Diário do Alentejo

“Responder às necessidades locais é cada vez mais um papel dos autarcas”

03 de fevereiro 2023 - 16:00
José Efigénio, António Coelho, Gonçalo Pôla e Francisco Lima olham para o concelho de Alvito em 2023
Fotos | Ricardo ZambujoFotos | Ricardo Zambujo

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou, no dia 1 de janeiro, na tradicional mensagem de Ano Novo, que “2023 pode vir a ser, no mundo, na Europa e em Portugal, o ano mais importante até 2026, senão mesmo até 2030”, e que, assim sendo, Portugal entra em 2023 obrigado “a evitar que seja pior do que 2022”, que “não foi o ano da viragem esperada”. No âmbito deste comunicado, o “Diário do Alentejo” apresenta esta semana o retrato atual do concelho de Alvito, a partir das perspetivas de José Efigénio, presidente da câmara, António Coelho, diretor da Escola Profissional de Alvito, Gonçalo Pôla, presidente do Clube de Natureza de Alvito, e Francisco Lima, presidente da Sociedade Filarmónica Instrução e Recreio Vilanovense.

 

Texto José Serrano

 

O presidente da Câmara Municipal de Alvito considera que 2023 será” um ano determinante” para o concelho a que preside, pelo conjunto de projetos futuros que serão candidatados, quer ao Portugal 2030/Alentejo 2020, quer ao Plano de Recuperação e Resiliência. José Efigénio sublinha a necessidade de se entrar num período de estabilização, após uma longa etapa a “saltar de crise em crise”, e enaltece as respostas que o município, as juntas de freguesia e as instituições particulares de solidariedade social, têm conseguido dar, perante os obstáculos.

 

Considera que 2023 deverá ser um ano essencial, no decurso da década, para o desenvolvimento do concelho a que preside?

Na perspetiva do município de Alvito, 2023 é um ano determinante. Não tanto pelas razões nacionais apresentadas pelo Presidente da República, mas, sobretudo, pelo conjunto de projetos que nos encontramos a desenvolver no concelho de Alvito. Atualmente, temos um conjunto de projetos com elevada maturidade, para os quais apresentaremos as respetivas candidaturas, no âmbito do Portugal 2030//Alentejo 2020. Neste contexto, encontramo-nos atualmente a negociar, no âmbito da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo, o novo pacote de fundos a desenvolver nos próximos anos no concelho de Alvito. É um processo que desejamos que ocorra o mais rapidamente possível.

 

Devido a circunstâncias várias, nomeadamente, a guerra na Ucrânia e a elevada taxa de inflação que se verifica, colocam-se, atualmente, inesperados e agravados problemas sociais e económicos, aos territórios e aos cidadãos, se compararmos com 2021, ano em que tomou posse como presidente de câmara. Face a esta nova conjuntura, quais as novas necessidades surgidas no concelho e de que forma as equaciona colmatar ao longo deste ano de 2023?

Há muito que andamos a saltar de crise em crise, pelo que necessitamos que as coisas estabilizem rapidamente. Ainda assim, apesar das grandes dificuldades que as pessoas vão vivendo, as respostas provenientes, a nível local, do município, das juntas de freguesia e das instituições particulares de solidariedade social, têm sido extremamente positivas. Apostar nas pessoas e nas suas necessidades é a melhor forma de minimizar os impactos das crises. Apostar do desenvolvimento económico e no emprego parece-nos decisivo. Revitalizar e reabilitar o nosso concelho é determinante para captar visitantes. Estimular a capacidade criativa e empreendedora é outro caminho. De referir, também, que a descentralização de competências para os municípios, principalmente, nas áreas da saúde, educação e ação social, aproxima ainda mais as decisões dos políticos aos cidadãos. A capacidade de responder às necessidades locais é cada vez mais um papel assumido pelos autarcas. Nós não temos receio de assumir essas responsabilidades e de estar próximo das nossas gentes. Pretendemos implementar, com bastante urgência, muitos e importantes projetos. Para que todos eles possam vir a ser desenvolvidos, necessitamos que o Portugal 2030/Alentejo 2020 arranque com toda a força em 2023 – temos a expetativa que é isso que vai acontecer. Também ao nível do Plano de Recuperação e Resiliência temos expetativas que as coisas avancem rapidamente. Temos candidaturas para o Programa Acessibilidades 360º [promoção da acessibilidade para pessoas com mobilidade condicionada no acesso e utilização do espaço público], pelo que aguardamos resposta de aprovação para as implementar.

