que, “perante um cenário que não era previsível, será sempre o presidente do partido a decidir quais são os candidatos”, lembrando, no entanto, que a sua “disponibilidade era para uma legislatura” e que só passaram 10 meses desde que assumiu funções.
Entretanto, uma fonte próxima do Chega admitiu a hipótese de poder haver mudança no primeiro nome da lista. Contactado por email, Mário Cavaco, presidente da Comissão Política Distrital e candidato anunciado à Câmara Municipal de Serpa, mostrou-se “surpreendido” com a questão, que não confirmou, nem desmentiu, tendo explicado que “os nomes serão veiculados pelo presidente do partido, André Ventura, e [pela] Direção Nacional do Chega, às respetivas distritais”. Só aí, “após a receção dos mesmos”, serão comunicados à comunicação social.
Também o Livre vai repetir a candidatura de Fausto Camacho Fialho, de 29 anos, natural de Odemira, à Assembleia da República (candidatou-se em 2024), encabeçando a lista pelo círculo de Beja. A regionalização, a fixação de população, uma vida digna, pela igualdade e contra a discriminação são as linhas mestras do seu programa.
Nas eleições de 2024 foram 14 as candidaturas no círculo eleitoral de Beja: PS, Chega, PSD/CDS/PPM, PCP/PEV, BE, IL, Livre, PAN, Volt Portugal, Nova Direita, PCTP-MRPP, RIR, ADN e Ergue-te. O prazo limite para a entrega das listas de candidatos é 7 de abril.