Resultado de uma parceria entre a Força Aérea Portuguesa e a empresa aeroespacial Neuraspace, um dos telescópios mais avançados do mundo começou a operar na Base Aérea de Beja. O equipamento permite a monitorização de objetos no espaço, com implicação nas áreas da segurança e defesa nacional, bem como na vertente comercial.
Com a função de monitorização de objetos no espaço, com utilidade para a defesa nacional e apoio a manobras de satélites, o telescópio ótico mais avançado em Portugal começou a operar na Base Aérea n.º 11 (BA11), em Beja. Envolvendo um investimento total de 25 milhões de euros, com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o equipamento resultou de uma parceria entre a Força Aérea Portuguesa (FAP) e a empresa aeroespacial portuguesa Neuraspace.
Em declarações à “LUSA”, o general Cartaxo Alves, chefe do Estado-Maior da Força Aérea salientou que a instalação deste telescópio representa “um dos primeiros grandes passos” para a concretização da nova estratégia da FAP focada no espaço – “estamos muito mais capacitados para responder aos desafios futuros” que se colocam “ao nosso País”, sublinhou.
Também, o coronel Pedro Costa, diretor do Centro de Operações Espaciais da FAP, explicou que o telescópio “vai fazer o seguimento e monitorização de objetos no espaço”, a exemplo de satélites operacionais e lixo espacial. Segundo este responsável, a informação obtida tem aplicação nas áreas da segurança, da defesa nacional e em termos comerciais, ao abrigo da parceria estratégica com a empresa Neuraspace. Para a segurança e defesa, “precisamos de saber, por exemplo, quando fazemos sair o nosso F-16 [avião de combate], o que está por cima, o que nos está a captar, para manter também toda a operação discreta e tirar valor operacional”, apontou. O equipamento permitirá, também, “apoiar reentradas vindas do espaço” e, nesse sentido, garantir a segurança de pessoas e bens” perante “objetos que venham do espaço exterior”, realçou o coronel.
Já para a Neuraspace, a informação fornecida pelo telescópio serve para a empresa “dar apoio aos operadores” no que diz respeito a manobras de satélites. “Os objetos são tantos [no espaço] que os satélites carecem de serem movimentados para evitar colisões”, frisou um dos responsáveis da empresa. Apontando este telescópio ótico como um dos mais avançados do mundo, o diretor do Centro de Operações Espaciais da FAP elucidou que o equipamento foi pensado para captar imagens a distâncias “entre os 300 e os 8000 quilómetros”, tendo já permitido, contudo, nesta semana, “com uma noite espetacular, em Beja” fazer “observações quase aos 38 000 quilómetros”, disse.
“DA” com “LUSA”