 

INVESTIMENTO EMPRESARIAL

Neste momento, no âmbito da intervenção às infraestruturas não tecnológicas de apoio à competitividade, temos tudo a postos para avançar com a Zona de Atividades Económicas de Vila Nova da Baronia. Temos também a decorrer o processo de criação do Agro Smartpark Alvito – Área de Acolhimento de Agroindústrias de Alvito. Por um lado, pretendemos dar uma resposta às questões de logística empresarial do nosso concelho, que não tem ainda uma área de acolhimento empresarial. Por outro lado, pretendemos ir ao encontro das novas emergências económicas da região, como, por exemplo, a transformação agroindustrial dos produtos agrícolas, em especial, os que têm origem em Alqueva. Por isso mesmo, pretendemos criar uma infraestrutura empresarial que dê resposta a esta realidade. Consequentemente, os efeitos na empregabilidade serão, certamente, muito positivos.

 

TURISMO E CULTURA

Projetos, nestas áreas, que se pretendem implementados: criação dos passadiços e percursos pedonais de Alvito; Roteiro do Pão – da Mó à Mesa; Alvito Turismo Digital; sinalética turística; revitalização da Feira dos Santos de Alvito; apoio aos Encontros de Alvito; criação da Casa da Palavra, no Museu Raul de Carvalho, e da bienal “Conversas do Interior”.

 

HABITAÇÃO

Desenvolvimento da estratégia local de habitação, através da criação/reabilitação de residências para públicos mais carenciados.

 

REABILITAÇÃO URNBANA E PATRIMONIAL 

Temos como objetivo arrancar com as obras de consolidação das grutas do Rossio de Alvito e, posteriormente, avançar com o seu centro interpretativo. Esta será uma intervenção estratégica, inovadora e diferenciada, a qual vai permitir a captação de inúmeros visitantes ao nosso concelho; arranjo urbanístico da zona envolvente ao Parque Desportivo de Alvito; reabilitação da zona envolvente à igreja Matriz; reabilitação e remodelação das redes de infraestruturas e pavimentação das ruas do Crato, de Abrantes, do Espírito Santo e da travessa de São Sebastião; requalificação do Parque de Feiras e Exposições de Alvito, da entrada norte (segunda fase), da estação ferroviária de Alvito e do Parque dos Encontros; remodelação da rede de abastecimento de água pública e dos passeios, nas freguesias de Alvito e de Vila Nova da Baronia; aposta nas eficiências energética e hídrica da Biblioteca Municipal Luís de Camões e do Pavilhão Gimnodesportivo de Alvito.

 

Multimédia0Foto | José Efigénio, presidente da Câmara Municipal de Alvito

 

OUTRAS CONSIDERAÇÕES, ATUAIS E FUTURAS, SOBRE O CONCELHO DE ALVITO

UM RETRATO DA REGIÃO ATRAVÉS DOS SETORES EDUCATIVO, CULTURAL E RECREATIVO

A necessidade de uma oferta educativa moderna e de excelência é, indubitavelmente, para António Coelho, diretor da Escola Profissional de Alvito, uma das formas de as localidades rurais do interior alentejano reduzirem as assimetrias negativas que atualmente registam, quando comparadas com outras regiões do País. Gonçalo Pôla, presidente do Clube de Natureza de Alvito, sublinha o papel fundamental, em termos sociais e culturais, determinado pelos clubes e associações da região junto das comunidades. Da mesma forma, Francisco Lima, presidente da Sociedade Filarmónica Instrução e Recreio Vilanovense, refere a importância destas entidades no labor “agregador” entre gerações e na dinamização das localidades.

 

UMA ESCOLA PROFISSIONAL DO INTERIOR COM ELEVADA TAXA DE EMPREGABILIDADE

Com cerca de 150 alunos e contando com 60 colaboradores docentes e não docentes, a Escola Profissional de Alvito, fundada em 1990, oferece, atualmente, sete diferentes cursos, dentro das áreas da Restauração, do Turismo e da Informática, dispondo de um projeto “perfeitamente definido”. Uma oferta profissional educativa capaz de criar “uma simbiose perfeita”, estruturante no “percurso dos nossos alunos” e na definição do “conceito de escola e das finalidades propostas”, refere António Coelho, diretor da entidade. Uma afirmação de cumprimento das metas propostas corroborada pelos números e factos apresentados: “Esta instituição chegou a um nível tal de afirmação que cumpre integralmente os seus objetivos – por ser a segunda entidade do concelho de Alvito com um maior número de empregados [depois da Câmara Municipal de Alvito] e porque cerca de 70 por cento dos seus alunos são de concelhos limítrofes, o que incrementa um impacto económico na vida de Alvito”, sublinha o diretor.

