O que irá fazer de diferente em relação aos mandatos de Pedro do Carmo?
O Pedro do Carmo deixa um legado muito importante e valioso como presidente da federação e continuará o seu trabalho como deputado e como socialista, de certeza com a mesma vontade de servir. Somos duas pessoas muito distintas, na forma de estar, nas experiências, nas vivências e nas visões e pensamentos também. Por isso muita coisa será diferente, mas isso não quer dizer mais do que isso. Não é porque alguém faz melhor ou alguém faz pior, fazemos diferente, porque a diversidade é uma riqueza do PS, não se obriga ninguém a seguir dogmas, ninguém é telecomandado…
Quando serão conhecidos os candidatos do PS às próximas autárquicas?
Estatutariamente o PS dá grande liberdade às estruturas concelhia na escolha dos seus candidatos às eleições autárquicas. Este é um modelo com o qual concordo, pelo que intervirei nestes processos apenas na medida do estritamente necessário. Quanto a nomes, como se sabe, o processo eleitoral interno sofreu um atraso considerável nas federações e a nível nacional. A expectativa é que possamos ter candidatos anunciados no início de 2021.
Antes das autárquicas haverá a eleição do presidente da CCDR Alentejo, dentro de dois ou três meses, ainda que de forma indireta. Concorda com este modelo?
O que aqui difere é apenas o método de eleição para alguns cargos, o que traz maior responsabilidade local e regional e, espero, maior proximidade. Sinceramente desejo muito que seja apenas um processo de reorganização do Estado, com legitimidade e sentido democrático que deve ser enaltecido, mas que daqui não se pense construir uma solução passiva da regionalização e da região Alentejo. O Baixo Alentejo não o aceitará!
Em artigo de opinião no "DA", há duas semanas, Luís Pita Ameixa escreveu que Beja se encontra "em decesso" com o "pernicioso processo de macro regionalização em curso". Subscreve essa opinião?
Não concordo, respeito mas tenho uma visão diferente! Entendo exatamente o contrário: o Baixo Alentejo tem hoje a capacidade de dinamização da região sul, de entendimento e de projeção transfronteiriça, para criar a capitalidade de uma supra região europeia do sudoeste ibérico, nas próximas décadas. O Baixo Alentejo é sinónimo de progresso, de desenvolvimento económico e capacidade de exportação. Mesmo no contexto da região Alentejo existente, da Ccdra, o Baixo Alentejo está à frente, com enorme pujança. À nossa região falta uma liderança política para não nos ficarmos pelas estatísticas. E isso pode condicionar as opções do futuro, mesmo em termos de regionalização. O que nos tem faltado é afirmação, em vez de subjugação. Chegou a hora de dizer basta! O Baixo Alentejo vai ter aquilo que merece e vai ter que lutar por ter o seu espaço político e económico num contexto regional alargado. Tenho essa visão e tenho essa determinação. Não tenha dúvidas que assim vai ser! Mas nada se faz sozinho nem contra tudo e todos. Temos que acrescentar valor e credibilidade. E é importante que os outros atores políticos que tanto apregoam a defesa do nosso território se definam e lutem, como nós e connosco para afirmar o Baixo Alentejo. Esta não é a responsabilidade exclusiva do PS! Se tivermos que levar a região aos ombros assim o faremos, mas o correto é que quem fala também faça!
O PS/Beja irá apresentar algum candidato a presidente da Ccdra ou será um candidato comum a todas as estruturas distritais do PS?
A minha legitimidade como presidente da federação começará hoje, dia 17, mas não me escondo das questões e muito menos das causas que são fundamentais. Já tenho vindo a trabalhar, inclusive com o atual presidente da federação, numa solução nova que implica um candidato a apresentar pelo PS do Baixo Alentejo à Ccdra. Não pode ser doutra forma. Mas que hipocrisia seria a minha se na pergunta anterior lhe respondo que nos falta liderança e afirmação e depois deixamos cair a oportunidade e o momento de afirmar a nossa região no sítio das decisões. É evidente que vamos ter um candidato e espero que possa ser vencedor e desenvolver um trabalho sério e agregador, com uma nova visão do território, com novos atores e maior participação de todos.
Continua a considerar possível a regionalização, pelo menos no médio prazo? Com a região do Baixo Alentejo?
Julgo que no espaço de uma década essa questão estará resolvida, com naturalidade. E o Baixo Alentejo será região própria, por mérito e para benefício também do País. O Baixo Alentejo tem uma força incrível, tem alma e futuro!
Subscreve a opinião, muitas vezes repetida, que o Baixo Alentejo fica sempre esquecido, ou pelo menos, na segunda linha de prioridades do investimento público?
Isso não corresponde à verdade. O Baixo Alentejo tem tido enormes investimentos e oportunidades. O que não quer dizer que todas se concretizem com a agilidade e prioridade que desejamos. Hoje o nosso maior défice de investimento público é a concretização dos projetos em curso, a dinamização do aeroporto, eletrificação da linha ferroviária, é, como já disse repetidas vezes, a construção, a breve prazo, do troço da A26 até Beja e a calendarização do troço até Espanha. Estes investimentos são essenciais para trazer mais investimentos. Mas temos crescido muito e tenho esperança de podermos vir a ter uma região de referência na Europa.
“PCP DEVE ASSUMIR O QUE QUER”
A AMAlentejo apresentou uma proposta para a criação da Comunidade Regional do Alentejo. Qual a sua opinião sobre a iniciativa?
É uma consequência da estratégia de defesa de uma região única do Alentejo. Obviamente não me revejo, nem merece o nosso apoio em nenhuma circunstância. Esse é o espaço e o projeto do PCP, o nosso é o Baixo Alentejo. Lutamos pelo Baixo Alentejo, nas palavras e nos atos! O PCP é que deve assumir o que quer e o que defende sem subterfúgios de movimentos.