Diário do Alentejo

“Garantir a Cultura” apoia onze projetos no Baixo Alentejo

06 de agosto 2022 - 09:15
Programa do Ministério da Cultura disponibiliza 235 mil euros para a região
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São 11 os beneficiários do distrito de Beja no programa “Garantir Cultura”. A iniciativa, do Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais do Ministério da Cultura, distribuiu mais de 21 milhões de euros por 1095 projetos de todo o País. 

 

Texto Aníbal Fernandes

 

Música, teatro, performance e dança. Os onze projetos do Baixo Alentejo que garantiram financiamento com verbas do programa “Garantir Cultura” abrangem estas quatro áreas e propõem-se desenvolver a sua arte naregião.

 

A lista dos beneficiários foi divulgada no final do mês de julho e abarca mais de um milhar de candidatos em todo o País. Na região do Alentejo são 58 os beneficiados com cerca de 1,2 milhões de euros, dos quais 235 225 serão para as propostas do distrito de Beja.

 

A Lendias d’Encantar propõe-se realizar dois ciclos de residências artísticas que serão apoiados com 39 500 euros. O grupo de teatro de Beja explica que “cada um dos ciclos contará com quatro pessoas, num total de 16 atores/atrizes por ciclo. Destes dois ciclos de residências irão nascer oito novas criações artísticas, com apresentações e circulação pelos concelhos que acolhem a iniciativa: Mértola, Cuba, Almodôvar e Alvito”.

 

O objetivo passa por potenciar a “participação do maior número de criadores possíveis e na promoção das condições de criação artística no território visado. Desta forma conseguiremos não só incentivar a criação artística por parte dos atores/atrizes que mais afetados têm sido pela pandemia, mas também permitir que tal aconteça num território tão carente de cultura como o Baixo Alentejo”, explica o grupo na apresentação do projeto.

 

Ainda na área teatral, a Baal17 aparece com o projeto “Cuida-te+”. A companhia sedeada em Serpa pretende juntar jovens de Norte a Sul do País “para discutir e aprofundar assuntos fundamentais como a sexualidade, a depressão ou a relação com o próprio corpo. #Desordem, #Obsessão, #Padrão, #Liberdade são as hashtags” que associaram a temáticas como, por exemplo, saúde mental, comportamentos aditivos e dependências, alimentação e atividades físicas e desporto e saúde sexual e reprodutiva.

 

Pretendem que estas problemáticas sejam colocadas e debatidas em cena onde cada um dos participantes é convidado a construir a ficção, desconstruindo a realidade. O apoio é de 23 375 euros.

 

Ainda na área do teatro, Gisela Cañamero apresentou o “Atlas das Insignificâncias”. “O trabalho pretende levar a cena o universo poético de Manoel de Barros, escritor de língua portuguesa quase desconhecido do grande público em Portugal”, explica na apresentação do projeto que vai receber cerca de sete mil euros.

 

Com 39 500 euros foi também beneficiada a Associação Terra Batida e o projeto “O Som das Emoções”. Esta proposta visa convidar “crianças e famílias a mergulhar no mundo das emoções e das sensações quotidianas e extraordinárias”. Através da fusão da expressão musical, teatral, corporal e plástica, a atividade desdobra-se em três vertentes, nomeadamente oficinas criativas, um espetáculo multidisciplinar e um objeto audiolivro.

 

A Companhia Alentejana de Dança Contemporânea (Cadac) com a proposta artística intitulada “Fugas” também vai receber um apoio do programa no valor de 34 450 euros. Os promotores explicam que a iniciativa artística apresentada “estava prevista para iniciar os ensaios em Março de 2020, uma vez que íamos aproveitar a vinda da coreógrafa Marianela Boán a Portugal”.

 

No entanto, a pandemia obrigou ao adiamento, mas a intenção de abordar as questões dos movimentos migratórios, a par dos impactos socioeconómicos que os mesmos exercem sobre as populações dos países de acolhimento, manteve-se. “Numa altura em que um vírus mortal nos empurra para um cada vez maior distanciamento físico, o Alentejo vê-se a braços com uma realidade que grita o inverso: milhares de migrantes, maioritariamente trabalhadores agrícolas, aglomeram-se em lugares cada vez mais pequenos, gerando sentimentos contraditórios entre os locais”, lê-se no texto de apresentação do projeto.

 

Estes pressupostos e “os afastamentos forçados e impostos, as aproximações forçadas ou impostas, a perda, o outro, são referências coreográficas para o espetáculo Fugas”, que contará com a coreógrafa cubana, Marianela Boan, responsável pela coreografia da primeira criação da Cadac, estreada em junho de 2019.

 

Jorge Benvinda e o grupo Virgem Suta apresentaram “Caminho das Canções” com a intenção de “promover a difusão cultural na região do Baixo Alentejo”. O projecto, apoiado com 20 mil euros, pretende juntar as cantigas mais consagradas do grupo ao património cultural desta região, através de “um roteiro que passa pelos 13 concelhos da região”. O grupo regravou algumas das suas canções num formato único e intimista.

 

“Considerando uma canção por concelho, este registo é complementado com vídeos que promovem a singularidade cultural e patrimonial da região”, estando já ser exibidos no Youtube, desde 1 de agosto.

 

Duas filarmónicas da região também viram aprovadas as suas candidaturas: a Sociedade Filarmónica União Mourense “Os Amarelos” e a Sociedade Musical de Instrução e Recreio Aljustrelense, respetivamente, com 23 120 euros e oito mil euros.

 

A primeira quer comemorar o centenário da instituição com um programa de quatro concertos, a realizar nas cidades de Beja, Évora, Lisboa e Moura; a segunda pretende apoio para participar no evento Música e Monumentos, promovido pela Confederação Musical Portuguesa.

 

Ainda na área da música Nuno Salvado apresentou o projeto “Lixo ou Luxo?” que foi apoiado com 9 740 euros. “Numa época de ameaça extrema do equilíbrio ecológico devido à ação humana e ao excesso de consumo de produtos descartáveis, vamos pegar nos objetos que sobram dos nossos dias e criar uma orquestra de luxo”, é este o propósito da iniciativa que vai “desde a conceção dos instrumentos à difusão da paisagem musical, pronta a enriquecer qualquer praça, escola ou instituição social perto de si”.

 

Sara Vaz Rodrigues vai receber 20 mil euros pela “Conferência Inevitável - On est ici, on est ici, pas partout!”. A autora explica que pretende “proceder a um exercício de ficção sobre educação, produção de conhecimento pela arte e o ócio como lugar da invenção, através da construção de um espetáculo/conferência em formato simultaneamente presencial e virtual”.

 

 

O CANTE CONVIDAFrancisco Capito Borges foi o único a ver aprovado um projeto na área do Cante, com 10 mil euros. “O projeto tem como finalidade a valorização da cultura e do património no concelho de Vidigueira, com a apresentação em formato digital de espetáculos com quatro grupos do concelho, na Ermida de S. Pedro, no Museu de Vidigueira, nas Ruínas Romanas de São Cucufate e no mercado municipal”.

 

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