 

Também a elevada taxa de empregabilidade registada – “quase não precisaríamos de dados estatísticos para a identificar” – é apanágio da escola, com uma média, nos últimos 10 anos, a rondar os 85 por cento, sendo que os restantes 15 por cento correspondem a alunos que “prosseguem os seus estudos”, sublinha.

 

Contudo, e face a “vários acontecimentos que têm assolado o mundo, Portugal, a nossa região e o nosso concelho”, influindo prejudicialmente “nas áreas dos cursos que a escola ministra”, António Coelho considera que a procura que a escola tem tido na última década se pode “situar num nível satisfatório – diria que numa escala de zero a 10 teríamos um nível seis”. E clarifica: “Com um ‘período troika’, seguido de uma pandemia, de uma guerra na Europa e acentuando-se o já conhecido flagelo da baixa demográfica no território, estes últimos anos fizeram com que muitas famílias e muitos alunos desistissem de se deslocar das suas áreas de conforto, e Alvito, sendo um concelho com apenas 2200 habitantes, muito sentiu com essa tomada de decisão”. Juntando estes constrangimentos aos factos de o concelho se posicionar geograficamente “longe das capitais de distrito Beja, Évora e Setúbal (porque se situa na fronteira dos mesmos), à inexistência de uma rede de transportes pública e ao estado [degradado] das nossas estradas, essas dificuldades acentuaram-se ainda mais. Há 10 anos contávamos com 250 alunos, divididos por 12 turmas, e hoje contamos com 150 alunos e sete turmas, com os cursos ligados ao Turismo e à Restauração a serem os que mais ‘têm sofrido’”, refere António Coelho.

 

“Somos o interior do interior, e, como tal, é inevitável que a nossa dificuldade em recrutar alunos aumente ainda mais”, diz, acentuando a necessidade de resiliência que a instituição tem vindo a demonstrar, explícita no projeto da Casa de Estudantes do Concelho de Alvito, “que teve o seu início no ano letivo transato e que, neste momento, alberga 37 estudantes, rapazes e raparigas de vários concelhos e também dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa”. Desta forma, António Coelho acredita que 2023 se possa constituir como “ano de viragem e que possamos contar, já para o próximo ano, com uma recuperação, ainda que residual, do número de turmas e de alunos. Estamos a trabalhar nesse sentido e, para tal, contamos com o nosso conhecimento, a nossa identidade e com a proposta de projetos de futuro que, creio, conseguirão aliciar jovens e as suas famílias”.

 

No sentido de se alcançar o aumento de procura pela Escola Profissional de Alvito, os principais objetivos para 2023 estão traçados pela sua direção. A implementação dos dois centros tecnológicos, recentemente aprovados no concurso de modernização da oferta dos estabelecimentos de ensinos e da formação profissional, integrado no Plano de Recuperação e Resiliência, um na área industrial e outro na área da informática, com um valor total de 2,6 milhões de euros, “permitirá um upgrade da escola, apetrechando-a de equipamento de última geração e permitindo uma formação de nível elevadíssimo aos nossos alunos”. Outros propósitos passarão pelo lecionar de aulas de formação, num edifício multiusos da Câmara Municipal de Alvito, “que se encontra já concluído, com instalações condignas para o grau de desenvolvimento que a escola tem apresentado ao longo dos anos da sua existência”, bem como a consolidação da casa de estudantes, com o objetivo de poder vir a ter uma lotação para 60 alunos. “Por último, mas não menos importante”, prossegue António Coelho, é também intenção da direção fortificar e reestruturar a Pousada do Castelo de Alvito, unidade hoteleira que a Escola Profissional de Alvito explora desde 2016, “para que possa vir a ser, mantendo a qualidade do serviço que já a carateriza, um hotel de aplicação para os nossos alunos. Com este alinhamento faremos crescer a escola, a pousada, o concelho e, naturalmente, a região Alentejo”.

