Texto | Manuel Baiôa
Nesta sexta-feira, dia 18, é inaugurada a exposição “Spinoza regressa à Vidigueira” no Centro de Arte Quetzal, em Vidigueira, que estará patente ao público até ao dia 30 de março do próximo ano, com a curadoria de Aveline de Bruin.
Esta exposição está centrada no pensamento do filósofo Bento de Spinoza, que nasceu, em 1632, em Amesterdão (Países Baixos). O seu pai, Miguel d’Espinoza, era natural de Vidigueira, onde a sua família judaica vivia há várias gerações. Após a expulsão dos judeus, os Spinozas encontraram refúgio em Amesterdão, no final do século XVI.
Segundo Espinoza, a apreensão da realidade está intrinsecamente condicionada pelo ponto de vista do sujeito e pelos instrumentos cognitivos de que este dispõe. Quando a nossa perspetiva é limitada, ou até mesmo dogmática, apenas apreendemos uma parte restrita da realidade. O verdadeiro conhecimento do mundo advém da troca ativa e contínua de pensamento livre.
A arte também desafia a nossa perspetiva sobre o mundo. E não é por acaso que muitos artistas se inspiraram em Espinoza, cujos textos podem ser interpretados como uma reflexão sobre racionalismo ou metafísica, ateísmo ou panteísmo, democracia ou totalitarismo.
Nesta exposição estão patentes obras de Job Koelewijn, Cristina Lucas, Fernando Sanchez Castillo, Anri Sala, Roni Horn, Keith Edmir, Olafur Eliasson, Thomas Hirschhorn, Simon Fujiwara, Robert Longo, Navid Nuur, Tetsumi Kudo, Müge Yilmaz, Thiery de Cordier, Kinke Kooi, Falke Pisano, Eylem Aladogan, e Emma Talbot, que exploram diversas reflexões de Espinoza.
Num momento de radicalização política e cultural, a filosofia de Espinoza – uma filosofia do pensamento livre, da ética e da interconexão – revela-se mais pertinente do que nunca. Enquanto judeus portugueses, a própria família de Espinoza foi perseguida por motivos religiosos e teve de fugir para os Países Baixos. Exibir estas obras no Centro de Arte Quetzal, na terra natal do pai de Espinoza – torna esta exposição ainda mais enriquecedora.