Diário do Alentejo

Rede de Arquivos: D. Leonor, a rainha e grande mulher nascida em Beja

03 de fevereiro 2025 - 08:00

Detentor de um riquíssimo espólio, o Arquivo Municipal de Beja integra um conjunto de fundos documentais, de diferente índole, e nos mais variados suportes, documentos escritos, fotografias, estampas, desenhos, que resgatam a memória de registos de factos ou curiosidades da história da cidade de Beja.

Em destaque, um desenho da estátua da rainha D. Leonor, de autoria de um dos maiores escultores portugueses, enquadrado na segunda geração de artistas modernistas, Alvaro Brée.

A estátua representa a figura da rainha, de tamanho natural e de porte majestoso, lavrada em bronze vazado, tendo sido originalmente colocada diante do museu, ocupando no ano de 1961 o local onde hoje se encontra, ladeando a entrada do museu.

A inauguração realizou-se a 8 de dezembro de 1958, por ocasião da comemoração do quinto centenário do nascimento da rainha D. Leonor. A então recém-criada Fundação Calouste Gulbenkian foi a precursora desta efeméride, promovida por uma comissão nacional, da qual fez parte o presidente da Câmara Municipal de Beja, à data, José António Silva.

Mas quem foi a rainha D. Leonor e o que representa para a cidade de Beja?

Esta rainha nasceu em Beja em 1458, é filha de D. Fernando e D. Brites, primeiros duques de Beja, infantes de Portugal, que na segunda metade do século XV fundaram um dos mais ricos conventos do Sul do País, o Real Mosteiro da Nossa Senhora da Conceição, onde se encontra instalado o museu com o seu nome.

Esposa do rei D. João II, e rainha consorte de Portugal de 1481 até 1495, destacou-se de forma indelével na área da cultura e da beneficência. Na cultura, é conhecida a proteção concedida a Gil Vicente e a Damião de Gois, do apoio às artes e imprensa, tendo também sido a responsável pela versão impressa e traduzida da obra O Espelho de Cristina, considerada por alguns autores contemporâneos como o início do movimento feminista, de Christine de Pisan.

Na área da beneficência, fundou a instituição-mãe das misericórdias, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, entidade replicada em todo o reino.

Em 2025, passados 500 anos da sua morte (1525), o seu legado continua bem vivo, as misericórdias continuam a existir e a ter um papel preponderante na vida social do País. Este documento do arquivo municipal evoca a memória da rainha da cidade de Beja, a rainha D. Leonor.

Os arquivos são testemunhos por excelência da história, são património único, que temos a incumbência de preservar.

 

“Um povo sem o conhecimento da sua história, origem e cultura é uma árvore sem raízes”.

(Marcos Garvey)

 

Arquivo Municipal de Beja

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