 Multimédia1Foto | António Coelho, Diretor da Escola Profissional de Alvito

 

"OS CLUBES E AS ASSOCIAÇÕES TÊM NOS MEIOS RURAIS UM PAPEL SOCIAL E CULTURAL DETERMINANTE"

O Clube de Natureza de Alvito, que cumpre este ano o seu 28.º aniversário, incide as suas várias atividades em várias vertentes, revela Gonçalo Pôla, presidente da entidade. No desporto, ao nível da competição, o clube apresenta a oferta de orientação de BTT e a disciplina de triatlo, sendo que a um nível mais recreativo e pedagógico estão contempladas as modalidades de ping-pong, badmington, escalada e pedestrianismo. Na área cultural e agroflorestal o clube engloba três grandes eixos: o festival Encontros de Alvito, iniciativa anual que surgiu, em 2021, “da necessidade de dinamizar, discutir e arquitetar um futuro positivo para o interior do País e que tem como intenção a partilha, a fruição de práticas ecológicas sustentáveis, a proteção de valores humanos e uma vida plena em comunidade, através do debate, da música, performance, dança e gastronomia”. O Parque dos Encontros, cujo objetivo “é o desenvolvimento de um espaço comunitário com diversas valências, a construir com toda a população de Alvito, envolvendo a comunidade escolar e sénior, tornando o parque num local de convergência de conhecimento e experimentação”. Na área do parque, com cerca de um hectare, existem hortas comunitárias, onde se trabalha a pedagogia agrícola junto das escolas, com um espaço para a comunidade poder usufruir e “aproximar-se do que é o cultivo sem químicos, da produção de alimentos de forma natural e da economia circular. Isto porque somos parceiros da Escola Profissional de Alvito e a nossa ideia é fazer o percurso do ‘prado ao prato’, ajudando os alunos da escola à plantação de bons alimentos, que depois serão confecionados por eles. O nosso sonho, com esta iniciativa é alimentar os nossos jovens e os nossos velhotes, nas cantinas e nos lares, com produtos super nutritivos, sem quaisquer químicos”, manifesta Gonçalo Pôla.

 

O terceiro projeto, que se iniciou na passada terça-feira, dia 31 de janeiro, denomina-se Encontros com a Terra e resulta de uma parceria que o Clube de Natureza de Alvito tem com o Plano Nacional das Artes. “É um projeto itinerante, que percorrerá 14 escolas, de norte a sul do País, Alvito incluído, promovendo o diálogo intercultural entre alunos e artistas, como Anastácia Carvalho, Da Soul, Cachupa Psicadélica, Acácia Maior, entre outros”. Nestes encontros, em que os artistas envolvidos representam cinco diferentes culturas africanas, pretende-se promover, junto da comunidade educativa, “o debate, abordando temas como arte, tradição, modernidade, liberdade e racismo, usando sempre um discurso para a paz”, sublinha o responsável.

 

Sobre a importância do trabalho desenvolvido pelo Clube de Natureza de Alvito, o seu presidente considera: “Em geral, as organizações sem fins lucrativos – os clubes, as associações – têm nos concelhos do interior, nestes meios rurais, um papel social e cultural determinante, pois é nestas entidades que a comunidade se revê, fazendo e vendo acontecer, sentindo-se parte de um todo. Esse sentimento de pertença a um sítio é fundamental para que haja a proteção dos valores que ligam os cidadãos, para que as sociedades cooperem e trabalhem num caminho de harmonia entre os cidadãos e entre estes e a natureza”. Desta forma, acentua Gonçalo Pôla, “os apoios governamentais, e outros, nunca são demais, porque estas entidades trabalham quotidianamente com as pessoas, olhos nos olhos, e são elas que fazem as aldeias, as vilas, as comunidades”.

 

No que diz respeito aos objetivos para este ano, o presidente pretende que o clube possa manter as modalidades desportivas que atualmente oferece, “chamando mais pessoas, para delas usufruir, e captar mais um ou dois técnicos, que ‘agarrem’ e levem estas atividades para a frente”. Que o festival Encontros de Alvito “cresça e se enraíze na comunidade”. Que o Parque dos Encontros “se reforce no compromisso da comunidade com as plantas e na relação com a Escola Profissional de Alvito”. Dinâmicas que Gonçalo Pôla deseja ver, até ao fim de 2023, fortalecidas, capazes também de chamar ao território “pessoas de fora, de aqui as fixar, para que possam usufruir desta terra espetacular que é Alvito”, conclui.

