Diário do Alentejo

Ourique: Em Ourique batalha-se pela continuidade ou pela mudança

08 de outubro 2025 - 08:00
PS, AD (PSD/CDS), Chega e CDU são as forças políticas na corrida autárquica
Foto | Ricardo ZambujoFoto | Ricardo Zambujo

À frente da Câmara Municipal de Ourique desde 2015, Marcelo Guerreiro (PS) parte na corrida com o intuito de cumprir o seu último mandato. Já Gonçalo Valente (AD), atual deputado à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Beja, é novamente a aposta para reconquistar a autarquia. Idalete Brito (Chega) e Manuel Almeida (CDU) são também candidatos.

 

O concelho de Ourique terminou 2024 com 4785 residentes, o que representa uma diminuição de 0,8 por cento em relação a 2021, contrastando com a tendência nacional, que registou um aumento de 3,2%. A densidade populacional é de apenas 7,2 habitantes por quilómetro quadrado, o que coloca Ourique como o sexto município menos denso do País. Nos cadernos eleitorais estão recenseados 4181 eleitores, divididos entre 4093 cidadãos nacionais, 31 cidadãos da União Europeia não nacionais e 57 outros cidadãos estrangeiros. A análise da estrutura etária revela um retrato peculiar: há mais jovens e mais população em idade ativa, mas menos idosos. O concelho contava, no final de 2024, com 505 crianças e jovens até aos 14 anos (mais 15 do que em 2021), 2726 pessoas entre os 15 e os 64 anos (mais 33) e 1554 idosos com 65 ou mais anos (menos 86 face a 2021).

Também na Educação se verificaram sinais de crescimento. No ano letivo 2023/24 estavam matriculados 564 alunos, dos quais 113 na educação pré-escolar, 357 no ensino básico e 94 no secundário. Em comparação com 2021, são mais 37 estudantes, resultado de um aumento expressivo no pré-escolar (+25) e no básico (+14), ainda que o secundário tenha registado uma ligeira descida, com menos dois alunos.

No que respeita à Habitação, os Censos de 2021 contabilizavam 2171 alojamentos de residência habitual, a que se juntavam 1707 de uso secundário, 374 vagos para arrendamento e 36 vagos por outros motivos. Entre 2022 e 2024 foram construídos 10 novos fogos para habitação familiar, menos dois do que no triénio anterior, 2018-2020.

Do ponto de vista económico, os dados são menos animadores. Em 2023, o ganho médio mensal em Ourique foi de 1117,80 euros, significativamente abaixo da média nacional (1460,80€) e o terceiro mais baixo entre os municípios vizinhos: Almodôvar (1117,80€), Castro Verde (2479,10€), Aljustrel (1473,40€), Odemira (1077,70€) e Silves (1215,80€).

Com 663,3 quilómetros quadrados de área, utilizada entre 25 e 75 por cento para atividade agrícola, encontra-se entre os 50 maiores municípios.

4181 eleitores recenseados nos cadernos eleitorais para as Autárquicas de dia 12 no concelho de Ourique, respeitantes às freguesias de Ourique, Santana da Serra, Panoias e Conceição, Garvão e Santa Luzia.

 

23,70 foi a taxa de abstenção no concelho, nas últimas eleições autárquicas, em 2021, em que num universo de 4295 inscritos houve 3277 votantes.

Candidatos e propostas

 

O programa do PS, sob o lema “A 100% com Ourique” e com a recandidatura de Marcelo Guerreiro, estabelece como prioridades a Habitação, o Desenvolvimento Económico e a Educação. No plano económico, destaca-se a conclusão do Centro Empresarial de Ourique e a criação de um centro de apoio ao desenvolvimento e empreendedorismo. Propõe-se também a implementação de benefícios fiscais para empresas que contratem jovens residentes e o alargamento do programa “Ourique Empreende”. Na Educação, o PS compromete-se com a requalificação de escolas, o reforço das bolsas de estudo do ensino universitário e a criação do programa “Ourique sem Fronteiras”, para garantir uma experiência internacional a todos os jovens até ao 12.º ano. No que toca à Habitação, as medidas centrais são a conclusão da reabilitação do bairro do Rosal, a adaptação de edifícios antigos para habitação e a criação de novos loteamentos. Propõe-se ainda a construção de uma zona de lazer com piscina descoberta (Laguna) e a requalificação de infraestruturas como a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Garvão e diversas vias urbanas.

O Chega, com Idalete Brito na corrida eleitoral, apresenta um conjunto de medidas focadas em áreas como a Saúde, os apoios sociais e o desenvolvimento estratégico. Na Saúde, a principal promessa é a contratação de médicos para que todos os ouriquenses tenham médico de família, além de garantir o funcionamento do serviço de atendimento permanente (SAP) do novo centro de saúde durante 24 horas por dia. No âmbito dos apoios sociais, a medida de maior destaque é a atribuição de um subsídio de 5000 euros por cada criança que nasça no concelho, cujos pais sejam residentes há mais de cinco anos. O partido propõe também a aquisição de terrenos para lotes de habitação a preços acessíveis, com isenção de taxas e licenças. Para o Desenvolvimento Económico, o Chega defende a construção de um parque industrial, a reposição dos transportes públicos e a eliminação das taxas na fatura da água. No campo do Desporto e Lazer, o programa inclui a construção de uma piscina municipal em modelo de praia fluvial, um parque de campismo e caravanismo e vários campos desportivos, como padel e ténis.

Já Gonçalo Valente, da AD (PSD/CDS), estrutura o seu programa em eixos estratégicos, com forte ênfase na Habitação, Economia e Ação Social. Para a Habitação, propõe a criação de um “Loteamento municipal jovem” com lotes a preços controlados e o programa “Casa na minha terra” para reabilitar casas devolutas com apoios municipais. A AD pretende ainda isentar de taxas municipais os jovens que comprem ou construam a primeira casa no concelho. Na Economia, a aposta passa pela criação de uma marca “Ourique” para produtos locais, como o porco alentejano e o mel, e pela concessão de incentivos fiscais para novos negócios. No domínio Social, destaca-se a criação do “Cartão do idoso”, com descontos em saúde e transportes, e o reforço do transporte gratuito para idosos em parceria com táxis e bombeiros. A AD promete também a construção de piscinas municipais descobertas e a requalificação de várias infraestruturas, incluindo a modernização do Parque do Trabalhador.

A CDU, candidatando Manuel Almeida, baseia o seu compromisso eleitoral num projeto de gestão participada e democrática, com o objetivo de colocar a câmara municipal ao serviço da população. As suas orientações centrais incluem a valorização dos trabalhadores da autarquia, a preservação e o reforço do serviço público em áreas como a água e os resíduos, combatendo soluções de privatização. A CDU defende uma política social baseada na equidade, que promova uma vida ativa para a população idosa. Entre as ações concretas propostas, contam-se a salvaguarda do património, com a criação de um museu local e a valorização do Castro da Cola, e o apoio à criação de condições para atrair investimento, nomeadamente, através do alargamento da zona de atividades económicas. O programa prevê ainda a melhoria das condições de habitação, a conclusão das eletrificações rurais, a melhoria das redes de água e saneamento e a construção de uma piscina municipal descoberta na sede do concelho.

 

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