Diário do Alentejo

Invisíveis: estórias

13 de março 2024 -
Circo, guerra, prisão, álcool e, por fim, renascimento. Em cinco atos se resumem as diferentes vidas de José da Cunha

No final de outubro de 2023 a Cáritas Diocesana de Beja inaugurou uma exposição, intitulada “Invisíveis – percursos para a visibilidade”, que esteve patente no castelo de Beja até final de janeiro. Com produção da cooperativa Chão Nosso, o resultado final foi uma instalação “construída em torno de uma mão cheia de histórias e imagens partilhadas por 10 pessoas em situação de sem-abrigo”, mas também uma campanha de sensibilização, com os autorretratos dos protagonistas espalhados pela cidade de Beja. O objetivo? Convocar a comunidade, a sociedade, para a “urgência de inventar um outro mundo possível, mais fraterno e mais justo, onde todos, sem exceção, tenham um lugar digno para habitar”. O “Diário do Alentejo” decidiu dar voz e corpo às histórias dessas 10 pessoas, em situação de sem-abrigo, ao longo de 10 semanas. Para que, apesar de estarem tão perto, não sejam ignoradas. Entremos nas várias vidas de José da Cunha.

 

Texto | Marco Monteiro Cândido 

Fotos | Ricardo Zambujo

 

“Meu livro”. É este simples título que abre um dos trabalhos que José da Cunha, homem conhecido da cidade de Beja, desenvolveu durante os laboratórios que levaram à instalação artística “Invisíveis – percursos para a visibilidade”. Um título singelo, como se a vida de José da Cunha coubesse num só livro. Não caberia. Até porque há vidas que dariam um filme. E a vida de José da Cunha, ou melhor, as diversas vidas de José da Cunha, dariam vários filmes, com direito a prequelas, sequelas, sagas de ação, drama, mas também comédia, sendo ele a personagem principal. Mas, o melhor será começar pelo início.

José da Cunha nasceu em Beja em 1953, na rua da Lavoura – “onde está a chaminé” –, local em que reside ainda hoje. Segundo o mesmo, terá tido uma infância normal e foi, precisamente, nessa altura, que começaram as suas aventuras. Em tempo de escola primária – “mais vadiagem do que escola” –, eram muitas as vezes em que não ia, não punha lá os pés. “Andei cinco anos na primeira classe”. Tirou a quarta classe, “encarrilou”, como diz, mas a sua vida era feita de uma liberdade feita vadiagem. “Ia-me embora, para as feiras, para o Algarve. Dava-me na cabeça, desaparecia…”. A escola primária, essa, terminou-a com 14 anos.

 

1.º Ato: o circo

 

“Eu tinha medo da minha mãe. Ela era rija comigo. E com razão: eu era, e sou, um vadio. Ela descascava-me em forte e eu desapareci. Fui para Faro”. José da Cunha diz que teria 14, 15 anos quando fugiu de Beja. O destino: o circo. Correu o Algarve todo, com Pierre Ivanov, domador de leões. A certa altura, a sua mãe, que tinha ido numa excursão a Faro, viu-o. Levou-o de volta a Beja. Mas José não se aguentou muito tempo. Voltou a partir. Vida de feira foi o que fez, passada em roulottes e carrosséis.

Seguiu-se um sem fim de trabalhos depois de largar o mundo ambulante: carregou caixas de fruta em Quarteira, esteve nas escavações da marina de Vilamoura – “quando Vilamoura nasceu, estava eu lá, a trabalhar para eles” –, voltou a Beja, para trabalhar numa padaria, “a Panificadora”, onde esteve quase um ano. Depois, trabalhou na construção do Centro Comercial do Carmo, também em Beja, a operar uma grua. De seguida, esteve envolvido na construção da Casa da Cultura. A bebida, essa, principalmente, vinho tinto e branco, já fazia parte da sua vida. Já havia entrado, aos poucos, e, aos poucos, ia dominando tudo o resto. “Eu já bebia, mas não era assim”. Como viria a ser. Até que, finalmente, chegou o momento em que foi para a tropa.

