Diário do Alentejo

Rede de Bibliotecas: José Correia da Serra: um iluminista alentejano nascido em Serpa

18 de outubro 2024 - 08:00

José Francisco Correia da Serra, nascido em Serpa a 5 de junho de 1751, é uma figura central do Iluminismo. A sua trajetória, marcada pela paixão pela ciência e pela diplomacia, projetou-o para os principais centros intelectuais da Europa e do mundo.

Possivelmente por motivos de perseguição e intolerância religiosa contra os judeus convertidos foge de Serpa muito cedo com a família para Itália. Em Nápoles foi aluno de António Genovesi, figura proeminente do Iluminismo italiano. Posteriormente, em Roma, teve contato com Luís António Verney, que o introduziu nas ciências naturais. Desde jovem demonstrou um profundo interesse pelas ciências e pela filosofia. Estudou teologia, filosofia e ciências naturais, agricultura e botânica. Aos vinte anos já se correspondia com Carl von Linné (Lineu). A sua sólida formação permitiu-lhe integrar os círculos intelectuais mais importantes da época, adotando os ideais iluministas que valorizavam a razão e o progresso científico.

De volta a Portugal foi um dos fundadores da Academia das Ciências de Lisboa, em 1779, uma instituição fundamental para a promoção do conhecimento científico no nosso país.

Para além da ciência, Correia da Serra desempenhou um papel político e diplomático de destaque. Como ministro plenipotenciário de Portugal nos Estados Unidos, entre 1816 e 1820, estabeleceu uma relação estreita com Thomas Jefferson e foi membro ativo da American Philosophical Society. A sua participação nesta instituição reforçou a sua reputação internacional e contribuiu para o fortalecimento das relações entre Portugal e os Estados Unidos.

A sua visão da ciência levou-o a defender o papel central da investigação científica no desenvolvimento das sociedades. O legado de Correia da Serra transcende as suas contribuições científicas e diplomáticas. Ele representa um ideal iluminista comprometido com o progresso da humanidade, cuja vida foi dedicada à busca pelo conhecimento e pela verdade.

Na botânica destacou-se pela colaboração no desenvolvimento de um sistema inovador de classificação de plantas, intitulado philosophia botanica. A sua obra não só contribuiu para o avanço da botânica em Portugal, como o colocou em contacto com as mais brilhantes mentes da ciência europeia.

Em 1904, em sua homenagem, foi criada a Biblioteca Pública Correia da Serra, hoje Biblioteca Municipal Abade Correia da Serra, instituição que prolonga a valorização do conhecimento e do carinho dos serpenses por uma das figuras mais notáveis do “século das luzes”.

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