Diário do Alentejo

Serpa: André Ventura recebido com protestos

10 de janeiro 2021 - 19:00

A única ação do primeiro dia oficial de campanha presidencial do líder do Chega, um comício em Serpa, foi marcada por insultos ao candidato e protestos veementes por parte de populares, a maioria de etnia cigana. O deputado único do recém-formado partido da extrema-direita parlamentar tem visado esta comunidade étnica várias vezes, chegando mesmo a sugerir um confinamento específico destes cidadãos portugueses durante a pandemia de covid-19.

 

À porta do cineteatro de Serpa, cerca de 50 pessoas empunharam cartazes, gritaram palavras de ordem e recorreram a buzinas para expressar o seu desacordo com as ideias defendidas por Ventura. “Alentejo, terra da Liberdade”, “Não queremos RSI (Rendimento Social de Inserção), mas trabalho”, “Facho!” ou “Zeca, obrigaram-me a vir para a rua” foram algumas das inscrições nas tarjas e cartazes improvisados.

 

Segundo a mandatária regional da candidatura de Ventura, houve ameaças através de redes sociais na véspera, além de a autarquia, dirigida pela CDU (PCP e “Os Verdes”), ter autorizado a pequena manifestação, que contava com uma aparelhagem sonora a transmitir canções de intervenção.

 

"Vão trabalhar, trabalhar!”, limitou-se a gritar André Ventura, em direção aos manifestantes, a maioria de etnia cigana e com cartazes antifascistas, ladeado por seguranças e com meia-hora de atraso face ao previsto. “Beja foi [o distrito] escolhido para ser o início da caminhada presidencial pela razão que temos insistido: há um país em que metade trabalha para outros não fazerem nada”, afirmou, lamentando “privilégios e regalias injustificados nos últimos 45 anos”.

 

O líder do partido da extrema-direita parlamentar classificou a sua corrida ao Palácio de Belém como “a maior ameaça" ao sistema. “Não são ‘Grândolas’ cantadas lá fora por subsidiodependentes que nos vão fazer parar esta marcha. Perderam os debates todos e agora querem ganhar na rua”, continuou, referindo-se ao espetro político da esquerda, citando “comunistas e socialistas”.

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