 

2.º Ato: a guerra

 

A história de José da Cunha sobre a tropa e a guerra não é fácil de a ouvir da sua boca. Defensivo quanto baste, nega, à partida, que tenha estado no Ultramar. Disfarça, não atribui grande importância a esse assunto, como se fosse um mero pormenor, uma minudência, na sua longa vida. Perceber-se-á que não é assim. Que não foi assim e que nunca será. “Não gosto de falar nisso, de ir buscar o passado. Só me traz tristeza. Depois fico com isso na cabeça e ainda é pior”.

Dia 4 de agosto de 1969. Parte no “Vera Cruz”, um dos navios que asseguram o transporte das tropas para o Ultramar, rumo à Guiné. Voltará no “Niassa”, outro dos navios, cerca de dois anos depois, em 71. A guerra marcou-o e marca-o. Marcá-lo-á para sempre, como marcou todos os que estiveram no Ultramar, a combater por algo que muitos não compreendiam, a princípio, pelas suas vidas, no fim de contas.

“O bagaço é explosivo, com pólvora lá dentro”. Na guerra, no meio do mato, José da Cunha viu e teve que fazer coisas de que não se orgulha, que o marcaram e que o moldaram para sempre. O bagaço, com pólvora, era o anestesiante, o que fazia os soldados separarem o corpo da alma, para que estivessem dispostos a tudo. Só assim se ganhava coragem e se perdia a consciência. E fazia-se o que, em outras circunstâncias, não se teria coragem para fazer.

José da Cunha, ao contrário da perceção que se possa ter dele, é um homem que fala com grande minúcia de determinados assuntos, com conhecimento. Que, por estranho que possa parecer, fala do aprumo, das regras e do sentido de missão com muita seriedade. No entanto, também foi por aí que se perdeu. O ranger José da Cunha que partiu no “Vera Cruz” não foi o que voltou no “Niassa”. Combates, emboscadas, explosões, rios pejados de piranhas, fogo, minas, balas a zunir e morte, muita morte. Sangue, muito sangue, no calor infernal, abafado, de uma África profunda, infernal demais para quem saía de Portugal. Ao longo de cerca de uma hora, José da Cunha, que prefere não recordar, falou sobre o que viu e o que fez, como se um rastilho imparável puxasse fogo à sua memória. Um capítulo da sua vida pejado de sofrimento e muito bagaço com pólvora, para vencer o medo, para sobreviver ao inferno.

O bagaço, com pólvora, era o anestesiante, o que fazia os soldados separarem o corpo da alma, para que estivessem dispostos a tudo. Só assim se ganhava coragem e se perdia a consciência. E fazia-se o que, em outras circunstâncias, não se teria coragem para fazer.

3.º Ato: a prisão

 

 

Dia 4 de dezembro de 1977. Com 24 anos, José da Cunha e o seu amigo “Chico Béu” foram presos por terem roubado 500 escudos (o equivalente, tendo em conta a inflação, a cerca de 54 euros, aos preços de hoje). Por altura da feira da Vidigueira, junto a uma casa de pasto, em Beja, os dois amigos decidiram roubar um sujeito para terem dinheiro para irem para a tal feira. Segundo José da Cunha, o amigo roubou os 500 escudos e ele apenas terá batido no homem. “A pé das Portas de Mértola, a polícia em cima da gente: ‘Venham cá os dois’. Dissemos logo que não tínhamos dinheiro. A mim não me bateram. Mas quando o ‘Chico Béu’ se abriu todo, caíram-lhe logo as notas do rego do cu para o chão. Trinta meses de cadeia e 600 escudos de multa”. O destino foi o Estabelecimento Prisional de Pinheiro da Cruz, no concelho de Grândola. Numa das saídas precárias que teve, não voltou. Fugiu para o Algarve, para o Livramento. Descobriram e foram-no lá buscar. Acabaram-se as saídas precárias.

