A reitora da Universidade de Évora (UÉ) lamentou a morte de Gonçalo Ribeiro Telles, fundador da licenciatura de Arquitetura Paisagista naquela instituição, recordando “um homem à frente do seu tempo”. Numa nota divulgada na página online, onde refere que “foi com profunda consternação que a UÉ recebeu a notícia da morte do arquiteto paisagista”, Ana Costa Freitas recorda Ribeiro Telles como alguém “a quem a UÉ e o país muito lhe deve pelos seus ensinamentos, coragem e determinação”.
“Há personalidades que conquistam um lugar na História, é com certeza o caso de Gonçalo Ribeiro Telles, reconhecido e premiado internacionalmente pelo seu trabalho, pelo pioneirismo e pela forma coerente que dedicou toda a sua vida”, frisou Ana Costa Freitas.
Gonçalo Ribeiro Telles era Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Évora, tendo recebido o doutoramento Honoris Causa em 01 de novembro de 1994, apadrinhado por Mário Soares.
A nota divulgada pela UÉ refere ainda a coincidência de se completarem hoje “precisamente 45 anos que abriu o bacharelato em Planeamento Biofísico e Paisagístico da UÉ por iniciativa do Arquiteto Ribeiro Telles”, formação que passaria a licenciatura “no ano de 1980”.
Na UÉ, Gonçalo Ribeiro Telles dirigiu o Departamento de Planeamento Biofísico e Paisagístico e orientou vários trabalhos para a obtenção dos graus de licenciatura, mestrado e doutoramento. “Um dos problemas mais graves do país é a destruição da paisagem. A paisagem do Homem não da máquina, não a dos valores plausíveis de compra e venda” referiu o arquiteto paisagista em 2006, na comemoração dos 40 Anos de Arquitetura Paisagista na Universidade de Évora, evento organizado pelo Núcleo de Alunos daquele curso da mesma Universidade.
O arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles, figura pioneira na arquitetura paisagista em Portugal, morreu hoje, em Lisboa, aos 98 anos, em casa, rodeado pela família. Nascido a 25 de maio de 1922, em Lisboa, Gonçalo Ribeiro Telles é autor de projetos relevantes em Lisboa, como os Corredores Verdes e os jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, obra que assinou em conjunto com António Viana Barreto, e que viria a ser distinguido com o Prémio Valmor, em 1975.
Ribeiro Telles licenciou-se em Engenharia Agrónoma e Arquitetura Paisagista, no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, e iniciou a vida profissional na Câmara Municipal de Lisboa, onde trabalhou com Francisco Caldeira Cabral, com quem viria a publicar "A Árvore em Portugal".
Figura tutelar da defesa da ecologia para fundamentar a intervenção na paisagem e no território, Gonçalo Ribeiro Telles foi o responsável pelo lançamento da política de ambiente em Portugal, cuja legislação incentivou quando passou por vários cargos públicos, nomeadamente como ministro de Estado e da Qualidade de Vida, entre 1981 e 1983. No plano político, participou nas campanhas eleitorais dos movimentos monárquicos populares e, antes do 25 de Abril, foi candidato nas listas da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD).