Diário do Alentejo

“Estamos a criar uma base de desenvolvimento"

08 de setembro 2021 - 17:15

O presidente da Federação do PS do Baixo Alentejo diz que a região é “um território em mudança” e que, apesar das “adversidades” e da falta de uma estratégia de “potencie” os investimentos públicos “como um todo ao serviço da região e do País”, está a “criar uma base de desenvolvimento importante para o futuro”. Para o próximo ciclo autárquico a prioridade dos socialistas está definida: combater o despovoamento.

 

Texto José Serrano e Luís Godinho

 

Que retrato, atual, faz do distrito de Beja?

A nossa região é um território em mudança, que está a criar uma base de desenvolvimento importante para o futuro. Convivemos ainda com várias adversidades que devem merecer preocupação e ação, nomeadamente no que respeita à baixa densidade populacional e à necessidade de promover a execução das acessibilidades principais e de uma mobilidade mais eficiente e, sobretudo, alavancar alguns projetos âncora que são determinantes para atrair pessoas e investimentos. Mas estamos a conseguir demonstrar a potencialidade económica da região, com dinâmica própria e níveis de exportação significativos em praticamente todos os domínios. Este é o resultado de investimentos públicos realizados e de investimentos privados que tiram proveito dessa realidade. É importante continuar a afirmar o Baixo Alentejo como uma região de futuro e não nos resignarmos perante as adversidades… há muito por fazer e é preciso estarmos mobilizados e conscientes desses desafios.

 

Como classifica, de forma global, a mudança operada no distrito de Beja, nos últimos quatro anos, consequente do exercício dos mandatos eleitorais autárquicos, iniciados em 2017?

A mudança política que reforçou o Partido Socialista como maioritário na região tem trazido benefícios evidentes aos territórios e às pessoas. A governação socialista tem uma marca de resultados em todos os domínios, desde o ambiente, ao desenvolvimento económico, das infraestruturas às áreas sociais e de saúde. Temos procurado responder à confiança dos eleitores em cada município e em cada freguesia com um trabalho constante e dedicado à causa pública e defender a causa pública é defender as pessoas. No PS não vivemos com a ilusão da perfeição, mas sim com o compromisso da realização.

 

Os dados preliminares do Censos 2021 revelam que o Alentejo é a região do País que regista o decréscimo de população mais expressivo (6,9 por cento), com a capital do Baixo Alentejo, Beja, a registar um decréscimo percentual semelhante. O que representam, politicamente, estes indicadores?

É uma situação bastante preocupante e que deve ser entendida como o desígnio principal das respostas políticas para o futuro. Não é novidade que a região perde população há décadas, o que agora importa fazer é preparar as respostas para inverter esta tendência, de uma vez por todas. Precisamos de pessoas, precisamos de investimento público que estimule mais investimento privado e necessitamos de dotar a região no seu todo com ofertas sociais, de educação e de saúde, que sirvam de atrativo. A resposta tem que ser integradora e abrangente, não bastam as soluções avulsas. E o repovoamento da região é o mais importante compromisso político do PS no Baixo Alentejo e em todas as suas candidaturas autárquicas.

 

Que medidas são necessárias tomar para inverter esse ciclo de despovoamento?

Como referi, necessitamos de uma resposta comum, integradora e abrangente. Para fixarmos e atrairmos pessoas precisamos de criar oferta de emprego, qualificado e sustentável, e de garantir que, em várias situações, os investimentos públicos estão direcionados para esta solução e não apenas para cumprir estatísticas e calendário eleitoral. É possível apostar nas novas tecnologias e a partir daí dinamizar a captação de novas comunidades jovens, num território diverso e de excelência. É possível apostar nas áreas da ciência e da investigação e atrair conhecimento. É possível colocar o aeroporto de Beja como o epicentro de uma estratégia de desenvolvimento que garanta diversidade de investimentos. Há muito para fazer é preciso e urgente começar a fazer!

 

Considera que as várias forças partidárias do distrito deveriam assumir, ainda que divergentes nas suas visões políticas, uma estratégia concertada, de valorização e desenvolvimento do território, ou encara esse entendimento inviável?

O PS tem essa cultura de compromisso e de partilha de estratégias. O facto de divergirmos em muitas coisas não quer dizer que não consigamos desenvolver uma estratégia comum para defender a região e as pessoas. Julgo que esse será o caminho e não será à falta de comparência do Partido Socialista que tal não se concretizará. Temos dado provas da nossa disponibilidade e empenho para construir soluções de desenvolvimento, que mais tarde são partilhadas e defendidas por outros partidos. Acredito que o poderemos fazer numa perspetiva de duas a três décadas de desenvolvimento... e todos ganharão com isso.

 

De que forma classifica a “preocupação” com que o poder central, através dos seus vários Governos, tem olhado para o distrito de Beja?

Se olharmos para trás percebemos que na nossa região não têm faltado investimentos públicos relevantes. Talvez dos mais relevantes no País. O que tem faltado é uma estratégia que potencie esses investimentos como um todo ao serviço da região e do País. Portanto, no que respeita à preocupação dos governos PS para com a região, isso tem sido uma constante indesmentível. Se me pergunta se é suficiente e se há ainda mais por fazer, concordo consigo e é essa a principal razão da nossa vontade em contribuir para se colmatarem as deficiências existentes. Temo-lo feito, em contra ciclo, com os governos do PS e com os governos da direita. Temos colocado sempre os interesses do Baixo Alentejo acima de quaisquer outros e temos obtido resultados positivos para a região e para os baixo-alentejanos e acreditamos que os compromissos que o governo tem assumido serão cumpridos.

 

Quais as principais questões que deverão ser alvo de atenção dos presidentes de câmara que serão eleitos, a 26 de setembro, em prol dos seus concelhos e do distrito de Beja?

Como falamos há pouco, o repovoamento deve ser o maior desígnio e para o trabalho das autarquias na construção de soluções é necessário e fundamental a aposta na construção de um parque habitacional em todo o território, que fixe pessoas e integre e acolha outros, de outras origens do País e ou do mundo.

 

O que considera ser, para o seu partido, um bom resultado eleitoral autárquico, no distrito de Beja?

O Partido Socialista é um partido de responsabilidades, que se candidata para vencer e vencendo servir as pessoas e as causas públicas. Não estipulamos objetivos eleitoralistas, somo um partido com candidaturas preparadas para vencer e para servir cada município e cada freguesia. E sentimos a obrigação da responsabilidade de quem governa e deve prestar contas de cabeça erguida e garantir uma relação de confiança com os cidadãos.

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