Durante esse tempo, a apenas dois ou três meses de sair, foi dado como cúmplice de um colega seu que assassinou outro recluso. Levou mais sete anos. Um episódio que recorda de forma injusta. “Sem fazer mal a ninguém apanhei mais sete anos. No monte, lá em cima [na prisão de Pinheiro da Cruz], quando se vai para a praia da Raposa [areal a que se acede através das praias vizinhas do Pego e da Aberta Nova ou através da própria prisão] houve um que matou outro, que eu nem sabia que ele ia fazer a asneira que fez. Quando chegou ao pé de mim, disse-me: ‘Olha, matei o homem’. ‘O quê?’, perguntei. ‘Espetei-lhe uma faca na cabeça’. ‘O que é que tu foste fazer?’”. Sem ver nada, sem saber o que o outro ia fazer, José da Cunha diz que foi considerado cúmplice da morte. A pena aumentou e por lá continuou.

Os anos de prisão, apesar de estar habituado a saltar de poiso em poiso, de viver em liberdade, diz, até que se levaram bem. “No meu tempo, [a vida lá dentro] era rigorosa. Lá não se brincava. Quem andasse na linha, não pegavam. Os castigos eram duros. Chegavam às celas e batiam: faziam um xis na porta e pumba”.

Também os momentos das visitas não eram fáceis, por se ver afastado daqueles de quem gostava, como a sua mãe. E, depois, porque foi lá que conheceu aquela que viria a ser a mãe dos seus filhos, através de um anúncio. “Eu engracei com ela, ela engraçou comigo…”. No entanto, entre um sorriso e outro, José da Cunha lá confessa que o início desse amor tem uma história. E começa a desbobinar: “Havia um moço que estava lá preso e quem lhe fazia as cartas era eu. Ele sabia escrever, mas não tinha cabeça. Eu fazia-lhe as cartas, mas ele não me dava a direção para eu meter. Até que lhe perguntei: ‘Olha lá, então eu faço-te as cartas e quem é que faz as direções?’. ‘Ah, sou eu’, respondeu-me. ‘Então, tu sabes escrever? Está bem…’”. A partir de aí, José da Cunha decidiu mudar de estratégia. “Eu já andava com ela fisgada. Ele descuidou-se e eu vejo a direção: Maria Amélia dos Santos, Tondela. Pego numa carta e enviei a dizer-lhe que ele estava a enganá-la, que não era enfermeiro (como dizia). Entretanto, eu, que só tinha visitas de mês a mês da minha mãe, recebo uma visita. ‘377, para a visita’, anunciaram. Lá fui. Cheguei à visita, não vi ninguém. Só uma mulher, com a filha”. Sem ver alguma cara conhecida que justificasse a sua presença na sala de visitas, indagou o guarda prisional. “’Oh, Zeferino, não estarão enganados? Então vim para a visita fazer o quê?’ Até que ele me diz que era aquela senhora”. Sentou-se, sem conhecer a mulher misteriosa. Ela perguntou-lhe se sabia quem era. Até que lhe apresentou uma carta. “‘Não sabe quem sou eu? De quem é esta carta?’. ‘Fui eu que escrevi’”, retorquiu José da Cunha. À sua frente estava a pessoa a quem havia escrito a dizer que o seu colega recluso não era quem dizia ser, a quem escrevia cartas em nome do colega. Ali estava ela, à sua frente, vinda de Tondela, no Norte do País: Maria Amélia dos Santos. “Pronto. A partir de aí ela marimbou-se no outro”. O outro, que a mulher nunca viu pessoalmente e que apenas veio a saber quem era numa das visitas que fez a José da Cunha, em que este lhe disse quem era o tal recluso que a enganava. Foi esse o começo da vida em conjunto, que começou e continuou com as cartas escritas. Estiveram juntos 18 anos até se separarem. O amor que começou na prisão acabou por não sobreviver à liberdade.

Mas, e voltando à vida na prisão, alguns episódios são recordados por José da Cunha, ainda hoje, com alguma nostalgia. “Eu ainda sou do tempo, pelo Natal, da Lena de Água ir lá cantar, ainda me lembro bem, a ‘Demagogia’. Foi a primeira música que ela cantou lá. E nessa noite em que ela foi lá cantar, houve uma fuga. Ela a cantar e os irmãos Carlos fizeram uma fuga. Furaram a cela na parte de cima, mas foram logo apanhados a pular o muro, que aquilo é alto. E ela a cantar a ‘Demagogia’”.

Chegou ainda a conhecer os irmãos Cavaco e aqueles que fugiram com eles [os irmãos Cavaco foram a dupla mais mediática de um grupo de seis reclusos que, em 1986, fugiu da prisão de Pinheiro da Cruz e que, durante a fuga, assassinou três guardas prisionais]. “Eu sou do tempo deles todos. Quando se deu a fuga, eu já não estava lá. A cadeia? Aquilo não é uma cadeia, é uma escola de crimes. Lá aprende-se tudo e mais alguma coisa. Se for para lá burro, sai de lá esperto, de certeza. Só que eu nunca tive esse vício de roubar”.

Entretanto, diz, saiu e fez a sua vida normal, até hoje: “Mesmo bêbado como eu andava, fazia a minha vida normal. Não me metia com ninguém. Cumpri, vim-me embora e comecei a andar por aí. Trabalhava, não trabalhava, trabalhava, não trabalhava…” . Meteu na cabeça que não havia de lá voltar. Fez à cadeia como haveria de fazer ao vinho, anos mais tarde: “Não havia de lá voltar!”.

 

4.º Ato: o álcool

 

A partir do momento em que saiu da prisão voltou à rotina da rua. Sem trabalho certo, fazia o que aparecia: era para cavar, cavava. Era para carregar palha, carregava palha. “O que viesse, eu fazia. E andava assim. Nunca consegui ter nada para mim… Com o álcool, nunca consegui ter nada para mim”. Entretanto foi pai, com a senhora que conhecera na cadeia. Teve dois filhos. Um deles faleceu aos 14 anos. Com o outro, emigrado na Suíça, não tem contacto.

A sua vida recheada de episódios esparsos, ao longo dos anos, era cada vez mais dominada pelo álcool, tendo por fiel companheiro aquele que o acompanhava há anos: o vinho. Como a situação, em Beja, em que se viu, novamente, envolvido no assassinato de um homem. Assistiu a tudo, numa cena de tiroteio digna de um filme, num armazém da cidade. Chamado a depor, contou o que viu. O relato, por ser bastante pormenorizado, escusa-se de ser reproduzido nestas linhas. No entanto, quem ouve José da Cunha a descrever as situações percebe a minúcia e o pormenor com que o faz. E não deixa de perceber, que esta história, como outras que conta, poderia dar um filme, sem precisar de se mudar, sequer, os nomes das personagens. Mais uma vez, as histórias de José da Cunha superam a ficção. E envolvem pancadaria, tiroteios, balas a zumbir, perseguições, esperas e ameaças de morte.

Na cidade de Beja, um dos cenários centrais da vida dominada pelo álcool foi sempre o jardim público, junto de um grupo de homens que costuma e costumava parar por ali, alcoólicos. Era por aí, até há bem pouco tempo – início de 2022 – que José da Cunha passava os seus dias, entre vinho e o tempo que corria. “Andava sempre bêbado, mas ajudava as pessoas”. E nunca fazia mal a ninguém, apenas a si próprio, como o comprovam as cicatrizes que traz nos braços. “Cortava-me para não fazer mal aos outros”. E foi aí, no jardim público, que a equipa de rua do projeto “Estou tão perto que não me vês”, da Cáritas Diocesana de Beja, o foi encontrar (ver caixa) e fez o primeiro contacto. E que, aos poucos, o foi resgatando à rua e ao álcool.

