Diário do Alentejo

António Bota quer “resolver problemas e encontrar soluções”

19 de janeiro 2022 - 14:55

Casado e com dois filhos, o atual presidente da Cimbal nasceu em Almodôvar há 53 anos. É licenciado desde 2005 em Literatura Inglesa pela Universidade Estadual da Califórnia, nos Estado Unidos da América, instituição onde em 2008 completou o mestrado. Até ser eleito presidente da Câmara Municipal de Almodôvar, em 2013, trabalhou como técnico de informática e deu aulas no liceu de Faro, na Universidade do Algarve e na Califórnia. Já como autarca assumiu cargos na Associação Nacional de Municípios Portugueses, na Águas Públicas do Alentejo e no Conselho da Região da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, em representação do distrito de Beja. Agora chegou a hora de liderar a Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo.

 

Texto Aníbal Fernandes

 

Foi sem surpresa que António Bota foi eleito presidente da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (Cimbal) na sequência das eleições autárquicas deste ano. A correlação de forças no distrito de Beja entre o PS e o PCP manteve-se com apenas dois municípios a trocarem de cor – Barrancos para a CDU e Alvito para o PS – e, assim, os socialistas mantiveram nove câmaras contra apenas quatro dos comunistas.

 

Acresce que Jorge Rosa, ex-presidente da Cimbal, estava impedido de se recandidatar à Câmara Municipal de Mértola por limite de mandatos, a mesma razão pela qual o ex-presidente da Câmara Municipal de Aljustrel e atual presidente da Federação do Partido Socialista do Baixo Alentejo também não se apresentou ao escrutínio.

 

A juntar a este cenário, António Bota protagonizou a maior vitória do PS no Baixo Alentejo atingindo os 70 por cento, cifra que duplicou a votação de 2013 quando, pela primeira vez, conquistou o município de Almodôvar ao PSD.

 

Na primeira reunião da Cimbal após as eleições, no dia 25 de outubro, António Bota foi eleito presidente do Conselho Intermunicipal tendo como vice-presidentes Paulo Arsénio, de Beja e Rui Raposo, da Vidigueira.

 

Em declarações ao “Diário do Alentejo”, António Bota disse que encarou este “enorme desafio com a responsabilidade que o tamanho do distrito merece” e declarou-se “disponível para defender os interesses, não das quintas, mas de toda a região”.

 

Passados dois meses da tomada de posse o trabalho tem sido centrado na organização interna da estrutura da Cimbal, mas “tem-se chegado a consensos com facilidade”. Agora em 2022 é que começa o trabalho a sério, até porque “estamos à espera do Governo, seja ele qual for”, explica.

 

O atual presidente da Cimbal promete uma liderança “aberta, para todos os municípios, com uma procura constante de fundos comunitários” que possam contribuir para uma “interação e partilha dos projetos intermunicipais”. Para que isso aconteça é necessário “uma gestão eficiente” sempre com os olhos “nos fundos do 2030”, que considera “uma das últimas oportunidades” para se conseguirem as verbas para a modernização do território.

 

“Resolver problemas e encontrar soluções”. É este o lema de António Bota, que diz colocar “à frente de quaisquer interesses partidários os municípios e as pessoas”. Como prioridades, para o mandato que terminará em 2025, aparece desde logo os objetivos traçados a nível central e que apontam para a eficiência hídrica, o ciclo urbano da água, a eficiência energética e digital, a aprendizagem digital e as novas profissões.

 

Sabe-se que cada um dos municípios tem realidades diferentes e o desafio será encontrar o denominador comum nos projetos de investimento. É o caso, por exemplo, das acessibilidades rodoviárias e ferroviárias ou do aeroporto de Beja cujo “interesse é transversal a todo o distrito”. “A Cimbal deve estar à frente dos grandes projetos da região”, diz explicando que a promoção do transporte de carga e passageiros em Beja e a ligação da cidade a Faro “irá beneficiar toda a região”.

 

António Bota também quer a Cimbal a liderar a região naquilo que diz respeito à água e às mudanças climáticas. A reparação das “condutas de distribuição da água em baixa que estão muito envelhecidas” é outra das prioridades, juntamente com a conclusão da ligação do Alqueva à Rocha através do Roxo. Para isso garante que a Cimbal fará pressão junto do Governo para que as necessidades do Baixo Alentejo sejam colocadas na agenda política nacional.

 

Numa entrevista concedida ao “Diário do Alentejo”, o presidente da Câmara de Almodôvar, face às consequências das alterações climáticas, defendeu que se deve “preparar o território” para uma nova realidade, “pois não conseguiremos nem inverter as alterações nem terminar com os efeitos das mesmas. É um assunto que está a ser estudado, inclui preparação e limpeza de linhas de água, barreiras de proteção às intempéries, preparação de meios de socorro, com equipamento e formação para situações adversas e inesperadas, entre outras estratégias, tais como o aumento das reservas de água”.

 

Quanto à atração e fixação de população na região, o autarca responde com a palavra “emprego”. E explica a ideia: “O emprego traz condições de vida. Permite às famílias estabilizarem-se num local. Arrendar ou comprar casa. Colocar os filhos na escola. Consumir no local ou na região. Com o consumo vem mais comércio. Mais oportunidades. O problema é gerar esse emprego, especialmente numa região que está a mais de 100 quilómetros de um porto de embarque. A 200 quilómetros de um aeroporto internacional. Sem uma linha férrea em condições para transporte de mercadorias. Com a desvantagem de não ter uma estrada rápida e segura para ligação às metrópoles do país ou pontos de embarque e desembarque de matérias. Tudo isto faz com que os investidores não queiram investir na região. Porque lhes fica demasiado caro fazer chegar os produtos, transformar e escoar. Temos, portanto, que inverter esta situação”.

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