 

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Foto | Gonçalo Pôla, Presidente do Clube de Natureza de Alvito

 

A IMPORTÂNCIA DA SOCIEDADE FILARMÓNICA INSTRUÇÃO E RECREIO VILANOVENSE NO LABOR "AGREGADOR ENTRE AS VÁRIAS GERAÇÕES"

Ainda que a Sociedade Filarmónica Instrução e Recreio Vilanovense, fundada em 1925, com sede em Vila Nova da Baronia, tenha no seu nome o pressuposto da existência de uma banda musical, com trompetes, clarinetes, flautas e saxofones, a verdade é que, desde a década de 50 do século XX, a mesma já não existe. Um incêndio na sede, nessa altura, levou ao desabamento do primeiro andar do edifício e à destruição de todos os instrumentos e de todas as fardas dos músicos. Desde aí que a filarmónica nunca mais renasceu das cinzas, tendo, contudo, permanecido na denominação da sociedade.

 

Sociedade que desde 2004, ano da sua reabertura, após “um longo período de encerramento devido a obras”, oferece como ofertas recreativas e culturais, aos seus sócios e a toda a população que a procure, várias atividades. Desde logo, conta Francisco Lima, o seu presidente, o desfile de Carnaval, que ocorre em fevereiro, o “baile da pinha, com muita tradição”, em março, o encontro de “marchas populares, que tem marchantes dos cinco aos 80 anos”, em junho, a “grande noite de fados de São Martinho, que tem vindo sempre a crescer”, em novembro. Mas também, e ao longo do ano, os torneios de sueca, de bilhar, de matraquilhos, de dominó, de damas….

 

A sociedade explora ainda um bar, não só para os sócios, “como era antigamente, mas aberto ao público em geral, para compensar estar aberto”, e tem uma biblioteca, “que tem à disposição livros e jogos”, cuja frequência “não é, infelizmente, a mesma de há uns anos, pois as pessoas de mais idade, que aqui mais se entretêm, vão desaparecendo e os jovens não a procuram muito”.

 

A música também continua presente na instituição, não através da aprendizagem de instrumentos sinfónicos, mas sim do grupo juvenil de cante alentejano Os Rama Verde, fundado em 2014. Um coletivo que, para além dos seus ensaios e das suas atuações, procede a um trabalho semanal de divulgação e ensino do cante, junto dos alunos dos primeiros ciclos das escolas do concelho, iniciativa cujo sucesso permite pensar, aos responsáveis pela sociedade, na constituição de um novo grupo de cante, com cantadores entre os oito e os 12 anos.

 

A Sociedade Filarmónica Instrução e Recreio Vilanovense, através de um protocolo com a Câmara Municipal de Alvito, conta ainda com um centro de convívio para idosos, onde diariamente tem “a presença de cerca de 10 senhoras a costurar a roupa das marchas, do grupo coral, a fazer os talegos para a noite dos fados e outras atividades. Isto é muito importante, porque as senhoras convivem e sentem-se úteis por ajudar a comunidade, ensinando o seu trabalho a pessoas mais novas que por lá aparecerem, a provar os fatos, por exemplo”, conta Francisco Lima.

 

O presidente refere assim a importância da sociedade no labor “agregador entre as várias gerações e na dinamização da terra, através do convívio entre novos e velhos, para que as tradições e as memórias de tempos passados possam prevalecer”.

 

Com algum receio que o custo de vida que se verifica atualmente possa significar “alguma ausência nos eventos, porque as pessoas olham cada vez mais para a carteira (no bar já se vai notando uma menor frequência)”, Francisco Lima pretende que as iniciativas propostas para 2023 possam atrair mais jovens a nelas participar e que ainda este ano se consiga reativar a Academia de Música Clave D’Ouro, projeto de ensino de viola, piano e bateria, iniciado em 2004 e interrompido pelos constrangimentos inerentes à pandemia. “Estamos a trabalhar para que a academia recomece, pois era frequentada por muitos jovens, que traziam muito dinamismo e movimento à nossa sociedade. É assim que a queremos continuar a ver”.

 

Multimédia3Foto | Francisco Lima, Presidente da Sociedade Filarmónica Instrução e Recreio Vilanovense

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