Texto Ana Filipa Sousa de Sousa
A “dona do maior programa culinário que há memória no país” faleceu esta terça-feira aos 92 anos, após uma vida recheada de grandes sucessos e feitos.
Aclamada por muitos como a “diva da gastronomia portuguesa”, foi com 28 anos que Maria de Lourdes Modesto, natural de Beja, iniciou a sua carreira no mundo dos pequenos ecrãs, no programa “Culinária” da RTP1. A paixão pela cozinha, principalmente pelos sabores alentejanos, levou a que o formato fosse um sucesso e a jovem bejense uma “estrela da cozinha”.
O seu percurso na escrita veio com o pseudónimo de Francine Dupré, nas bocas do mundo como sendo uma francesa que se tornou um sucesso. Mais tarde, em 1982, já com 52 anos e com a sua própria rúbrica, publicou a “bíblia da gastronomia portuguesa”, o livro mais icónico do seu legado e com o maior número de vendas na área culinária. Com mais de 800 receitas, “com segredos guardados de geração em geração”, o “Cozinha Tradicional Portuguesa” tornou-se rapidamente uma obra obrigatória em qualquer casa do país, causando “longas filas” em frente da editora.
O seu êxito conduziu-a até às campanhas de publicidade da Vaqueiro, ao Projeto Sem Sal e a membro ativo do grupo de trabalho do Secretariado de Estado do Turismo para a promoção da cozinha portuguesa.Aos 74 anos foi condecorada Comendadora da Ordem de Mérito e ficou conhecida como “uma das cada vez mais raras guardiãs do fogo” e “uma das três grandes génios [portugueses] nascidas no século XX”.
Maria de Lourdes Modesto faleceu esta terça-feira, em Lisboa, aos 92 anos, após vários dias de internamento.