 

5.º Ato: o renascimento

 

“Eu nasci outra vez. O que eu era e o que eu sou, eu nasci outra vez. Se eu não parasse, já não estava cá”. É assim que José da Cunha define esta nova fase da sua vida, em que renasceu. Desde que começou a fazer parte do projeto da Cáritas e a frequentar as instalações do mesmo, há cerca de dois anos, a sua vida começou a mudar. Tudo, porque o álcool ficou para trás. “A minha vida é aqui, a minha segunda casa é aqui e aqui estou bem. Porque se me for embora, se for para o jardim, mais dia, menos dia, estou outra vez agarrado à bebida. Porque eu não sei beber”.

Muito mais sereno, e ciente até das responsabilidades que tem no âmbito do projeto, em que se assume como alguém que está para ajudar e até para servir de modelo a outras pessoas, José da Cunha é um homem de 70 anos que carrega muitas vidas em si. E que depois do circo, da guerra, da prisão e do álcool, conseguiu sobreviver a todas elas.

A mudança

 

José da Cunha foi uma das primeiras pessoas que a equipa de rua do projeto “Estou tão perto que não me vês”, da Cáritas Diocesana de Beja, sinalizou, no início de 2022, como refere a sua coordenadora, Filipa Duarte. “O José frequentava o jardim público, fomos passando várias vezes e conseguimos construir uma relação com ele. Na altura tinha consumos de álcool (…), mas foi confiando”. A grande alteração, nessa construção da relação de confiança, deu-se quando José da Cunha começou a frequentar o espaço “Estórias”, do projeto, em que começou a desenvolver atividades do seu interesse, a ter um acompanhamento em termos de cuidados de saúde e, nomeadamente, a mudar no que diz respeito aos consumos de álcool. José da Cunha, apesar de ter uma casa, acaba por não se enquadrar na tipificação de pessoa em situação de sem-abrigo ou sem teto. “A parte onde ele habita, apesar de ser inserida numa habitação familiar, não é convencional”. Ou seja, tratando-se de uma espécie de anexo, acaba por ser um caso de “fragilidade habitacional (…) e social”, estando numa “situação precária”, acabando por ser acompanhado pela equipa “porque tinha comportamentos de rua e de grandes consumos de álcool, e acaba por ter uma habitação que não tem todas as condições”.

Catarina Bico, ilustradora, e membro da cooperativa cultural Chão Nosso, trabalhou com José da Cunha no laboratório “Improváveis – Expressões Criativas pela Ilustração”. No pequeno livro que retrata a experiência da Guerra do Ultramar, coube à ilustradora acompanhar a componente de imagem do trabalho, entre outras atividades. “A minha parte foi acompanhar a ilustração da sua história. [A certa altura] ele já tinha feito obsessivamente a ilustração. Então o meu trabalho com ele foi a edição da imagem que já tinha feito”. No entanto, foi na elaboração do autorretrato – que faz parte da campanha de rua – que a relação dos dois foi mais marcante. “Eu queria que fizessem uma reflexão das suas vidas. Enquanto todos os outros participantes fizeram um autorretrato, ele fez quatro. Estava sempre insatisfeito, fez várias tentativas, sendo que os resultados foram esses quatro”. A autoimagem final passava pela reflexão do que observavam, pelo desenhar a caneta e, por fim, pela composição final através da técnica de colagem. “O trabalho dele reflete muito a sua vida. No autorretrato parecia que estava a contar a sua história: cortou pequenos pedaços de papel e foi criando o seu rosto, como um reflexo da sua vida, de várias histórias”.

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