A Estroina é produzida a partir de maltes de cevada e trigo, lúpulo e levedura cervejeira, oriundos de diversos países com longas tradições cervejeiras, como a Alemanha, República Checa, Inglaterra e Estados Unidos. “Um dos nossos objetivos, agora adiado devido à pandemia, era a produção de edições especiais com a introdução de produtos regionais”, continua. Dos cinco estilos atualmente produzidos em Mértola, o mestre cervejeiro avança ao “DA” que são todos diferentes, destacando a ‘stout’, que define como “uma cerveja preta com bastante corpo e um aroma a café torrado e chocolate negro, ideal para desfrutar numa noite de inverno”. Já a conhecida ‘american pale ale’, apresenta-se bastante diferente: “leve e fresca, com um amargo inicial de boca e um aroma final muito frutado que remete para frutas tropicais, como a manga e o maracujá. Para saberem mais vão ter que provar [já tínhamos avisado!]”.
Quanto ao perfil de consumidor, a Estroina dirige-se tanto ao genuíno consumidor de cerveja artesanal, “que sabe o que procura e valoriza o produto de excelência”, como ao consumidor que ainda está a conhecer o produto artesanal e que escolhe por curiosidade.
Com o pico de vendas a registar-se entre março e outubro, período em que o consumo é alavancado pelas feiras e festivais, a expectativa de Nuno Rodrigues é “que as vendas diminuam, embora o período de maior consumo se mantenha. Antes da pandemia participávamos em eventos sempre que possível, maioritariamente a nível regional, embora podendo marcar, pontualmente, presença noutras outras zonas do país. Estivemos também em Espanha, num festival dedicado à cerveja artesanal… agora será difícil retomar”, acrescenta, garantindo que a empresa continuará igualmente a apostar numa presença no “canal horeca”, formado pelo conjunto dos hotéis, restaurantes e cafés, especialmente na região sul do país.
Com uma capacidade de produção de 24 mil litros anuais, 2020 trocou-lhes as voltas. “Saímos para o mercado no final de 2018. Depois, 2019 foi um ano de aprendizagem e posicionamento e em 2020 tudo apontava para ser um bom ano, mas… . De todos os canais onde estávamos presentes só nos restou o consumidor final. Apostámos mais no mundo digital, com a criação da loja ‘online’ e maior presença nas redes sociais. É difícil criar estratégias num mercado que ainda é novo para todos. Tivemos que nos reinventar e adaptar”.
SACARRABOS EM SINES
Perspicaz, inteligente e persistente são características habitualmente aplicadas ao sacarrabos, um pequeno mamífero que habita em território alentejano e que Carlos e Paula Schneider, um casal luso-brasileiro, quiseram homenagear, adotando-o como nome e logótipo da sua marca de cerveja artesanal. Paula está ligada à área do cinema e da produção de conteúdos, trabalhou canais como a Globo e o Wanner Channel, rumou a Portugal há seis anos, por motivos profissionais, e fixou-se na cidade de Sines. Foi aqui, num projeto de mudança de vida, que fundou com o marido a Sacarrabos Beer&Co.
Tudo começou num supermercado, e com o desejo por uma cerveja. “No Brasil a indústria da cerveja artesanal está muito mais desenvolvida, mas naquele supermercado a escolha era muito reduzida”, recorda Paula Schneider. Nasceu assim a ideia de Carlos tirar um curso de mestre cervejeiro, com a finalidade de produzir cerveja para consumo doméstico. “Acontece que a cerveja foi ficando boa, as pessoas e os bares foram-nos desafiando a vender. Éramos os únicos produtores na zona. Foi aí que me deu o clique, era uma verdadeira oportunidade de negócio”.
Cansada da rotina de vida e das viagens pelo mundo, Paula Schneider decidiu mudar de vida e arriscou na produção da cerveja artesanal, inicialmente em casa, onde nos conta que permaneceu até não ter mais espaço onde colocar barris. Mudaram-se para o Sines Tecnopolo, que visa dar “a poio à criação de novas gerações de empresas inovadoras e que ajuda à modernização e à inovação de empresas existentes, contribuindo para a melhoria do ambiente territorial onde operam”. Já com melhores condições e melhores equipamentos de produção, o casal abriu, em 2016, o seu primeiro bar, que serviu como teste: “Foi necessário ensinar o cliente a apreciar a cerveja artesanal, tudo é um processo de educação, mas deu certo e foi uma experiência muito interessante”.